A busca do zero acidente precisa entrar na estratégia de ESG da Coca-Cola. Parece que está, mas com a velocidade menor do que a de uma tartaruga. Nos últimos 12 meses, a Coca-Cola faz benchmarking com a Ambev, atual referência mundial em logística sustentável e responsável. A Ambev ainda não chegou ao nível desejado, mas está quilômetros a frente da Coca-Cola. Não vamos falar dos produtos das empresas, mas da diferença logística dessas duas gigantes indústrias de bebidas.

Em logística, desde 2016, a Ambev tem como meta o zero acidente. A Ambev já conseguiu zero acidente com vítima fatal faz alguns anos. Os caminhões que distribuem produtos da Ambev são os que rodam a maior quantidade de quilômetros sem acidentes, segundo empresas de monitoramento e telemetria, como a Trimble.

E da Coca-Cola? Sabemos que, em Belo Horizonte, há transportadores que utilizam Mercedes-Benz Atego 2013 para a distribuição dos produtos dela. Ou seja, a Coca-Cola não investe de forma lenta em renovação de frota e caminhões modernos e nem em treinamento dos profissionais de transporte. Investe, um percentual muito baixo, apenas para enviar release para a imprensa que comprou alguns caminhões elétricos e colocou alguns motoristas em treinamento. Aí, como jornalista, vou buscar referenciais, como a Ambev, esta colocou 100% dos motoristas em treinamento. A Ambev já conta com mais de 100 caminhões elétricos VW e-Delivery, parte da meta de 1.600, sendo o maior projeto mundial de eletromobilidade de last mile.

Este projeto da Ambev não é o maior do Brasil, é o maior do mundo. A Ambev está sendo projeto piloto para InBev, para replicar a experiência em todos os mercados do mundo. É um projeto único. Há empresas comprando veículos para experimentar e há empresas comprando veículos elétricos para expor fotos nas redes sociais para parecer que faz algo em sustentabilidade. Para quem quer fazer foto, há caminhões elétricos importados da China que custam um terço. A China produz caminhões com qualidade e outros para quem quer pagar pouco. 

Diante os avanços da Ambev em logística responsável, a Coca-Cola já comprou 31 VW e-Delivery. Isso é bom. Faltam 1.569 para empatar com a Ambev, e 1.570 para se declarar líder em mobilidade sustentável como ela fez no ano passado e o release enviado para jornalista é a prova disso.

A Caravana de Natal da Coca-Cola é uma fantasia que encanta. A realidade é outra. Os caminhões Mercedes-Benz Actros são emprestados pela fabricante alemã de veículos. O Actros é um caminhão extremamente tecnológico e comprado por frotistas que têm real preocupação com segurança, sustentabilidade e eficiência. No caso da Caravana de natal, é só marketing. E vamos combinar, o marketing da Coca-Cola é muito bom. Eu adoro a Coca Zero. Mas, em logística, eu tenho que ser verdadeiro. Vejo evolução por parte da Coca-Cola e este artigo é só para incentiva-los que precisam fazer mais. Vejam o último acidente com um velho caminhão da Coca-Cola.

Esta parceria da Mercedes-Benz com a Coca-Cola pode ser considerado um trabalho de ESG. É óbvio que a Mercedes-Benz tem interesse de vender caminhões modernos para a Coca-Cola. Há três que a fabricante alemã empresta os modernos Actros para “degustação” da fabricante de refrigerantes, mas renovação de frota da americana ocorre, mas lentamente. É interesse de todos os fabricantes de caminhões de que os produtos da Coca-Cola sejam transportados por veículos mais modernos, mais seguros e menos poluentes. Mas é graças ao referencial Ambev que a Coca-Cola evolui, mesmo que, lentamente, mas evolui. A empresa não passaria pela avaliação deste jornalista ao comparar logística sustentável com empresas do mesmo porte de faturamento.

Coca-Cola confia na Ambev e compra 20 unidades do novo VW e-Delivery

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).