Os investimentos previstos para infraestrutura para 2020 são de R$ 133 bilhões em rodovias, ferrovias, aeroportos e outros setores. O valor é significativo em comparação com os anos anteriores, mas aquém do necessário.

87,6% das estradas brasileiras não têm pavimento
87,6% das estradas brasileiras não têm pavimento, e dos 12,4% pavimentadas têm grande parte em precárias condições

Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte), a parcela deste montante que virá do governo é de R$ 7,77 bilhões no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) aprovada pelo Congresso Nacional para investimentos pelo Ministério da Infraestrutura, em todas as modalidades de transporte. O valor está 31,1% abaixo do autorizado para 2019 (R$ 7,68 bilhões). Esse cenário de retração já ocorre desde 2010, com queda de 57,3% nesse período. Desde 2004, quando o valor foi R$ 4,75 bilhões, a área de infraestrutura não havia recebido tão baixo investimento.

A saída é contar com investimentos privados, já que o Estado brasileiro não consegue ainda resolver problemas básicos de educação, segurança pública e saúde, áreas consideradas prioritárias com problemas do século passado e atenuados com sucesso por diversos países asiáticos, como a Coreia do Sul, Cingapura, China e outros. 

As deficiências de infraestrutura gera prejuízos para toda população que pagam por uma logística mais cara, fretes mais altos e, conseguentemente, mercadorias mais caras. Coloca um Brasil em uma posição pouco competitiva nas exportações, o que explica, me parte, a baixa oferta de vagas para trabalho e o alto índice de desemprego. 

A necessidade é maior

Conforme a consultoria Inter.B, o valor necessário é de R$ 295 bilhões para colocar o Brasil competitivo internacionalmente. Apesar de muitos de nós termos crescidos escutando a mitológica frase “o Brasil priorizou o rodoviário em detrimento do ferroviário”. A verdade é que o Brasil em sete décadas não fez nada se, consideramos a necessidade, nem rodovias, com exceção de São Paulo, nem ferrovias. Até hoje apenas 12,4% das estradas brasileiras são pavimentadas. 

Exportação para poucos países

No caso da indústria automobílistica brasileira, ela consegue exportar para poucos países por falta de competitividade, o que impacta também no baixo nível de empregos perdidos para países como México, China, Corea do Sul, Índia, entre outros. A Anfavea informa que as exportações das montadoras caíram 31,9% em 2019, com 428,2 mil unidades no ano passado contra 629,2 mil em 2018. A expectativa para 2020 é de mais queda nas exportações, de 11%. Países vizinhos, como Chile e Colômbia, por exemplo, preferem importar veículos da Europa e Ásia do que do Brasil. 

China reina

Trem de alta velocidade na China
Trem de alta velocidade na China com extensão de 2.252 está pronto desde 2017, já o trem-bala São Paulo-Rio…

Para 2020, o governo chinês prevê investimentos equivalente a R$ 463 bilhões para infraestrutura em transporte ferroviário, rodovias, hidrovias e aviação civil. Não só o valor mais de quatro vezes maior do que o Brasil, as obras lá, realmente saem do papel, como a maior rede ferroviária de alta velocidade (2.252 km) ligando as cidades de Shanghai e Kunming. E o nosso trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro? 

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Tempo médio de descarga em SP é menor em 2019

Pesquisa anual que mede o Índice de Eficiência no Recebimento (IER) de mercadorias nos polos recebedores de São Paulo e região metropolitana mostrou que o tempo de descarga em São Paulo caiu para 2h50. Se compararmos com o ano passado, esse mesmo tempo era de 3h22, redução de pouco mais de 30 minutos. Pode parecer pouco, mas o impacto total chega a 22% a menos no custo da hora parada do veículo.

O levantamento, realizado pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), é uma iniciativa da Diretoria de Especialidade de Abastecimento e Distribuição (DEAD) do Setcesp. Tem como finalidade identificar e mensurar a eficiência no recebimento de mercadorias nos principais polos recebedores de carga da grande região metropolitana de São Paulo.

Foram avaliados 299 estabelecimentos englobando atacadistas, centros de distribuição, home centers, magazines e supermercados, entre os meses de março a julho, por meio de 22 itens relacionados à infraestrutura e a processos operacionais de descarga. Com base nas informações apuradas e também nos relatórios repassados pelas empresas de transporte de cargas, o estudo constatou que o IER médio geral entre estabelecimentos deste ano é de 29,26%, contra 24,38% de 2018.

 

*Com informações da Revista Mundo Logística

 

 

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).