A imagem nas rodovias de dois ou mais caminhões rebocando um implemento rodoviário com várias linhas de eixos com cargas indivísíveis ou superpesadas ficará mais difícil de se ver. Isso graças à caixa Volvo I-Shift com novas engrenagens super-reduzidas e altamente resistentes para a família F da marca (Volvo FH, FM e FMX), permitindo que o trabalho de transportar até 325 toneladas seja feito por um único cavalo mecânico.
Mas a função da nova I-Shift, uma variação inédita da I-Shift já conhecida, não é só no trabalho rodoviário, mas também em terrenos de superfíceis difíceis, extremas ou muito íngrimes. A combinação da caixa com os eixos de tração permitirá a otimização do motor, tendo como o foco o menor consumo de combustível, independentemente se a aplicação é rodoviária ou fora de estrada.
A TRANSPORTE MUNDIAL mostrou tecnicamente como funciona essa nova caixa na edição de maio (número 153). Agora, fomos até o campo de provas da fabricante em Gotemburgo, na Suécia, para dirigir modelos Volvo com essa nova I-Shift e outras novidades, inclusive o FMX 6×6 com controle automático da tração dianteira, lançado no Brasil neste último mês de junho e já disponível na Europa há poucos meses.
Aliás, todas as tecnologias lançadas pela Volvo para o mercado europeu geralmente em poucos meses também são lançadas para o mercado brasileiro e demais países da América Latina, inclusive esta nova caixa que agrega duas marchas super-reduzidas. No test-drive, dirigimos o Volvo FH16 750 8×4 com um semirreboque com sete eixos (total de 11 eixos na composição e 31 m de comprimento).
Sobre a plataforma, um caminhão de construção fora de estrada Volvo CE carregado com britas e PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de 120 toneladas. No percurso da prova, uma rampa com grau de inclinação de 12% — a experiência foi parar no meio da rampa e arrancar novamente. Com a ajuda do sistema auxiliar de partida em rampa, mais a função power do câmbio I-Shift acionada, a arrancada do FH16 com 120 toneladas foi tão fácil quanto a de um caminhão leve.
Outra função que pudemos testar é a do piloto automático, que podemos usar mesmo a baixíssimas velocidades e superar a rampa a incríveis 600 rpm, algo antes inimaginável. Aliás, vale a pena lembrar, as novas marchas reduzidas permitem o deslocamento do caminhão em velocidades a partir de 0,2 km/h, característica bastante útil em manobras de precisão. Essa facilidade está disponível também para manobras à ré, já que a I-Shift pode ser equipada com uma ou duas super-reduzidas, tanto à frente quanto à ré.
No test drive, pudemos também avaliar a frenagem em uma descida com grau de inclinação de 16% com o uso do freio VEB+, com efeito de 580 cv de potênica do freio, auxiliado pelo retarder, a força de frenagem chega a 1 180 cv. A descida pôde ser feita sem necessidade do uso dos freios convencionais, que ficam reservados e prontos para uma frenagem de emergência. Em uma reta com velocidade limitada a 60 km/h, esse FH16 pôde alcançar essa velocidade sem dificuldade e sempre na faixa verde, graças ao motor de 750 cv e 362 mkgf de torque e também ao excelente escalonamento das marchas e o software que faz o gerenciamento da caixa, do motor e diversos outros sensores do caminhão.
FMX COM CONTROLE DE TRAÇÃO
Outros modelos avaliados foram os FMX 420 6×6 e FMX 460 8×6, com o novo controle de tração automático e integral, ou seja, passa a incluir o eixo dianteiro. No caso do 8×6, obviamente, inclui o eixo dianteiro que possui tração. O sistema está também disponível para modelos 4×4. A tecnologia vem dos caminhões articulados fora de estrada da Volvo Construction Equipment.
TOTAL CONTROLE
Seja em terrenos com muitos buracos, “costelas de boi”, íngremes ou lama, o conjunto de sistemas eletrônicos combinados permite uma condução segura e confortável para o motorista, e maior proteção para os componentes mecânicos do caminhão.
No caso das vias com muito buracos ou “costelas de boi”, o piloto automático permite velocidade baixa e constante. Em uma subida íngreme, a caixa com super-reduzidas permite vencê-la sem o risco do caminhão voltar, e, na lama, o sistema de controle automático de tração distribui o torque do motor para as rodas que estão tendo tração. Outra novidade na gama FMX (já estava disponível na linha FH) é a Volvo Dynamic Steering (direção dinâmica Volvo) para o modelos com duplo eixo dianteiro. Essa direção, assistida eletronicamente, torna o esforço em baixa velocidade quase nulo
No caso do Brasil e dos demais países da América Latina, essa tecnologia com controle automático de tração está disponível somente para as configurações 4×4 e 6×6, pois na região ainda não existe o FMX 8×6, mas, por enquanto, apenas o FMX 8×4.
No mundo, a Volvo é a primeira fabricante a oferecer o controle automático de tração incluindo característica como o ativamento da tração no eixo dianteiro com o veículo em movimento e sem a intervenção do motorista.
Assim, visando a economia de combustível, os modelos rodam como 4×2 e 6×2, e, quando o sistema detecta perda de tração, ele transforma os caminhões em 4×4 e 6×6 automaticamente. No caso da versão 8×6 disponível na Europa, ela roda como 8×2 e passa para 8×6 quando necessário.
Geralmente, os motoristas ativam o controle de tração, ou o bloqueio do diferencial antes de chegar a um terreno mais complicado para evitar que o caminhão fique atolado. “A nova tecnologia de controle automático garante melhor dirigibilidade e conforto para o motorista, que não precisa se preocupar em mudar a tração do caminhão, o que garante menor consumo de combustível e reduz o desgaste das peças”, afirma Alvaro Menoncim, gerente de engenharia de vendas de caminhões da Volvo no Brasil.
Outra novidade que podemos experimentar foi a Volvo Dynamic Steering (direção dinâmica Volvo), que já estava disponível para os caminhões FH e agora passa a ser oferecida nos FMX com duplo eixo dianteiro. Essa direção, assistida eletronicamente, torna o esforço em baixa velocidade bastante baixo, quase nulo. Além disso, a direção retorna automaticamente para a posição de direção reta após seu travamento total, eliminando a necessidade de esforço adicional nas manobras em ambientes apertados.
MAIS NOVIDADES
O pacote de novidades da Volvo para a gama FMX inclui o aumento da capacidade do eixo dianteiro duplo de 18 para 20 toneladas, uma necessidade percebida nos mercados de mineração e construção civil para melhor distribuição da carga e ganho de produtividade. Além disso, a maior capacidade de carga nos eixos dianteiros também permite aumentar a gama de implementos e configurações de guindastes.
Para os mercados europeus, a linha FMX passa a contar com as configurações de cinco eixos (10×4 e 10×6) como modelos de fábrica. Eles têm capacidade de carga entre 50 e 76 toneladas (dependendo do mercado). E por fim, a engenharia da fabricante desenvolveu a possibilidade de combinar eixos traseiros com suspensão a ar na traseira com eixo dianteiro com tração; novo sistema de freios eletrônicos (Electronic Brake System — EBS) para modelos com sistema a tambor. A eletrônica do sistema permite uma série de funções inteligentes, como auxílio de partida em subidas íngrimes.