O segmento de caminhões com PBT (Peso Bruto Total) superior a 15 t e PBTC (Peso Bruto Total) até 45 t é um dos que mais evoluiram no mercado em 2014. Não por acaso ele representa cerca de 20% da indústria total de caminhões. E quando se fala de evolução, não se trata de vendas, mas de produtos. Nos últimos dois anos uma série de melhorias foram feitas nos veículos dessa categoria, sendo a maior delas associadas ao conforto, com cabines mais espaçosas, versões leitos e transmissões automatizadas.
O representante da Ford com grande relevância entre os semipesados é o Cargo 2429 6×2. Ele ainda não oferece o atributo da transmissão inteligente, mas dispõe de soluções que agradam o cliente, e por isso encabeça a, com 17% de participação. Tendo como maior atributo a robustez – qualidade reconhecida em qualquer modelo da família Ford Cargo – esse caminhão 2429 ainda possui predicados que atendem o varejista de pequeno e médio porte, maiores compradores do modelo.
Enquanto para algumas marcas vender caminhão para esse perfil de público é muito mais desafiador do que negociar com grandes frotistas, que compram, muitas vezes, em grandes quantidades, para a Ford não há tanta peleja, porque a marca detém a fama de ser referência na produção de caminhões vocacionais.
Por causa dessa fama e das constantes melhorias, a Ford encabeça a terceira colocação no ranking de vendas de caminhões para atender essa categoria, perdendo para as marcas Volkswagen e Mercedes-Benz.
O trucado do varejo
Com 70% das vendas direcionadas ao varejo, a Ford, em 2013, lançou versão com caixa de transmissão de 9 velocidades para o Cargo 2429. Assim, junto com a existente, de 6 marchas, o cliente pode eleger a que melhor atende sua operação.
Segundo Flávio Costa, gerente de marketing de produto da Ford Caminhões, a caixa Eaton FS-6306 B de 6 velocidades é adequada para trechos mistos e de serra, já que, graças ao eixo de dupla redução, o veículo não perde torque. A versão da Eaton ES-11209 de 9 marchas e relação de 4,56:1 é adequada para trechos mais planos e favorece economia de combustível.
E, independentemente do modelo eleito, a transmissão atua em conjunto com o motor Cummins ISB6.7 286, que desenvolve potência de 290 cv a 2 300 rpm e torque de 96,9 mkgf a 1 500 rpm. Trata-se de um motor de 6 cilindros em linha, com 6 693 cm³ de cilindrada que, para atender à P7, norma de redução de emissão de poluente, utiliza a tecnologia SCR (Redução Catalisadora Seletiva) baseada no tratamento dos gases antes que eles saiam pelo escapamento do veículo, e como parte do processo de tratamento desses gases há a necessidade do reagente Arla 32.
Além de um motor bem resolvido, ao volante há uma boa posição de dirigir, isso por causa dos ajustes de altura de profundidade dos bancos. O conforto a bordo se complementa pelos quatro pontos de amortecimento da cabine, que deixa o veículo mais macio e menos ruidoso, e pelos bancos com suspensão a ar.
No painel, os comandos estão bem posicionados e, apesar do acabamento simples, os revestimentos são de material nobre, durável, fácil de limpar e suave ao toque. O quadro de instrumentos tem boa visibilidade, é simples e sóbrio. Destaque ainda para os espaços para guardar objetos nas laterais das portas, na parte central e na área de descanso (para a versão com cabine-leito). O rádio possui entrada USB, e o ar-condicionado é de série na versão com cabine-leito. Independentemente da versão de cabine é também de série nesse caminhão rígido o vidro elétrico.
Apesar de seu porte físico ser apropriado para as rodovias – tem 10 203 mm de comprimento na versão leito, 9 696 mm na cabine simples, e largura máxima de 2 590 mm – graças ao PBT de 23 t e a capacidade de carga útil de 16 t, o Cargo é direcionado às atividades mistas, por isso 70% de suas vendas estão no varejo e o restante, a quem faz o transporte de combustível. Também é um dos poucos espécimes utilizado em atividades urbanas quando necessário.
“Mesmo tendo um perfil mais rodoviário, está preparado para fazer operações do centro de distribuição até o comércio ou um posto de combustível, por exemplo, em centros urbanos”, ressalta Costa. ainda admitindo que a maior parte das vendas do modelo está direcionada ao varejo, a operadores logísticos de menor porte, e como o grande frotista não está no perfil da clientela, torná-lo o segundo mais vendido entre os semipesados não é uma tarefa fácil. Mas o preço ajuda; custa R$ 210 000 na configuração com cabine-leito.
Em relação aos rivais
Falta ao modelo uma caixa automatizada, algo que está sendo pulverizado em outros dessa categoria, como o Constellation 24.280 (líder de venda nesse segmento), mas na configuração de tração 8×2, Mercedes-Benz Atego 2430 6×2 e Volvo VM 270 6×2. Costa afirma que a Ford não descarta a possibilidade de automatizar a transmissão dos seus modelos mais competitivos, como o 2429, contudo, não precisou quando poderá acontecer. Também falta a opção da transmissão automatizada no Iveco Tector 240E28 6×2.
Vale ressaltar, ainda, que a Scania foi a última marca a entrar no segmento, com o P310 e a primeira a introduzir a transmissão automatizada a caminhões dessa categoria.