Perspectivas 2015

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Empresa atua no segmento de usados e seminovos

Empresa atua no segmento de usados e seminovos

Em tempos de ajustes nas contas do governo, sobram ainda menos recursos para investimento e taxas de juros subsidiadas. As novas regras do Finame têm impactado não somente o mercado de caminhões novos, mas também o de seminovos e usados. Mas, afinal, por que o Finame, financiamento para compra de veículos novos, gera impacto no segmento de usados? Fomos conhecer duas empresas do setor de seminovos e usados para entender por inteiro esse cenário.

A primeira empresa é a SelecTrucks, unidade de negócios para compra e venda de veículos seminovos da Mercedes-Benz, que chegou em 2013 para dar uma sacudida no mercado de usados. A empresa é a responsável pela compra, venda e manutenção de usados. Em contato com Fabian Seifarth, gerente da SelecTrucks, fomos informados que o mercado em 2014 sofreu uma forte desaceleração, porém, o cenário para adiante pode ser favorável.   

Por fim, conversamos com Carlos Alberto Teixeira, empresário e proprietário da empresa de revenda Quarta Parada. Carlos afirma que o mercado sentiu uma pequena recuperação no segmento de usados. Diferentemente de Fabian, da SelecTrucks, Carlos credita essa melhora ao setor agropecuário brasileiro, que continua pujante. Carlos crê que as novas regras do governo para o Finame devem dar ainda mais fôlego ao mercado de usados, e ainda mais para os seminovos, já que a diferença das taxas praticadas entre novos e seminovos já não é tão desigual. Segundo Carlos, outro fator que pode influenciar nesse processo de mudança é a desvalorização do caminhão seminovo em relação ao 0 km, que é muito mais vantajosa.

Entre as duas empresas existe uma diferença, que pode ser um atrativo na hora da compra, o banco próprio. Enquanto a Quarta Parada é obrigada a trabalhar com um dos bancos comerciais que fazem esse tipo de financiamento no país com juros maiores, a SelecTrucks trabalha em parceria com o Banco Mercedes-Benz, um facilitador importante na hora de aprovar a compra de um usado. Contudo, as empresas menores sofrem com a atual situação do segmento, pois muitos pequenos empresários encerraram as suas atividades.

“Desde a crise de 2009, o governo adotou medidas que reduziam as taxas de juros para a compra do caminhão 0 km, mas as mesmas medidas não foram tomadas com relação ao comércio de usados. Todo esse cenário provocou uma forte crise entre os comerciantes de usados. As empresas que permanecem nesse mercado tentam hoje se adequar à nova situação do mercado”, afirma Carlos Alberto.

As perspectivas de ambos os entrevistados para este ano são de melhoras. Fabian, da SelecTrucks, afirma que a oferta de usados vai aumentar, principalmente devido às regras do Finame, e acredita que, com isso, a procura também deve crescer.

Carlos, da Quarta Parada, diz que muitas empresas estão terceirizando seu serviço de entregas, o que pode beneficiar muitos transportadores autônomos. Além disso, Carlos afirma que as empresas do setor têm sido apoiadas por Ilídio Santos, presidente da Fenauto, na busca por novas linhas de crédito para veículos seminovos ou mesmo usados. 

A verdade é que qualquer previsão ou perspectiva sobre o impacto do novo Finame PSI no segmento de caminhões seminovos em 2015 é mera futurologia. Ainda não se pode afirmar como o mercado de usados vai reagir à nova realidade do mercado de novos. O certo é que o setor ainda enfrenta as mesmas dificuldades com relação às financeiras e bancos. Um descaso um tanto incompreensível, já que, para comprar o novo, as empresas precisam se desvencilhar do seu caminhão usado. São como duas engrenagens que precisam uma da outra para rodar perfeitamente, mas, para o governo, a única que parece movimentar a economia é a do mercado de novos.