A Caravana Siga Bem 2014 chegou ao fim. Neste ano, 17 mil motoristas competiram entre si para conquistar uma das 24 vagas entre os finalistas. Após sete etapas, 24 estados e 95 municípios, a caravana percorreu 30 mil quilômetros em dois eixos, norte e sul. A competição consagrou o catarinense Fábio Luís como campeão. Ao longo de dez anos, a caravana tem se mostrado mais do que uma competição. Uma importante ferramenta socioeducativa. Conscientizar o caminhoneiro é a chave da questão, e, o principal objetivo do projeto. Talvez também seja esse o grande legado dos participantes.
Dentre os participantes, várias histórias de superação, medo e ousadia nas estradas. Dos 24 finalistas, uma única mulher. Eliane Zanolla, 48, e 22 anos de profissão. A competidora, de Balneário de Camboriú, SC, participou pela primeira vez da competição e vê nela uma ferramenta importante, tanto na questão educativa, como de treinamento e auxílio. Eliane frisa que esse tipo de evento é uma mostra do que o estado, por meio dos órgãos públicos, poderia e deveria fazer para ampliar o bem estar dos motoristas, no dia a dia pelas estradas do país.
“A capacitação do profissional nessa área é de extrema importância. Eles deveriam saber todo o tipo de informação possível, as leis, bem como seus direitos e deveres. O aprendizado que nós recebemos aqui é o legado que eu levo para casa” afirma Eliane.
Um veterano da competição também estava presente. Rogério Sato, 53, 37 anos de profissão. Rogério foi o primeiro campeão da edição realizada em 2004, que também tinha como parceira a Volvo. Para Rogério, a competição ajuda a desenvolver a cidadania dos motoristas, além disso, o conhecimento adquirido sobre legislação, meio ambiente e segurança no trânsito.
“O projeto me deixou muito otimista, a profissionalização do condutor é muito importante. A profissão exige do motorista, por isso ele deve estar preparado”, afirma Rogério.
Em entrevista para a TRANSPORTE MUNDIAL, Alexandre Alberto Corte, diretor-geral da Cobram, empresa que desenvolveu o projeto da caravana, conta que o projeto nasceu com o objetivo claro de se aproximar e criar um elo com os motoristas, fazer um corpo a corpo. Em 2003, nós pensávamos em como desenvolver algum projeto que construísse um modelo de operação, que trabalhasse o conceito, e, principalmente, levasse entretenimento, capacitação e informação aos caminhoneiros.
“Regularmente nós fazemos campanhas sobre o universo dos caminhoneiros, levantando bandeiras como a prevenção das DSTs, a violência sexual contra crianças e adolescentes, e fundamentalmente, a segurança no trânsito. Então, a ideia foi exatamente unir esse conteúdos em um mesmo contexto e trazer alívio à vida do caminhoneiro”, completa Alexandre.
Para envolver a sociedade em uma grande corrente positiva, outras ações são desencadeadas ao longo do projeto, como atendimentos nas áreas de saúde, entretenimento para a população local, que também são amparadas pelos projetos Siga Bem Mulher, contra a violência doméstica e Siga Bem Criança, contra a exploração infantil.
Provas teóricas e práticas ao longo da competição definiram os 24 finalistas. Os dez primeiros colocados receberam prêmios. Sendo do quarto ao décimo, prêmios em dinheiro. O terceiro colocado recebeu uma moto, o segundo colocado um carro e Fábio Luís, vencedor de 2014, recebeu um Volvo FH 540 zero km.
O estado precisa olhar para a categoria e saber que ela necessita de auxílio, mesmo que básico, para desempenhar satisfatoriamente a sua função. Melhorar as estradas, ampliar os benefícios e criar leis para melhor apoiá-los é apenas o início de uma série de discussões que deveriam estar na pauta das autoridades.