Especial 15 anos: a contribuição da mídia no setor

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Após conferir as primeiras duas partes do Especial TRANSPORTE MUNDIAL, veja a terceira (e última) parte agora. A redação decidiu olhar para os próximos 15 anos. Enviamos para vários profissionais do setor de transporte (indústria, transportadores e entidades) perguntas para saber qual a visão deles sobre o futuro do setor de transporte rodoviário de cargas. As respostas, muito interessantes, recebidas até o fechamento da edição 150, você confere agora.


RANDON
O mercado rodoviário de carga acompanha exatamente o movimento da economia, porque tudo que é produzido precisa ser transportado. “Apesar do atual momento de dificuldade, acreditamos numa recuperação e num futuro promissor para o setor que tem um imenso potencial a ser explorado. Vivemos num país continental, economicamente integrado e temos, ainda, grande espaço para negócios além-fronteiras”, define David Abramo Randon, presidente das Empresas Randon (Randon Implementos, Randon Veículos, Suspensys, Fras-Le, Master, Jost, Castertech, Consórcio Randon e Banco Randon).


No caso da Randon, segundo o executivo, a diversificação de portfólio é uma vantagem competitiva, que permite a presença da marca em todos os setores, projetando uma expectativa positiva em médio e longo prazos. “Crises vêm e vão. Simultaneamente, a cadeia produtiva do setor está em constante atualização e deve continuar apresentando boas soluções em transporte”.

Para o êxito dessas expectativas, Randon acredita que é preciso trabalhar ao lado do cliente, antecipando-se às suas necessidades e com muita criatividade e inovação. “Temos ferramentas qualificadas para isto, tecnologicamente falando, e temos um ingrediente muito importante que são pessoas treinadas e comprometidas. Não há uma receita pronta. Precisamos ter vontade de trabalhar e atuar muito na gestão e na qualificação da solução a ser oferecida ao cliente”.
David Randon diz que “publicações sérias como a TRANSPORTE MUNDIAL contribuem muito, retratando a realidade do mercado com precisão, seja com uma crítica construtiva, seja enaltecendo as boas práticas dos agentes que integram o mercado”.


IBEX
“Considerando que chegamos até aqui com os mesmos problemas estruturais de tantos anos e a dependência que o Brasil tem do modal rodoviário, podemos estimar que o transporte rodoviário de cargas continue sendo imprescindível para o fluxo econômico e o escoamento de todas as cargas. Meu desejo é que este setor possa contar com mais apoio por parte do governo e avance cada vez mais do ponto de vista profissional, de forma que as empresas sérias e que atuam dentro da legalidade e com contínuo investimento possam manter-se competitivas.” Essas são as considerações de Washington Moura, presidente da Ibex, para os próximos 15 anos do transporte rodoviário de cargas.

Segundo o executivo, para que esse objetivo seja alcançado, o setor precisa ser mais valorizado pelo governo. “Temos carências inúmeras, tanto em termos de infraestrutura quanto em práticas mais realistas em relação ao valor do frete, por exemplo.” O Brasil é imenso e as empresas acabam focando esforços em malhas regionais, de forma a ter mais domínio daquela realidade e poder estar mais próxima de seu cliente. No entanto, as condições de trabalho e de infraestrutura não são iguais em todas as regiões. 

É preciso olhar para cada realidade e promover condições mais adequadas em cada área. “Iniciativas como a que tivemos entre os anos de 2010 e 2013, quando o Finame PSI trouxe taxas menores nos juros, permitiram a muitos transportadores renovar suas frotas e ter menor custo impactando sobre o frete. Precisamos de incentivos como esse, que bem programados pelo governo e bem geridos pelo empresário, permitem a cadeia girar melhor e o produto chegar ao consumidor com preços mais justos”, ensina Moura. Para ele, a TRANSPOTE MUNDIAL pode contribuir promovendo o debate saudável e alertando sobre os pontos críticos que ainda precisam avançar muito neste setor.


TA – TRANSPORTADORA AMERICANA
A conjuntura atual sinaliza que no momento e nos próximos anos o governo não terá recursos para atender a projetos de grande magnitude, como os que são necessários para o desenvolvimento de outra matriz de modal para o país. “Isso nos remete à realidade de que o transporte de carga rodoviário continuará sendo o principal modal, mesmo que em condições sofridas, com uma infraestrutura deficitária”, define Celso Luchiari, diretor da TA Logística, Transportadora Americana.


Para melhorar o quadro geral nos próximos 15 anos, Luchiari acredita que o governo terá que dedicar atenção, ao menos, à manutenção e à ampliação da malha rodoviária e olhar com mais atenção para instrumentos que possam fortalecer o setor, de forma a criar condições para que o transporte rodoviário, imprescindível ao Brasil, possa se manter produtivo.

“Nós, empresários do setor, contamos com o papel da mídia em registrar as dificuldades desse meio, questionando e  sempre trazendo a público discussões e sugestões que possam contribuir para a melhoria de toda a cadeia”, define o empresário sobre o papel não só da TRANSPORTE MUNDIAL, mas da imprensa.

SETCEPAR
“Acredito que o transporte rodoviário de carga passará por muitas transformações nos próximos anos. Em função de uma série de normatizações que estamos sofrendo (lei da direção, novo RNTRC, resoluções da ANTT etc.)”, atesta Gilberto Cantú, presidente do Setcepar Transporte e Logística – Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná.

Segundo ele, haverá uma depuração natural do mercado daqueles que trabalham na informalidade, ainda com a pressão de custos que o setor sofre há anos, sem o devido repasse para os embarcadores. “Muitos desapareceram e os que ficarem terão que fazer a lição de casa, ou seja, controlar custos, dispensar clientes deficitários, ser mais eficiente  e procurar agregar outras coisas em seus serviços. Sou otimista, porém vamos sofrer muito nos próximos anos até que isso ocorra”, analisa o executivo. Sobre o que é preciso ser feito, Cantú é direto: “A empresa terá que implementar uma gestão muito profissional e eficientes no controle de custos, usando a tecnologia que esta cada vez mais à disposição dos transportadores, para alcançar o objetivo. Ao final das contas, o setor não aceita mais desperdícios”. 

Para ele, a TRANSPORTE MUNDIAL, como mídia impressa e digital, pode contribuir informando exatamente ao setor casos de sucesso para que despertem no empresário a necessidade de se mexer para avançar. “Mostrando novas tecnologias, promovendo debates, enfim, apontando ao setor o que temos de melhor para que haja um benchmark”, sugere Cantú.

ANFIR & TRUCKVAN
Alcides Braga, presidente da Anfir (Associação Nacional de Fabricantes de Implementos Rodoviários) e sócio da Truckvan, crê que nos próximos 15 anos o transporte rodoviário de carga estará mais eficiente e mais seguro. “Tenho essa certeza porque acompanho o desenvolvimento das novas tecnologias e novas formas de transportar mercadorias, com especial atenção ao que as empresas produtoras de implementos rodoviários associadas à Anfir têm realizado.”


Ele lembra que na Fenatran 2015 todos puderam ver uma boa mostra do que hoje está se fabricando, ou seja, produtos de classe internacional e dentro das mais rigorosas normas técnicas, proporcionando transporte eficiente e seguro. “É importante ressaltar que o caminho do aprimoramento e da inovação não tem volta, portanto posso afirmar que em 15 anos estaremos transportando melhor e com mais segurança”, diz.

O que já está sendo feito, Braga analisa em duas frentes. A primeira é de competência das empresas que buscam inovar, apresentando produtos mais eficientes e capazes de operar melhor dentro dos negócios a que se destinam. A segunda cabe à Anfir, que tem atuado sempre junto aos órgãos competentes sugerindo e discutindo normas que tornem cada vez melhor o transporte de cargas.

Para Braga, a imprensa especializada tem papel importante porque leva informação de qualidade, capaz de esclarecer os leitores sobre os assuntos pertinentes ao transporte de cargas. “A TRANSPORTE MUNDIAL tem cumprido bem esse papel e deverá continuar pelos próximos 15 anos e além”, finaliza Braga.

Dsqui Pontes (Leitor da revista)
O transporte rodoviário de cargas, depende diretamente da economia, que oscila muito em nosso país; Se não houver investimento em qualificação no setor, mas sobretudo se o Ministério dos Transportes continuar com suas práticas atuais, que prejudicam a base dessa pirâmide, que são os motoristas, estaremos sujeitos há um cenário bem pior que o atual!

Há que se analisar um conjunto; Somos um país continental, uma viagem de Santa Catarina a o Pará, com cerca de 3.000 Km em linha reta, por exemplo, equivale a cruzar 5 ou 6 países da Europa, isso com a nossa péssima infraestrutura e a falta de políticas para o transporte rodoviário. O governo, as empresas, os motoristas e os clientes não estão em sintonia, a principal questão é o horário, se houver uma adequação de todos, vai melhorar substancialmente; Questões como combustíveis, pedágios e orgãos fiscalizadores do setor deveriam ser levados mais a sério pelo Ministério dos Transportes, que pouco ou nada faz, em contra partida não há uma voz nacional, em defesa dos caminhoneiros, o que resulta em tudo que temos assistido.

Acompanho a TM em toda sua trajetória nacional, usando-a como ferramenta de estudo, sobre o nosso transporte rodoviário de cargas; Creio que está no caminho certo, num crescente editorial. Para somar, poderíamos ”mapear” em um início as principais rodovias, com dados como valor de pedágio, pontos de apoio, combustível com menor valor, taxa de acidentes envolvendo caminhões, roubos e furtos de cargas e veículos. Seria um ponto de partida!