Axor 2544: seis anos de mercado e boa opção de usado

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Em série inédita, a TRANSPORTE MUNDIAL decidiu revirar o fundo do baú e escolher os melhores testes, impressões e lançamentos já realizados pela publicação. Nessa seção vamos destacar um modelo diariamente e relembrar as características dos caminhões e ver como figuram hoje no mercado de usados. O teste do dia é o Mercedes-Benz Axor 2544 6×2, destaque da edição 88 da revista. Confira o teste abaixo:


Os caminhões continuam experimentando um momento de evolução, salvo as devidas proporções, muito similar a dos automóveis de luxo. Nas três últimas décadas, esses avanços foram proeminentes pelo mundo, contudo, no Brasil, tem ganhado força na década de 2000.

Tal fato levou as fabricantes a converter seus equipamentos em ferramentas mais eficientes, seguras e ecologicamente corretas, tendo em primeiro plano o operador, pois o seu bem estar é o que garante produtividade aos negócios da transportadora e pontos positivos para a fabricante do veículo. 


Em 2010, o mercado de caminhões vivenciou muitas novidades, e uma delas foi o Mercedes-Benz Axor de 12 litros, que passou a ser produzido com câmbio semi-automatizado de série, denominado Comfortshift. Essa transmissão chegou num momento importante na história da Mercedes-Benz no Brasil – que acabara de trazer, ainda importado da Alemanha, o Actros. Na época – e ainda hoje – o modelo entrava em cena assumindo a posição de um dos caminhões mais requintados vendidos no mercado nacional.

A tradicional rota São Paulo/Peruíbe/São Paulo foi utilizada para testar o modelo 2544 6×2 equipado com a transmissão semiautomatizada. Logo nos primeiros quilômetros de asfalto, o Axor causou um certo estranhamento. Isso porque a cada troca de marcha o motorista tinha de pisar na embreagem, o que funciona como uma espécie de comando.


Cada solicitação do condutor é passada para uma central eletrônica do veículo, que averigua todos os parâmetros, como a soma da velocidade, rotação do motor e da caixa de câmbio. Após essa checagem, a troca é realizada, e, por se tratar de um sistema inteligente, o caminhão ainda pode escolher a marcha mais adequada, podendo pular uma ou duas daquela solicitada pelo motorista, que acompanha o processo pelo computador de bordo no painel. 


Diferentemente dos câmbios tradicionais, em que a troca é realizada apenas com o condutor acionando o “joystick” ou a alavanca ao lado do volante, no Axor essa intervenção só ocorre no momento em que a embreagem é acionada, por isso que se trata de um sistema semi-automatizado. “Não é um sistema que exige raciocínio; é intuitivo e o motorista, com o tempo, percebe a resposta do caminhão à sua ação”, acrescenta Luiz Henrique Borges, supervisor de desenvolvimento de produto da MB.

Além de toda essa inteligência equipada no 2544, ele dispõe de freios ABS, que por meio de um sensor faz a leitura de velocidade da roda antes de engatar a marcha, pois se houver incompatibilidade dessa velocidade com a marcha solicitada, o caminhão não faz o engate e avisará por intermédio de um sinal sonoro que o ato foi inadequado. O câmbio que equipa o caminhão é o G-240 de 16 marchas, o mesmo até então utilizado na linha Axor com o sistema de trambulação mecânico.

Na primeira etapa do trajeto, ainda no Planalto Paulista, apenas observando o motorista João Moita, instrutor-técnico da fabricante, fazendo a troca de marcha e agindo rapidamente na embreagem, parecia exigir demais do operador. Erro meu. Dirigir o Axor nessa configuração é como guiar um caminhão mecânico, porém sem ter de fazer o menor esforço.

Outras características não menos importantes fazem a diferença no caminhão, entre eles, o 3º eixo de fábrica. O motor é o OM-457 LA, dotado de gerenciamento eletrônico que desenvolve 428 cv a 1 900 rpm e possui 214 mkgf de torque a 1 100 rpm, suficientes para mover o veículo em plena carga – nesta avaliação ele carregava 55,5 t de brita. 

O freio motor Top Brake tem capacidade de retenção de 367 cv de potência e é acionado por intermédio de uma alavanca no lado direito do volante. Apesar de sua eficácia ser limitada (não dispunha de um retarder como o Turbo Brake), não se pode negar que ele cumpre bem o papel, e no segundo estágio dispensou o uso do freio de serviço, mesmo na descida da Serra, na velocidade entre 40 km e 45 km/h a 2 200 rpm, em 5ª simples. 

Ao nível do mar em velocidade de cruzeiro de 80 km/h, na 8ª marcha a 1 200 rpm, o comportamento dinâmico do Axor 2544 ficou por conta de sua suspensão, na dianteira molas parabólicas, com amortecedores telescópicos de dupla ação, e na traseira Tanden – tipo balancim, com molas semielípticas e suspensor pneumático do eixo auxiliar. Trata-se de uma solução robusta, no entanto confortável para quem enfrenta longas viagens. 


Na subida da serra, foi possível concluir a combinação do OM-457 ao Comfortshif. Com uma capacidade de subida em rampa de 57 t, em movimento, segundo dados da Mercedes-Benz, em nossa avaliação o retorno ao Planalto Paulista foi com fôlego nas retomadas em 5ª simples entre 30 km e 35 km/h, a 1 500 rpm.

A transmissão semiautomatizada Comfortshift vai agradar o consumidor Mercedes-Benz porque tem potencial para melhorar o consumo de combustível da frota, devido ao aproveitamento mais preciso das mudanças de marcha (veja no quadro o resultado de consumo do modelo avaliado). O elemento vai contribuir para a vida útil do equipamento, pois evita abusos na forma como dirigi-lo.


Passados seis anos desde o lançamento do Mercedes-Benz Axor 2544 6×2, o caminhão continua sendo uma boa opção no segmento dos usados. Em 2010, o 2544 6×2 custava R$ 376.960, hoje o modelo sai por R$ 210.500. Seus concorrentes diretos, o Volvo FH 400 6×2 e o Scania G420 6×2, ano 2010, custam, respectivamente, R$ 220.000 e R$ 227.000.