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No fim do ano de 2012, o caminhão mais potente do mundo desembarcou no Brasil: o Volvo FH16 750, com potência de 750 cv. Veja nossas impressões a bordo do modelo que foi capa da edição 129 da revista, em mais um capítulo da série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL.
Quando o caminhão FH16 de 750 cv foi apresentado na Europa, em 2012, a Volvo estava comemorando as bodas de prata do motor de 16 litros. Até então, quem tinha o título de caminhão mais potente do mundo era o Scania R 730. Parece ser um contrassenso caminhões desta magnitude brindarem de tanta potência em tempos de economia de combustível e cujo tema tem sido a sustentabilidade. Porém, essa cavalagem é eficaz no transporte de cargas especiais – aquelas que movimentam grandes massas e pesos.
Para se ter uma ideia, nos países escandinavos (região que é berço da Volvo) entende-se que a base para conseguir a maior efetividade possível nessa atividade é dispor de um modelo com potência equivalente ao do FH16 750. Vale ressaltar que o mercado de caminhões, ao tempo que é racional – a compra do veículo é feita levando em consideração o quão rentável ele será para o negócio –, no caso do FH16 750 há quem o tenha adquirido levando-se em conta a emoção. Ponto positivo para os departamentos de engenharia e de marketing da marca. Tanto é que o 750, na Europa, existe nas versões 4×2, 6×2, 6×4, 8×4, 10×4, entre outras configurações.
Por aqui, o modelo chegou na composição 8×4 e para atender o segmento de cargas especiais, também chamado transporte de cargas indivisíveis. Esse supercaminhão apresenta motor de 16 litros, 6 cilindros em linha, que desenvolve impressionantes 750 cv de potência contínua entre 1 000 e 1 400 rpm e torque máximo de 362 mkgf a 1 400 rpm, isso significa que, dos anos 1987 – quando a Volvo apresentou o seu primeiro caminhão de 16 litros – até hoje, esses parâmetros praticamente dobraram.
Além da espetacular desenvoltura de potência e torque, o freio-motor VEB+ brinda poderosos 580 cv a 2 200 rpm de poder de frenagem. Se combinado ao retarder, a potência de frenagem chega a 1 180 cv. É para essa configuração que o veículo chega ao Brasil 8×4, com a transmissão I-Shift totalmente reforçada para suportar as tremendas forças de torção e torque a ser entregues, mas seu escalonamento manteve-se inalterado. São 12 velocidades e uma overdrive que se encarregam de dividir racionalmente as ações do motor. A sensação que se tem durante o trajeto é que a caixa se harmoniza com o motor, executando trocas suaves e nos regimes mais adequados para se conquistar a eficácia no consumo de combustível.
O sistema de suspensão pneumática com controle eletrônico – ECS – proporciona um elevado nível de conforto, já que efetua o ajuste automático de nível, mantendo o caminhão a uma altura constante, compensando distribuições de cargas desiguais em cada eixo. O motorista pode fazer esse controle pelo painel ou por meio do controle remoto digital, comandado dentro ou fora da cabine. Os eixos traseiros com redutor nos cubos são adequados para a atividade que o modelo vai desempenhar e se destacam por serem dimensionados para a composição 8×4 que opera num elevado torque e transporta cargas com CMT (Capacidade Máxima de Tração) de até 250 t.
Nessa configuração o caminhão possui segundo eixo direcional, cuja direção eletro-hidráulica é controlada eletronicamente. O FH16 750 que opera na carga indivisível vem com um dispositivo inteligente. Trata-se do controle de rotação do motor – atende, sobretudo, operações com grua, por exemplo. O sistema permite que o veículo não ultrapasse os 1 000 rpm de giro, protegendo, dessa maneira, a bomba hidráulica que é conectada à caixa de marchas inteligente I-Shift.
Apenas com uma pisada leve no freio é possível frear o cavalo e o implemento. “Segundo Vanio da Silveira Albino, instrutor de condução e desenvolvimento de competências da Volvo do Brasil, o sistema é igual ao tradicional, a diferença é que a válvula está conjugada com o pedal de freio. “O motorista não precisa do maneco para segurar o caminhão em descidas longas, por exemplo, ele freia a carreta com o pé. Para frear por completo todo o conjunto, basta pressionar um pouco mais o pedal do freio”, explica.
A BORDO DO FH16
A cabine do FH16 750 é 12% maior (mais alta e mais larga) em relação à cabine top da Volvo que é a Globtrotter. Isso se traduz em 1 m³ adicional, que são 4 200 mm de altura, 2 490 mm de largura e 7 440 mm de comprimento. Graças ao teto solar (em posição quase frontal) em vidro fumê, a sensação de espaço é aumentada. A bordo da cabine, que tem 2 165 mm de largura interna, chama a atenção a área de descanso, cuja comodidade surpreende. A cama principal possui 700 mm de largura e 2 040 mm de comprimento. Vale ressaltar que o caminhão traz uma segunda cama, beliche, mas, diante de tanto espaço, trafegar com um segundo motorista não faz a menor diferença.
O acabamento denota que o FH16 750 é um caminhão de primeira linha, pois o material utilizado, tecido da cama e das cortinas e o courvin dos bancos personificam o caminhão. A cortina é controlada eletronicamente. Há ainda porta-objetos na parte superior do beliche. O suporte para TV de 17” está instalado no canto superior, do lado esquerdo do motorista, e para que ela seja vista com mais conforto durante o momento de lazer, o banco do motorista é giratório. O condutor também pode fazer tranquilamente as suas refeições utilizando o próprio assento, que vira uma mesa de refeição ou mesmo de trabalho.
Os detalhes em amarelo dos bancos e dos porta-objetos dão o toque moderno. O alto padrão se completa com o acabamento emborrachado dos porta-objetos para evitar ruídos. O painel é diferenciado em relação à linha FH fabricado no Brasil e, além do desenho exclusivo do computador de bordo, ele apresenta 120 informações. O motorista pode manusear pelo próprio painel ou pelo volante multifuncional de onde é possível também comandar o rádio e atender ao telefone celular via Bluetooth. O ar-condicionado é digital, e o rádio integrado ao painel possui entrada USB e auxiliar. O veículo dispõe, ainda, de detector de fumaça que também mostra como está a umidade do ar.
No que se refere à segurança, para atender às operações pesadas, que geralmente ocorrem à noite, a Volvo desenvolveu a seta inteligente. Conforme o motorista sinalizar, seja para esquerda ou direita, imediatamente uma luz se acende para iluminar o local e o motorista enxergar a manobra. O FH16 também traz de série sensor de chuva, sensor de faixa de rodagem e alcoolock (função de um bafômetro). Ainda como segurança, o travamento da tampa frontal é ligado ao sistema elétrico de travamento do veículo.
PARA O BRASIL
O segmento de cargas superpesadas é um mercado que compra entre 150 e 200 caminhões por ano, mas a Volvo estima que, com o desenvolvimento do país, o número possa crescer em pelo menos 100 unidades. Contudo, a Volvo pretende importar o FH 16 750 8×4 com opções de cores e de cabines e, para o futuro, não descarta a possibilidade de importar outras versões do modelo. Na época da chegada do modelo, para ter uma unidade do FH16 750 8×4, o cliente desembolsava R$ 1 milhão.