Economia, segurança e produtividade

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Scania

Scania

Eficiente, porém pouco popular. Assim é o sistema retarder no Brasil. Mesmo sendo capaz de reduzir significativamente os custos decorrentes da frenagem, o consumo de combustível e aumentar a segurança dos veículos, a tecnologia é secundarizada por grande parte dos transportadores brasileiros. Enquanto na Europa 50% dos caminhões são equipados com o sistema, no Brasil, os modelos que saem de fábrica com retarder ficam entre 5% e 10%. 

Um dos motivos que afastou o componente do conhecimento dos consumidores foi o peso que a tecnologia tinha no preço inicial dos veículos, e muitos transportadores consideravam o investimento muito alto. No entanto, hoje os sistemas ligados a segurança, economia e conforto ganham mais importância, o que tem feito o interesse pelo retarder crescer.  

Atualmente, o grande vilão da popularização do retarder no mercado brasileiro é a falta de informação sobre o produto. Isso tem gerado inclusive alguns mitos no mercado, como, por exemplo, que o componente só serve para frear o veículo, que é igual ao freio-motor ou que o caminhão que possui freios ABS não precisa do sistema. 

O retarder é, na verdade, um sistema de freio auxiliar hidráulico integrado ou acoplado à caixa de marchas que funciona em conjunto com o freio-motor e de serviço. Seu uso garante uma desaceleração mais eficiente, melhor desempenho dos freios e maior segurança. Ele é indicado para todos os tipos de operação e, segundo especialistas, pode ser utilizado em 90% das situações de frenagem. Trata-se de um freio contínuo que se destaca por proporcionar melhor dirigibilidade e estabilidade ao veículo e permitir retomadas de velocidade com mais rapidez, o que reduz o tempo médio da viagem. 

O melhor desempenho do retarder acontece quando o veículo está em velocidades mais elevadas e em longas ou íngremes descidas. Como o sistema atua de forma eficaz nessas circunstâncias, os freios de serviço ficam 100% disponíveis para situações de emergência. Além disso, estima-se que o uso do sistema retardador possibilita que o desgaste dos freios de serviço seja reduzido em até quatro vezes. 

No Brasil, três marcas oferecem retarderes ao mercado de caminhões e ônibus. A Scania fornece apenas para os veículos da própria marca. A Voith tem duas fabricantes como principais clientes: Mercedes-Benz e Volvo. Já a ZF disponibiliza o componente principalmente para os veículos Volkswagen e Iveco. 

Scania

Segundo informações da própria Scania, em 2012, os retarderes da fabricante ganharam um novo desenho, que oferece maior potência de frenagem em todas as velocidades. De acordo com companhia, o torque máximo de frenagem passou de 306 para 557 mkgf. Em velocidades inferiores a 30 km/h, o torque de frenagem foi elevado em 40%, chegando a 418 mkgf. A Scania considerou o resultado “uma melhoria notável no desempenho em baixas e altas velocidades”.

A Scania recomenda seu retarder para todos os tipos de operação. A fabricante informa que o sistema pode ser utilizado em até 90% das situações de frenagem, inclusive em terrenos acidentados e íngremes, comuns no segmento off-road. 

O retarde Scania está em sua segunda geração e dispõe de vantagens como: 

•  Mais eficiência em baixas velocidades, devido à nova faixa de torque; 
• Economia de combustível: a velocidade de cruzeiro acaba sendo maior com freios eficientes. Com isso, o motorista
tem de pisar menos para retomar e manter a aceleração, e isso reduz o consumo;
• Custos operacionais mais baixos: o Scania Retarder dispensa em até 90% dos casos o uso do freio-motor e o freio de serviço, gerando assim economia de manutenção.

Os novos modelos de caminhões Streamline da fabricante podem contar com um pacote de segurança, que inclui itens como retarder, controle de estabilidade, hill hold (que impede que o veículo desça para trás ao sair em subida), medidor de pressão dos pneus, bafômetro e airbag.

Voith

A Voith testou, na Europa, o caminhão Mercedes-Benz Actros 1844 LS com retarder fabricado pela companhia, numa rota entre a Itália e a Alemanha. Segundo a marca, o resultado foi: 70% menos ativação dos freios de serviço, 36% menos mudanças de velocidade, 5,9% de aumento de velocidade média. Claro que o resultado não pode ser aplicado ao Brasil, uma vez que há muitas peculiaridades geográficas e do setor de transporte rodoviário brasileiro frente ao europeu. No entanto, serve para mostrar a ação do retarder em uma operação de transporte. 

A Voith fabrica modelos diferentes de retarderes. O VR 115 HV é usado nos caminhões Actros e Axor da Mercedes-Benz. Esse modelo é instalado na transmissão por meio da caixa de rolamento, de forma que a lubrificação ocorre pela própria transmissão.

Intarder ZF

 A ZF já produziu mais de 800 000 retarderes. A fabricante denomina o componente como intarder. “Nosso intarder é um enorme sucesso porque veículos comerciais de todos os tipos, até mesmo veículos ferroviários, podem desacelerar de forma segura e sem desgaste em qualquer situação de condução. Isso conserva o freio principal, dando-lhe uma vida útil mais longa, além de reduzir os custos de manutenção para os proprietários de frotas”, disse Winfried Gründler, chefe da unidade de negócios Truck and Van Driveline na ZF.

O sistema oferecido pela ZF possui duas versões, são elas: a Power, que atinge 408 mkgf de torque de frenagem, e a Eco, que oferece 336,7 mkgf, com uma potência de frenagem máxima de 600 quilowatts e um tempo de resposta de, no máximo, um segundo. Ambas as versões, Power e Eco, pesam 65 quilos, o que, segundo a fabricante, é um diferencial.

A geração atual de Intarders da ZF utiliza menos óleo e tem cerca de três decibéis mais do que a família anterior de produtos. Como o Intarder é colocado na saída da transmissão, o efeito de frenagem é mantido mesmo durante as trocas de marcha. Isso oferece uma proteção significativa contra a perda de potência no freio principal.