Scania R 580: caminhão mais potente pré-Euro V

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A séria Baú da TRANSPORTE MUNDIAL traz hoje um superteste a bordo do Scania R 580 V8. O modelo foi lançado no final de 2010, durante 13ª Exposição de Transportes do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), no local se concentra a maioria dos profissionais cegonheiros e potenciais clientes do “Rei da Estrada”. Veja o teste a seguir:
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O apelido não era à toa, já que o modelo possui o motor V8 de 580 cv – até então, o veículo mais potente homologado e fabricado no país. Quer saber mais exclusividades? Isso não faltava ao caminhão na época. 

Por fora ele possui diferenciais de série que o destaca em relação aos seus irmãos R convencionais. Sua grade, em vez de cinza, é exclusiva no tom preto diamante – ou black diamond. Os faróis de xenon possuem máscaras escurecidas e iluminação em LED, o que lhe rende ainda mais um caráter robusto. Além da grade frontal – que o deixa com a cara da marca de origem sueca – o Scania 580 equipa mais duas grades, posicionadas nas laterais frontais e que têm detalhes de acabamentos cromados. Exclusivo na cor vermelho-rubi perolizado, o cavalo-mecânico possui adesivos com o logotipo que faz referência ao motor V8 com potência de 580 cv e rodas de alumínio. Os defletores são os únicos itens opcionais do caminhão.
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Vale lembrar que o R 500, avaliado pela revista TRANSPORTE MUNDIAL, também carrega um propulsor 8 cilindros em V, porém, ele não possui os mesmos detalhes exclusivos do 580. Detalhes esses que garantiram sua fama de o Rei da Estrada.

Por dentro o caminhão também era requintado, com bancos produzidos em couro e que ilustram o grifo V8, além disso possuem regulagens lateral, de profundidade e de amortecimento. Ainda há uma regulagem exclusiva para o encosto de cabeça e ela funciona independente à regulagem lombar, inferior. O painel possui um revestimento que remete a uma textura em couro no tom preto, e o volante é revestido parte em madeira e outra em couro. Ainda na soleira e no painel há vários grifos do V8.

A chave de abertura do caminhão funciona por controle remoto, assim como o acendimento dos faróis. Ou seja, já do lado de fora se observa os detalhes de requinte e de acabamento que a Scania dispõe nesse exclusivo caminhão.
O acabamento é observado ainda pelos pedais em detalhes cromados e o ar-condicionado digital. Em conforto, carrega o mesmo DNA dos R.

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Seus atributos mecânicos nem precisam justificar serem os pontos mais favoráveis de sua construção. O motor com arquitetura em V possui uma cilindrada de 15 600 cm³ e desenvolve potência de 580 cv a 1 900 rpm e torque de 275 kgfm entre 1 100 e 1 300 rpm. O modelo ainda equipa de série o já reconhecido câmbio Opticruise de 12 velocidades que suporta com muito louvor as demandas do motor potente. Para se ter uma ideia do que essa combinação é capaz de suportar, na prática, numa velocidade média de 90 km/h a 1 400 rpm em 6ª simples, o conjunto é capaz de apenas em cinco segundos subir para uma velocidade média de 105 km/h sem subir muito a faixa de rotação, para 1 500 rpm. Ou seja, o motor V8 unido a uma alta potência, propicia alto torque, porém, numa rotação mais homogênea, o que torna a condução mais econômica.

Nunca é demais mencionar que nas rodovias brasileiras o limite máximo permitido para o tráfego de caminhão é de 90 km/h em média e que é bom respeitá-la para garantir a segurança de todos os motoristas. Essa experiência só foi realizada por nossa reportagem para que o leitor pudesse ter a prova de que o Scania R 580 é uma máquina que pode ser produtiva e rentável para o negócio do transportador. No momento dessa experiência, a pista estava vazia e fechada, e o caminhão estava sendo conduzido por um dos pilotos mais experientes, o instrutor Rogério Matheus.

Segundo a fabricante, o Opticruise  pode economizar até 5% de combustível em caso de o motorista não ter treinamento e, claro, dependendo das condições de operação do veículo. É importante mencionar, porém, que a ferramenta que equipa de série o R 580 é uma alternativa para quem busca economia, uma vez que os desgastes de peças ou danos são minimizados graças ao seu sistema de funcionamento ser inteligente e dispensar a intervenção humana. O modo de guiar o caminhão é muito simples. O controle do Opticruise está localizado em uma alavanca do lado direito da coluna de direção. No modo automático, a ferramenta escolhe a melhor marcha e nada impede de o motorista utilizá-la no modo manual. O pedal de embreagem somente é usado durante a partida e a parada, o que reduz, de acordo com a Scania, em torno de 95% a quantidade de operações da peça. O R 580 ainda dispõe de freios ABS e controle de tração como itens de série.

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Quem tiver condições de adquirir um veículo dessa magnitude terá nas mãos um caminhão único. Não por acaso ele já está sendo muito procurado por cegonheiros e transportadores de cargas expressas que precisam de alta velocidade média, como demandando no transporte frigorífico. E com a resolução que obriga caminhões 6×4 produzidos este ano a tracionarem bitrem, os 6×2, como o modelo avaliado, tornam-se uma alternativa produtiva nas aplicações com três eixos, vanderleias e composição 2+1. “Esse caminhão atende o perfil de empresário que valoriza o motorista e o seu negócio, já que o R 580 graças aos seus detalhes agrega imagem, mas acima de tudo garante rentabilidade”, diz Alex Neri, engenheiro da Scania Brasil. E na prática, no nosso tradicional trecho de avaliação, o R 580 V8 se mostrou bastante rentável. 

Na descida da Serra, pela rodovia Anchieta, em 4ª marcha simples, entre 40 e 44 km, a 1 200 rpm, a atuação do freio-motor impressiona, o sistema segura bem o veículo, não havendo a necessidade do freio retarder, que nesse caminhão seria um item opcional. Talvez a boa desenvoltura do freio-motor se deu pelo fato de o caminhão, nessa avaliação, ter sido atrelado a uma carreta sider de três eixos com um PBT (Peso Bruto Total) de 40 310 quilos.
 
Ao nível do mar, o que impressionou foram as respostas rápidas do conjunto motor e transmissão, como já mencionado. Isso também pode ser justificado pela relação de diferencial 3,08:1 que nessa composição é de série. Nesse trecho, que se estende entre as rodovias Pedro Taques e Padre Manoel da Nóbrega a média de velocidade percorrida pelo Rei da Estrada foi de 80 km/h em 6ª simples a 1 200 rpm.
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Foi na subida da serra, pela rodovia dos Imigrantes, que a rotação aumentou um pouco, no entanto, para singelos 1 300 rpm, entre 50 e 60 km/h utilizando a 8ª e 9ª simples. Já quase próximo ao Planalto Paulista, o caminhão chegou a 80 km, reduzindo a rotação para 1 200 rpm e concluindo numa média de consumo excelente (veja quadro). O motor de 8 cilindros em V ostenta a fama de ser praticamente indestrutível, o que conquistou inúmeros admiradores mundo afora nos seus 40 anos de história. 

Há seis anos, o Scania R 580 estreava no mercado brasileiro, custando R$ 580.000. Hoje, o caminhão é uma boa opção no mercado de usados e é encontrado por R$ 372.000. Seu concorrente direto, o Volvo FH 520, ano 2011, custa R$ 273.000.