Constellation 17.280

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Opções de entre-eixos, de transmissão e de motorização, por exemplo, parecem ser suficientes para que o transportador encontre o veículo mais ajustado ao seu negócio. Faz sentido. No entanto, há situações em que as fabricantes vão muito além disso e desenvolvem soluções mais adaptadas à operação do cliente. Razão pela qual cresce o mercado de caminhões vocacionais no Brasil. Em 2013, por exemplo, marcas tradicionais apresentaram pelo menos uma solução nesse sentido ou personalizaram um produto de linha ou já vocacionado especificamente para uma operação. 

Prova disso é a relação da MAN Latin America com a Solví – holding controladora de empresas de resíduos, saneamento e valorização energética e engenharia, com operações em mais de 171 cidades do país. Para o negócio de coleta e compactação de resíduos, praticamente, 100% da frota da empresa é formada pelo modelo VW Constellation 17.280 Compactador Advantech. 

Transporte Mundial acompanhou a operação de limpeza urbana que a Solví realiza diariamente em São Bernardo do Campo, região metropolitana da capital paulista.
Nessa filial a frota é composta por 149 caminhões Constellation 17.280, dos quais 30 são automáticos. E é aí que entra a personalização.

Esse caminhão foi desenvolvido com chassi reforçado, suspensão recalibrada, altura diferenciada, protetor de radiador, escape vertical, banco para três passageiros, espelhos retrovisores com duplo foco e auxiliar de manobra e 3º eixo instalado na frente do eixo de tração (para não perder a tração em vias de difícil acesso e de muitos aclives). Todo esse conjunto de soluções mais a caixa automática incentivaram a Solví trocar toda a frota do grupo pelo modelo, totalizando 900 caminhões, sendo 150 deles automáticos – estes dedicados às atividades de extrema severidade. 

Trata-se de uma 6 velocidades que é combinada ao motor MAN D08 36 280, de 6 cilindros, de 275 cv a 2 300 rpm de potência e 107 mkgf de 1 100 a 1 750 rpm que, para atender à norma de redução e emissão P7, usa a tecnologia EGR (de recirculação dos gases de escape), que dispensa o uso do Arla 32.

Os caminhões com as transmissões inteligentes operam há oito meses nas rotas mais complexas da coleta de resíduos da cidade do ABC paulista, e o resultado foi a redução nos custos operacionais da empresa, a começar pela diminuição do tempo de trabalho, que passou para 1h em determinadas rotas que antes, com os caminhões com caixas manuais, levava de 2h30 a 3h. Os caminhões também ficam mais tempo disponíveis. As horas extras da equipe de manutenção reduziram em 70%.

“Devido à severidade da operação, de dois a três caminhões com caixas manuais paravam para manutenção diariamente”, explica Everton Pereira, chefe de operação da Solví São Bernardo. 

Ele explica que é comum quebrar ponta de eixo e estourar o diferencial nas situações extremas, por isso esses caminhões manuais deram lugar aos automáticos. 

Os 30 modelos VW Constellation 17.280 Compactador Advantech com câmbio automático trabalham 12 horas por dia e rodam em média 160 km de vias cada.

Numa dessas operações em 60% das situações o trucado trafegou por vias de muitos aclives. Além disso, o anda e para é uma constante, além das manobras. Para se ter uma ideia, na maior parte do tempo a velocidade máxima percorrida são 20 km/h. Imagine tudo isso com o motorista trocando marchas constantemente?

Não é mais o caso de Gilson Fattore, motorista há 25 anos da Solví e testemunha da evolução da frota na empresa.
“Depois que eu comecei a operar esse veículo automático, minhas dores lombares sumiram, e elas eram causadas do lado direito do corpo devido a quantidade de trocas de marcha que eu tinha de realizar. Eu sentia também muitas dores na perna esquerda por ter de ficar pisando na embreagem quase que constantemente. Hoje tenho mais prazer em trabalhar porque não me canso e fico mais seguro com relação a esse caminhão, é muito mais robusto,nunca para e até está mais econômico.” O veículo consome em média meio tanque de combustível de 275 litros numa operação de quase 200 km.   

No currículo

A MAN Latin America possui caminhão vocacional para a coleta e compactação de lixo desde 1995, com a introdução do caminhão 16.170. A partir daí a fabricante dava início às negociações do produto para esse mercado e, em especial, com a Solví. Ele tinha como diferenciais a tomada de força. Em 1998 a empresa introduziu o turbo no motor do modelo que passou a se chamar 16.200.

Em 2001 foi lançado o 17.210 Série 2000, com opções de motores MWM e Cummins e tomada de força Eaton. Em 2002 a marca aumentou a potência e expandiu a família, e era a vez do 17.220 e do 17. 180. A introdução da caixa automática Allison aconteceu em 2009, justamente para atender às necessidades da Solví e com a chegada do  17.250 e dos diferenciais, como suspensão recalibrada, protetor de radiador, entre outros, em 2011, o modelo ganhou o sobrenome Compactor.

Em 2012, com a P7, ele ganhou 30 cv a mais e nova motorização, menos poluente, passando a ser denominado 17.280 Compactor Advantech.

Não por acaso, a MAN tem 47% do mercado de coleta e compactação de lixo. Até setembro de 2013 haviam sido comercializados 1 615 unidades de veículos direcionados a esse segmento, contabilizando todas as marcas que fabricam modelos semipesados.