Espera-se que se tenha chegado ao fundo do poço

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O fechamento do primeiro semestre de emplacamentos de caminhões confirma o pior mercado para a indústria de caminhões desde 1999. A queda do mercado como um todo foi de 42,3%, com 37.295 unidades vendidas nos primeiros seis meses deste ano, contra 64 641 do mesmo período de 2014. O segmento que teve a maior retração foi de pesados (-61,4%), seguido do de semipesados (-43%), médios (-30,7%), leves (-15,3%) e semileves (-0,8%).

As fabricantes de caminhões que produzem exclusivamente para os segmentos de pesados e semipesados, obviamente, são as que estão mais sofrendo com a crise política brasileira, responsável por gerar falta de confiança na política econômica do governo brasileiro. Assim, as marcas que apresentam as maiores retrações são Shacman (-94,1%), International Caminhões (-93,9%), Scania (-63,5%) e Volvo (-55,7%).
 
As marcas conhecidas como full-line (com produtos para os cinco principais segmentos do mercado de caminhões) tiveram queda dentro da média do mercado como um todo, com exceção da Ford que teve uma queda muito menor (-15,3%). No caso da Ford, o seu resultado se explica pelos bem-sucedidos lançamentos dos modelos F-350 (semipesados), F-4000 (leves) e Cargo 1119 (médios), exatamente nos segmentos que tiveram menores quedas. A marca americana teve maiores retrações nos segmentos nos semipesados e pesados, porém ela ainda é pouco dependente deste último, mas bastante dos semipesados. As outras marcas full-line que tiveram perdas foram Iveco (-45,1%) Mercedes-Benz (-42,8%) e MAN/VW (-39,8%).
 
A esperança agora está no fato que talvez o mercado de caminhões já tenha chegado ao fundo do poço e há expectivas de recuperação, mesmo que lentamente, para chegar, em 2020, ao mesmo patamar de 2014. O fechamento do mês de junho já demostrou uma pequena recuparação de 2,7%, com 165 caminhões emplacados a mais do que em maio, portanto, um total 6 181 unidades em junho contra 6 016 de maio. E isso é o que vários executivos e especialistas têm comentado. Somente a volta da confiança da população e de investimentos nas políticas econômicas do governo podem mudar essa realidade. Atualmente, entidades do setor estimam que 16% da frota brasileira de caminhões está parada por falta de carga.  

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).