Por um mercado sem crescimento artificial

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No primeiro semestre deste ano, em quase todos os setores produtivos, as pessoas ficaram muito assustadas com a redução da atividade econômica no país. Não que esse retraimento não fosse esperado, pois qualquer pessoa bem informada já sabia que o governo federal não poderia continuar gastando como estava e que os ajustes nas contas seriam necessários. Porém, uma queda superior a 42% no mercado de caminhões em geral e, pior, 61,2% e 43% nos segmentos mais importantes, respectivamente pesados e semipesados, ninguém esperava. No início do ano, os mais pessimistas falavam em queda de 10%.    

Passados os sete primeiros meses e com muitos ajustes feitos nas fábricas, começa a ser possível fazer uma leitura da atual realidade do mercado. Algumas empresas de consultoria na área já apontaram que um mercado como foi o de 2014 voltará somente após 2020. O crescimento até lá, que deve começar timidamente a partir do segundo semestre de 2016, será em passos curtos, porém mais consolidados do que nos últimos quatro ou cincos anos.

Nesse passado recente todos os executivos das marcas reconhecem que o crescimento foi artificial, criado pelo governo com grandes incentivos de financiamento pelo Finame, que chegou a oferecer juros de até 4% ao ano, mais o efeito causado pela entrada em vigor do Proconve P7 (Euro 5), que fez muitos transportadores anteciparem a renovação da frota para aproveitar o preço menor da tecnologia Euro 3 e mais os baixos juros oferecidos pelo governo. 

Agora, as fabricantes já estão ajustando as suas produções para um mercado entre 80 mil unidades no ano (no ritmo atual) e 100 mil (se houver alguma melhora neste segundo semestre). Agora, também, há outro consenso: é melhor crescer dentro de um mercado real e não dentro de artificialidades criadas pelo governo. E fundamentos econômicos o Brasil tem para crescer, independentemente de quem esteja no governo. Já somos fortes no agronegócio e podemos ser fortes na indústria e em infraestrutura. É só investir em educação e deixar o brasileiro trabalhar. 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).