A eletrificação de veículos trouxe novos desafios para os fabricantes de autopeças. O motivo são os diferentes quesitos técnicos dos projetos de caminhões e ônibus, entre eles a distribuição de peso. Trata-se, portanto, de pontos que exigem o desenvolvimento de componentes diferentes daqueles produzidos para atender modelos com motor a combustão.
A observação é de Narciso Ishano, gerente de engenharia da DRiV Tenneco do Brasil (fornecedora de de peças multilinhas e multimarcas). “No caso específico dos amortecedores para caminhões e ônibus elétricos, o desenvolvimento leva em conta que o maior peso está nas baterias, posicionadas no meio ou na parte traseira do veículo”, disse.
Amortecedor eletrônico
De acordo com Ishano, amortecedor é desenvolvido seguindo essas características. Ele acrescenta que a suspensão será mais inteligente, mas apesar de toda a tecnologia, a essência do produto será a mesma. ”A indústria de amortecedores tem como desafio esse mercado em transição, pois a eletrificação trouxe uma nova realidade para os diversos setores do mercado da cadeia automotiva”, acrescentou.

Outro ponto destacado pelo engenheiro é a necessidade de baixo consumo de energia pelos veículos. Ele explica que no caso de um amortecedor eletrônico, é uma central que irá diagnosticar em que condição o veículo está sendo utilizado, e a corrente elétrica não pode ser muito grande para não interferir na autonomia do veículo.
Por esse motivo, na opinião de Ishano é bem possível que no futuro o amortecedor ganhe a função de também ajudar a gerar energia para abastecer as baterias. Ele lembra que hoje o sobe e desce do componente produz somente calor.
“ Os desafios e oportunidades são imensos, mas os resultados apresentados com os caminhões e ônibus lançados no Brasil e em circulação em nossas ruas e estradas já mostram que estamos preparados para atender às expectativas tanto da indústria quanto dos consumidores, neste novo cenário”, concluiu.
Pesados elétricos no Brasil
Ano passado, a indústria automotiva registrou recorde de venda de veículos pesados com baixas emissões. A parcela de caminhões e ônibus elétricos e movidos à gás saltou de 405 unidades, em 2021, para 1,1 mil em 2022, uma alta de 172% no período. Como consequência, as soluções voltadas para atender às necessidades exclusivas desses veículos ganharam a cena. Os amortecedores são um exemplo.