A MAN ainda é muito jovem no Brasil, mas sua origem remonta a 1758, como uma das mais importantes empresas de siderurgia do Vale do Ruhr, região da Alemanha que concentra o maior conglomerado urbano e industrial da Europa nos dias de hoje. Mais de 250 anos de história que misturam mudanças de controle acionário, personagens ilustres e feitos de engenharia. 

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Der erste LKW mit Direkteinspritzung, 1924

First injection engine truck, 1924.

Nos primórdios, durante a Idade Média, a região do Vale do Ruhr era basicamente agrária, liderada por ducados, que mantinham  o controle de suas vilas e castelos. A industrialização local começou a ganhar forte impulso no final do século 18. Nesse contexto, a MAN foi criada. 

Em 1820 o território já se projetava no mapa europeu, como potencial produtora de atividades importantes, com destaque para indústria têxtil, grandes serrarias e siderurgia. No final do século, a energia a vapor era substituída pelo carvão e as máquinas já estavam em pleno desenvolvimento. Entretanto, a origem da MAN se deu a partir de fusões empresariais várias, sendo as mais importantes a empresa de ferragens em St. Antony, a Sandersche Maschinenfabrik e a Eisengießerei Maschinenfabrik Klett & Comp, em Nuremberg. Em 1878, a siderúrgica em St. Antony se fundiu com duas outras indústrias siderúrgicas da região para formar a Gutehoffnungshütte (GHH), enquanto as duas empresas antecessoras se fundiram para formar Maschinenfabrik Augsburg- Nürnberg AG em 1898. Esta foi a origem do nome “MAN”.  
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O grupo alemão Krupp, detentor da companhia MAN AG (Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg), ganhou notoriedade, à época, pelo desenvolvimento do primeiro motor de combustão interna. O idealizador foi o engenheiro mecânico francês Rudolf  Diesel, contratado para desenvolver motores, entre 1893 e 1897, período da primeira patente. O célebre inventor idealizou o primeiro motor para trabalhar com óleos vegetais, como o de palma. Diesel nunca soube que seu nome seria associado ao combustível de petróleo e que seu feito mudaria a história da indústria automotiva. Ele desapareceu misteriosamente antes da Primeira Grande Guerra, em 1913, durante a travessia do Canal da Mancha, e jamais se soube desse genial personagem da indústria automobilística.

A FUNDAÇÃO

Outro personagem, Anton Von Rippel, decidiu colocar a MAN “sobre rodas”, isso em 1914. Ele era o diretor-geral da companhia e foi o responsável pela fundação da empresa em 21 de junho de 1915, com o nome “Lastwagen Werke MAN-Saurer GmbH” (LWW). A 1ª Guerra tinha iniciado e não havia tempo hábil para a companhia desenvolver seus próprios veículos, por isso, associou-se à fabricante suíça Saurer, criando a identidade Man-Saurer.

Inicialmente,  Adolph Saurer, o parceiro, queria uma associação cooperativa, com participação na empresa, mas Rippel desejava apenas produzir veículos sob licença. Após muitas negociações foi celebrada uma joint-venture para fabricar ônibus e caminhões. Afinal a frente de batalha tinha urgência de transporte de todos os tipos, de aviões a veículos sobre rodas. Em julho do mesmo ano, a fábrica começava a produção em Lindau, no rebordo do Lago Constance. Logo, a planta foi transferida para Nuremberg.

Os primeiros modelos produzidos em conjunto MAN-Saurer foram caminhões para duas e três toneladas, com cardã; e para quatro a cinco toneladas, com transmissão por corrente. Todos equipados com motor de quatro cilindros, ignição por centelha, freios-motor, iluminação a carboneto, rodas de madeira e um conjunto de pneus de borracha maciça.

A fábrica concentrou-se na produção de veículos civis, mas atendeu também a demandas militares. Os ônibus foram fabricados na sequência, pela necessidade de oferecer transporte de passageiros de longa distância, bem como para atender o correio imperial, o “Reichpost”, no despacho de cartas e encomendas. A parceria Man-Sauer durou até 1918. A partir de então a empresa tornou-se conhecida como “MAN Lastwagen Werke” (MAN Truck Works) e passou a caminhar sozinha, com sua trajetória de inovações.

AS GUERRAS

Em 1924, foi lançado o primeiro caminhão com motor diesel de injeção direta, o precursor da família de motores MAN. No mesmo ano foi produzido o primeiro ônibus de piso baixo, com estrutura mais leve. Quatro anos depois foi lançado o primeiro caminhão de três eixos, o antepassado das atuais versões pesadas. Em 1937, outro marco técnico: o desenvolvimento de um motor diesel de injeção direta, mais eficiente e econômico, e um sistema de transmissão com tração nas quatro rodas. A partir dos anos 40, a indústria atendia especialmente as demandas da 2ª Guerra Mundial, com motores para atuar em áreas de reconstrução.
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O PRIMEIRO CAMINHÃO DE MUNIQUE
Hoje, as instalações de produção de MAN Truck & Bus na sua principal fábrica, em Munique, são consideradas “state-of-the-art”. Embora se associe a fabricante com Munique, na verdade as suas raízes não estão na capital do estado da Baviera, mas em Augsburg e Nuremberg. Munique só ganhou relevância para MAN depois da 2ª Guerra Mundial, quando a linha de produção de Nuremberg chegou ao seu limite, exigindo novas instalações.

O comando da montadora decidiu-se pela criação de uma planta em Munique, para expandir o negócio de veículos comerciais. Lá foi produzido o primeiro caminhão de Munique, em 15 de novembro de 1955. Em 1978, a MAN assumiu a empresa Büssing Automobilwerke e a planta da empresa em Salzgitter. Ela adotou a tecnologia de motores, bem como o logotipo da marca, o leão de Brunswick, que passou a decorar a grade do radiador em todos os veículos comerciais até hoje. Nesse mesmo ano a montadora ganhava o prêmio “Caminhão do Ano”.

NOVO MILÊNIO
Os anos 2000 começam com inovações tecnológicas e com a chegada da marca ao Brasil. O “Trucknology”, geração chamada TGA, estreia com novos padrões de conforto e economia. No ano seguinte, a MAN assume a marca de ônibus europeia Neoplan. Em 2004, a montadora lança os motores D20, com injeção common rail, e série TGL e TGM de caminhões é repaginada.

Dois anos depois, dois modelos são apresentados para substituir o modelo TGA, na série pesada: o TGX e o TGS. O primeiro destinado ao transporte de longas distâncias e o segundo para distribuição em tráfego intenso. Esses exemplares renderam o prêmio “Caminhão do Ano” pela sétima vez à montadora. Em 2010, o ônibus urbano Lion City híbrido apresenta recursos tecnológicos que garantem economia de  combustível de até 30%. No ano passado, a MAN lançou a mais nova geração de motores D38, antecipando os 100 anos de desenvolvimento de caminhões e motores.

100 ANOS

Neste ano, a MAN como fabricante de caminhões celebra 100 anos desde que começou efetivamente suas operações em 1915. Com sede em Munique, seu mercado hoje abrange 120 diferentes países, onde emprega quase 52 500 funcionários em todo o mundo. Além da trajetória de histórias e realizações, a MAN SE hoje é controlada em mais de 75% de suas ações ordinárias pela Volkswagen AG.

Atualmente, o Grupo MAN é bastante diversificado, mas sempre focado na engenharia de transporte e tem faturamento anual de aproximadamente 16,5 bilhões de euros. A MAN é fornecedora de caminhões, ônibus, motores a diesel, turbomáquinas e usinas elétricas.

Em maio deste ano, a Volkswagen AG, a maior acionista da MAN SE, criou a holding Truck & Bus GmbH, grupo que passa a gerir o segmento de veículos comerciais. A intenção da matriz alemã é promover a sinergia entre as marcas que a compõe, visando alinhar as tecnologias e gerar economia significativa nas operações. A holding passa orientar e coordenar a cooperação entre as três empresas de veículos comerciais: MAN Truck & Bus AG, MAN Latin America e Scania AB.
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NO BRASIL
A MAN Latin America foi criada oficialmente em 16 de março de 2009, com a aquisição da Volkswagen Caminhões e Ônibus pela MAN SE (a empresa mãe do Grupo MAN). Com capacidade total de produção de 80 000 veículos por ano, é a maior fabricante de caminhões e a segunda maior de ônibus da América do Sul. Contando deste o início de operação da VW Caminhões, a MAN tem 34 anos de história no Brasil.

As soluções de transporte para cada situação asseguram a MAN Latin America a liderança nas vendas de caminhões no país há 12 anos consecutivos, posição que pertencia à Mercedes-Benz. Em 2011, a fábrica de Resende (RJ) atingiu meio milhão de veículos produzidos. No ano seguinte, a MAN comemorou a marca de 100 000 Volksbus produzidos no Brasil. A MAN Latin America possui hoje uma linha completa de caminhões e ônibus Volkswagen e alguns caminhões MAN, com mais de 40 modelos disponíveis e comercializados em 30 países de América Latina, África e Oriente Médio.

A história da Volkswagen do Brasil começou em março de1953, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O negócio de veículos comerciais começa efetivamente quando a Volkswagen AG adquire 100% das ações da Chrysler Motors do Brasil, em 1980, completando a compra das cotas assumidas no ano anterior.

Com o conhecimento adquirido com a compra das operações de caminhões da Chrysler, em 1981, são lançados o E 13 – o primeiro caminhão a álcool –, o VW 11.130 e o VW 13.130, estes últimos eram uma vesão reformulada do Mk1 LT, movidos por motores diesel MWM. A razão social da Chrysler muda para Volkswagen Caminhões Ltda. Em 1982 entra no mercado um caminhão com capacidade para seis toneladas. O market share da montadora na época não passava de 4%. Em 1984 a montadora lançou a segunda geração de motores a álcool e ocorreu a fusão da Volkswagen do Brasil com a Volkswagen Caminhões, passando a chamar-se Volkswagen do Brasil S/A – Divisão Caminhões.
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Neste ano, a MAN Latin America reafirma a disposição de continuar crescendo e investindo no Brasil com o lançamento da linha 2016 com muitas novidades, com modelos para todos os segmentos e a maior gama de caminhões com câmbio automatizado à venda no país. 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).