
Agronegócio gera carga e muito serviço para o setor de transportes, mas não só isso. Confira nesta entrevista exclusiva com o vice-presidente de vendas e marketing caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, o que uma das maiores marcas do mundo em pesados está aprendendo e sabendo aproveitar as oportunidades que com a agroindústria brasileira:
TRANSPORTE MUNDIAL – O que representa o agronegócio no volume de vendas da Mercedes-Benz, considerando a linha Sprinter até o extrapesado Actros?
Roberto Leoncini – É difícil quantificar porque diretamente temos um percentual, mas temos também vendas indiretas que estão ligadas ao agronegócio. Eu arriscaria dizer que de 30% a 35% do nosso volume tem alguma ligação com o agronegócio. Agora, depende do segmento. No pesado, o percentual sobe para 40% ou 50%.
TM – Como a Mercedes-Benz trabalha este perfil de cliente, com características diferentes dos outros 65% ou 70% do mercado?
Leoncini – Essa é uma coisa que a gente vem aprendendo. Com esse negócio da tabela de frete, criou-se um impacto muito grande dentro do agronegócio. Se não foi o setor mais afetado, ele está entre os três mais. Já estávamos próximos ao agronegócio, mas agora, tentamos aproximar ainda mais do pequeno, médio e grande produtor. Eles estão bem capitalizados por causa das últimas três ou quatro ótimas safras, inclusive, começaram a levar em consideração realizar algumas compras de caminhões para atender algumas necessidades em função da tabela de frete. Na semana passada, eu estava no Mato Grosso, fui visitar grandes, médios e pequenos produtores e em todos a gente começa a ver este movimento. É uma coisa nova que a gente precisa começar a entender.
TM – Alguma outra novidade?
Leoncini – Outra coisa nova que a Mercedes-Benz está aprendendo é com a associação com a Grunner para o caminhão autônomo ou semiautônomo.
TM – Por quê?
Leoncini – A gente vai direto no produtor oferecendo o nosso caminhão. Hoje a gente faz essa oferta para colheita da cana, mas há várias outras possibilidades que a gente já está olhando, como outras culturas etc., nas quais também cabe o caminhão automatizado e semiautônomo no plantio e, talvez, até para a colheita. É um segmento novo que a gente está começando aprender junto a nossa parceria com a Grunner. Eu falo que a solução não está em casa, está na rua e agora a gente percebe que temos que ampliar este ecossistema no qual a Mercedes-Benz faz parte, que antes era fornecedor, concessionário, cliente e embarcador. Agora a gente começa entrar no mundo dessas startups da área agrícola, plantadores, para começarmos a entender que o caminhão tem um papel que vai poder ajudar o agricultor. O consumo do caminhão em um plantio é até 50% menor do que um trator e ele é muito mais versátil do que um trator.
TM – O Axor semiautônomo foi apresentado no ano passado (em setembro). Como foi a venda deste modelo até o momento?
Leoncini – Não lembro agora, mas podemos passar os números (checamos com a assessoria de imprensa da Mercedes-Benz, foram vendidas 18 unidades e, durante a Agrishow, foram feitos mais dois pedidos). E temos uma novidade. Antes, o caminhão operava só para frente e depois tinha que fazer a volta. Agora, o caminhão opera de frente e de ré acompanhando a colheitadeira. Assim, dependendo da distância entre as linhas de colheita, o caminhão consegue ir e voltar sem precisar de nenhum tipo de manobra.
TM – Como é o processo de compra do semiautônomo?
Leoncini – É tudo por meio do concessionário Mercedes-Benz. Ele compra o caminhão e nós entramos em contato com a Grunner.
TM – E agora vocês estão lançando o Atego semiautônomo?
Leoncini – Sim e acho que vamos ter novidade mais pesada para frente.
TM – Um caminhão do segmento pesado ou uma novidade de grande peso?
Leoncini – Será, possivelmente, o Axor 3344 para algumas aplicações, pois quando você fala do plantio de soja etc., você já parte para outro nível de potência que o produtor precisa.
TM – É uma solução 100% brasileira, não tem nada lá fora similar?
Leoncini – Não tem nada e, inclusive, essa parceria que conseguimos com Grunner de forma rápida é case para a Alemanha, solução que entregamos rapidamente para o mercado. Se fossemos fazer um desenvolvimento Mercedes-Benz iria demorar até cinco anos. Eles tinham a solução, a nossa engenharia entendeu, gostou da tecnologia deles e deu aval para a gente utilizar aqui no Brasil. Este tipo de parceria vai se tornar cada vez mais comum e não só olhando para o nosso ecossistema, temos que sair um pouco para fora para enxergar onde tem oportunidades para trazer mais soluções para nossos clientes.
TM – E sobre a Agrishow?
Leoncini – Cada vez mais é vitrine para o nosso negócio. Há muita gente com muita tecnologia. Além de a gente mostrar os nossos produtos, temos que olhar o que tem de tecnologia, o que tem de novidade, onde a gente pode sentar para conversar e o que pode vir para o futuro.
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