O gás biometano é um derivado do biogás, produzido a partir da reciclagem de resíduos orgânicos. O Brasil é um dos países que tem mais lixões, resíduos orgânicos (de origem da produção agrícola e de proteína animal) e esgotos do mundo, ou um dos maiores, na pior das hipóteses, pois temos a China e a Índia com potenciais maiores. No entanto, como consequência da crise de energia atual, a Comissão Europeia anunciou um plano revolucionário para o biometano: REPowerEU para reduzir a dependência de gás russo’. O Brasil deveria fazer o mesmo para reduzir a dependência dos derivados de petróleo.
A meta da Comissão Europeia é a produção de 35 bilhões de metros cúbicos (bcm) de biometano até 2030 como parte do plano REPowerEU. No Brasil, os dados ainda são incompletos, mas há consenso sobre o potencial. Dados da Abiogás (Associação Brasileira do Biogás) mostram que o nosso País tem potencial para produzir 80,4 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano, sendo que parte pode ser utilizada para geração de energia elétrica e parte para o biometano substituir 40,8 bilhões de litros de diesel. A produção atual é de cerca de 1,8 bilhão de metros cúbicos.
Alternativa sustentável para energia e fertilizantes
Graças ao presidente da Rússia, a Europa, que já liderava a substituição dos caminhões a diesel por caminhões a gás biometano e elétrico, agora, vê o valor do biometano como um avanço histórico e mostra a liderança da União Europeia. A meta será substituir 20% das importações de gás natural da Rússia com uma alternativa sustentável, mais barata e produzida localmente. O biometano também ajuda a reduzir a exposição à volatilidade dos preços dos alimentos porque o fertilizante proveniente é um coproduto da produção de biometano e atualmente substitui fertilizantes caros químicos.
Portanto, o caminho para produção de gás biometano por meio da reciclagem de resíduos orgânicos está desenhado e é conhecido. O que falta é vontade política, investimentos e formação técnica de jovens para trabalhar em uma nova grande indústria que poderá nascer, se quiserem.
No entanto, no Brasil temos a Raízen, empresa que mais investe em bioenergia. Em 2020, a empresa (joint venture entre Cosan e Shell), inaugurou a unidade em Guariba (SP) a partir da joint venture entre a Raízen e a Geo Energética, nascendo a Raízen Geo Biogás S.A., com foco na produção de biogás a partir de resíduos agrícolas. Construída junto à usina Bonfim, unidade da Raízen com uma moagem de mais de 5 milhões de toneladas de cana por ano, que gera elevado volume de vinhaça e torta de filtro e atende às necessidades de um projeto de biogás em escala comercial. A vinhaça será operada na safra e a torta, ao longo do ano inteiro. A expectativa é que essa combinação chegará em uma produção na ordem de 138 mil MWh. A planta de 363.000 m² (36,3 hectares) e 153.1000 m² de área construída, contou com investimento de R$ 153 milhões.
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