Volvo M 270 6×4 substitui o trator na usina

722

As usinas produtoras de açúcar e álcool que não forem eficientes no quesito produtividade estão destinadas à falência. Isso porque elas não conseguem estipular o preço de seus produtos por produzirem para mercados cujos preços são regidos pelo mercado internacional (no caso do açúcar) e pelo governo (no caso do etanol). Assim, cabe a elas serem eficientes em produvidade para produzir mais gastando menos. 

 

vm canavieiro
A Usina Santa Teresinha, de Maringá (PR), em busca de ganhar maior eficiência na colheita da cana-de-açúcar, resolveu experimentar o uso do caminhão chassi rígido Volvo VM 270 6×4 no lugar do trator que geralmente acompanha a colheitadeira no campo e transporta a carga até um caminhão rodoviário de maior capacidade (Volvo FM), operação chamada de colheita e transbordo.

As vantagens da troca do trator pelo caminhão, segundo Paulo Meneguetti, está na maior agilidade do caminhão, na facilidade de manutenção e na maior utilização do veículo. A Santa Teresinha possui 11 unidades, sendo dez no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul, e a transferência do veículo entre as unidades e fazendas, por ser um emplacado, pode ser rodando, dispensando o uso de caminhão-plataforma, o que ocorre no caso do trator. Além disso, na entressafra, os caminhões podem realizar outras atividades. Estudos iniciais apontam uma redução de 35% no consumo de combustível e 8% nos custos com manutenção a favor do Volvo VM. Em termos de preço de aquisição, o Volvo VM custa algo similar ao trator Valtra 180, cerca de R$ 250 mil.   

Porém, o Volvo VM, mesmo sendo um modelo off-road, apresentava alguns problemas dentro dessa operação. No caso dos caminhões de uma usina, na época da colheita eles trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana e devem parar apenas para troca de motorista e abastecimento. Por isso, as paradas para manutenção devem ser minimizadas ao máximo. Por isso, a usina, que possui uma frota de mais de mil caminhões, sendo 932 da marca Volvo, chamou a engenharia da fabricante para trabalharem em parceria para que os Volvo de transbordo pudessem ser aperfeiçados para essa operação.

Da parceria entre as engenharias da Usina Santa Teresinha e da Volvo do Brasil nasceu essa nova versão do VM 270 6×4 canaveiro, com diversas melhorias para atender a esse tipo de operação. “O resultado está sendo bastante satisfatório e já compramos 62 unidades dessa nova versão”, diz Meneguetti. Segundo Francisco Mendonça, gerente da linha VM, outras usinas do Paraná e de São Paulo também já compraram algumas unidades desse novo VM canavieiro.
 
O QUE MUDA
Além de várias proteções contra poeira e resíduos da colheira da cana, para catalisador, injetor de ureia, válvulas pneumáticas, chave geral, o radiador do ar-condicionado foi realocado para a traseira da cabine. Ainda dentro desse objetivo, a suspensão foi elevada em mais 30 mm, e a traseira, em 20 mm. “Com essa modificação, reduzimos a probabilidade de ocorrência de problemas na parte de baixo do caminhão”, explica Ricardo Tomassi, engenheiro da Volvo. 
vm canavieiro

Uma das alterações, que foi importantíssima para esse tipo de trabalho, foi a adoção de um bloqueio automático das rodas, o qual transfere o torque do motor para a roda que não estiver patinando. De fábrica, o VM já contava com o bloqueio de diferencial para garantir saídas mais suaves de terrenos acidentados e escorregadios.

As modificações feitas envolveram 45 profissionais, 6.500 horas de trabalho, o desenvolvimento de 35 novas peças e oito fornecedores. O modelo objeto para o desenvolvimento dessa versão especial para transbordo foi o VM 270 6×4 rígido, nas distâncias de entre-eixos 3.650 mm e 4.800 mm. O câmbio pode ser o I-Shift AT2612D de 12 marchas (o mais recomendado e já preferido em 76% das compras desse modelo) ou manual Eaton F1109LL de 10 velocidades. 

vm canavieiro
Já as adaptações de rodas e pneus especiais para esse tipo de operação são feitas na concessionária Volvo e na própria usina. As rodas e pneus originais do caminhão, geralmente, são aproveitados em outros modelos da frota da usina ou depois que o caminhão passa a fazer trabalhos fora da calheita.  

Compartilhar
Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).