Animada com os bons números do mercado brasileiro, a Mercedes-Benz lançou o Actros 2655 6×4 em 2013. O lançamento buscava rivalizar com os grandes caminhões, que necessitam de grande potência para cobrir longos trechos rodoviários. Confira reportagem da época a bordo do modelo, na série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL.
Competitividade é a palavra-chave no transporte rodoviário de carga. É também o que motiva as fabricantes de caminhões a desenvolverem produtos que sejam tão competitivos para elas como para seus clientes.
O novo modelo da Mercedes-Benz traz esse atributo. O Actros 2655 LS 6×4 possui motor com arquitetura em V de 8 cilindros com potência superior a 500 cv. Com essa solução inédita da fabricante para o Brasil, a Mercedes-Benz pretende ser mais agressiva no segmento de veículos traçados, que por lei devem ser atrelados a implementos como bitrem, bitrenzão e rodotrem e que normalmente operam em rotas de longas distâncias rodoviárias, com PBTC de até 74 toneladas.
Com a maior potência, a marca da estrela quer oferecer ao transportador um produto que desenvolva maiores velocidades médias, solução que se traduz numa logística mais competitiva. “Agora podemos atender um novo segmento de mercado, que exige caminhões com alta potência nas longas distâncias rodoviárias”, acrescenta Gilson Zinetti, engenheiro da fabricante Mercedes-Benz.
De acordo com Zinetti, o produto já existe na Alemanha, mas teve seu trem de força configurado e otimizado para a topografia e as condições das estradas brasileiras. O 2655 é equipado com motor Mercedes OM-502 LA de 551 cv de potência a 1 800 rpm e torque de 265 mkgf a 1 080 rpm. Assim como toda linha de caminhões Mercedes-Benz, o motor do novo Actros possui exclusiva tecnologia BlueTec 5 para atender à norma Proconve P7. Para tal, a tecnologia usada é o SCR, que exige a necessidade do reagente químico Arla 32.
O câmbio também é exclusivo da fabricante, o G 330 de 12 velocidades, conhecido como Powershift2. Trata-se de uma segunda geração que está mais ágil nas suas trocas automatizadas e que, graças aos novos componentes, o deixou mais resistente, garantindo, segundo a Mecedes-Benz, maior vida útil ao equipamento.
Outra boa nova é a ausência dos anéis sincronizadores, o que possibilitou o menor desgaste das peças que compõem o sistema. As engrenagens mais largas também resultaram em maior robustez. A inteligência está presente no item e, entre as funções, incluem-se o piloto automático e a mudança direta da 1ª marcha para a ré. Vale ressaltar, ainda, o sensor de inclinação – a maior novidade da transmissão. O sensor auxilia o sistema a escolher a marcha mais adequada à condução de acordo com o relevo da pista.
O veículo conta com eixos traseiros também Mercedes-Benz HL-7, com redução nos cubos e relação de redução 4,14:1. Essa relação foi escolhida pela marca para dar maior flexibilidade ao caminhão que muitas vezes é utilizado nas mais variadas aplicações. A solução, de acordo com Zinetti, distribui melhor os esforços internos tornando o eixo mais resistente, sobretudo em rodovias malconservadas.
Ainda sobre robustez, o conjunto de suspensão a ar do Actros é formado por quatro bolsões por eixo, o que na prática se traduz em um comportamento mais eficaz no que se refere à estabilidade, resistência ao balanço, precisão direcional e ao conforto. O Actros rodoviário também é equipado, de série, com freio-motor Top Brake, que possui uma potência de frenagem em torno de 420 cv. Mas dependendo da operação, o cliente pode solicitar o retarder, como opcional que, junto com o Top Brake pode chegar a uma potência de frenagem em torno de 1 400 cv.
Na descida da serra pela rodovia Anchieta, o caminhão, que transportava aproximadamente 57 t de PBT, percorreu o trecho sem a necessidade de intervenção no pedal de freio pelo condutor técnico João Moita. No início desse trecho fomos surpreendidos pelo trânsito que se formou após uma colisão entre dois veículos, situação que foi resolvida rapidamente, e logo em seguida o tráfego voltou ao normal.
Nessa etapa, até a Curva da Onça, foi possível descer entre 25 e 30 km/h, em 6ª marcha simples a 1 500 rpm, com o retarder no 3º estágio. Ultrapassada a curva foi possível aumentar a velocidade para 50 km/h, em 9ª marcha a 1 800 rpm e, quando era necessário controlar a velocidade, o retarder era acionado no 3º estágio controlando bem a velocidade. O item está localizado numa alavanca do lado direito do volante, o que torna ainda maior a simplicidade e a praticidade de dirigir o caminhão.
No trecho ao nível do mar, no sentido a Peruíbe, ficou claro que o Actros é um veículo que oferece velocidade média mais alta e por isso goza de melhor desempenho na estrada. O OM-502 LA é um motor que responde muito rapidamente às solicitações do pedal do acelerador e que supera qualquer situação com muita agilidade. Os dois tanques, de 550 e 200 litros também permitem maior autonomia na viagem.
Nessa etapa, rodamos quase todo o tempo na velocidade de cruzeiro, a 80 km/h, a 1 300 rpm, em 12ª marcha, sem uso do piloto automático. Mas foi na subida da serra que o Actros se mostrou produtivo, conseguindo subir na etapa mais íngreme da rodovia dos Imigrantes a 60 km/h a 1 300 rpm, em 9ª marcha,ou seja, com sobra de torque caso ainda houvesse a necessidade de impor ainda mais força.
Completa a lista de itens que são equipados no Actros, de série, o bloqueio de deslocamento para partidas em rampa e freios a disco em todas as rodas com gerenciamento eletrônico ABS e ASR. O ABS (sistema antibloqueio de frenagem) evita que ocorra o travamento das rodas durante a frenagem. O ASR (sistema de controle de tração) assegura que, durante a aceleração, não ocorra o escorregamento das rodas do eixo de tração.
No que se refere ao conforto interno, o Actros tem vidros e travas elétricas, alarme de ré, imobilizador eletrônico, amplos retrovisores bipartidos e de manobra, ar-condicionado, banco do motorista com suspensão pneumática, sendo que o mesmo possui várias posições de altura e profundidade. O modelo também tem sensor de chuva e acionamento automático dos faróis.
O computador de bordo inclui indicadores de consumo e manutenção, além do ‘Econômetro’ (indicador de faixa econômica de condução do caminhão). Até aqui tudo é de série no modelo. Diferentemente dos outros membros rodoviários da família Actros, o 2546 e 2646, disponíveis na versão Megaspace Segurança, o novo Actros 2655 6×4 não tem essa versão. Apesar de a cabine contar com um túnel mais elevado por conta do motor V8, o espaço interno não ficou tão comprometido, graças à ampla cabine teto alto.
À DISPOSIÇÃO DO MERCADO
O novo produto se une aos modelos Actros 2546 6×2 e 2646 6×4, ambos com motor de 456 cv em arquitetura V6. Todos estão sendo produzidos na fábrica mineira de Juiz de Fora. Com a chegada do V8 de 551 cv, a Mercedes-Benz pretende atingir grandes frotistas que valorizam a alta tecnologia e dão importância ao transporte mais produtivo.
CONCLUSÃO
O novo Actros é direcionado ao transportador mais exigente, que sabe que vai investir um pouco mais, mas que, em contrapartida, vai ganhar em produtividade, graças à obtenção de maiores médias de velocidade. O modelo também chama a atenção pela robustez e pelos I-shift que torna a viagem mais produtiva.