Mercedes-Benz anuncia a primeira grande venda de pesados via MP 1175/23

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A Mercedes-Benz anunciou nesta sexta-feira (14) ter realizado a primeira grande venda de veículos pesados via Medida Provisória 1175/23. A MP do governo federal editada no  início do mês passado. No que se refere a caminhões e ônibus, trata-se de uma forma de incentivar a renovação da frota com mais de 20 anos de idade. A cada veículo novo um é entregue para ser sucateado.

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Cerimônia na fpábrica da Mercedes-Benz contou com a presença do vice-presidente da república e autoridades

O negócio envolveu 90 ônibus urbanos OF 1721 para a Suzantur e 20 rodoviários O 500 RSD para a Viação Itapemirim, ambas do mesmo grupo. Também faz parte do anúncio da montadora 6 caminhões pesados (5 Axor e 1 Actros). A compradora é a empresa Carga Pesada Engenharia e Transportes, do Espírito Santo.

O evento contou com a presença do vice-presidente da república, Geraldo Alckmin, o CEO da Suzantur, Claudinei Brogliato. Também estiveram presentes o Presidente do Conselho de Administração da Marcopolo, James Bellini,  autoridades e sindicalistas.

O Vice-Presidente de Vendas & Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, destacou a importância do programa do governo, tanto no aspecto ambiental quanto da segurança viária. O executivo também mencionou a importância da MP do governo federal para estimular as vendas de veículos pesados.

O CEO da Suzantur, Claudinei Brogliato, mencionou que a aquisição dos 110 ônibus zero-quilômetro por meio da medida provisória 1175 vai levar uma melhor prestação de serviços aos usuários dos ônibus da empresa no ABC Paulista.

“Ganhamos com a redução na emissão de poluentes e com maior eficiência em custos operacionais, visando a rentabilidade dos nossos negócios”, disse o empresário. O executivo da Mercedes-Benz destacou que a montadora está incentivando ações de descarbonização. “Teremos redução de veículos antigos e poluentes nas ruas, além da reciclagem e da economia circular serem vitais ao planeta”, disse.

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Leoncini: Teremos redução de veículos antigos e poluentes nas ruas, além da reciclagem e da economia circular serem vitais ao planeta

Nos aspectos de segurança e social, ele explicou que a cada renovação de frota de ônibus aumenta a segurança dos usuários do transporte e a todos que estão nas vias, além de melhores condições de trabalho e conforto aos motoristas. No caso dos caminhões, o ganho é também em produtividade.

Leoncini acrescentou que há expectativa de a Medida Provisória 1175 ser uma ponte para um cenário econômico melhor. Ele se refere a juros mais baixos, crédito mais acessível e um PIB mais otimista.

No entanto, lembra que diferente dos automóveis de passeio, é necessário dar um destino ao caminhão velho, por isso quatro meses é um prazo muito pequeno para fazer todo o processo (financiamento do novo, destino do antigo etc). “Se ficar mesmo em quatro meses, teremos um resultado muito pequeno. Se estender vamos começar a ver consistência no resultado”, diz.

Ele reforça que o período do programa é muito curto e não será possível consumir os 700 milhões destinados a caminhões até outubro (prazo válido hoje para o programa) processo. “A gente gostaria que MP se tornasse uma lei, mas aí a locação de recursos para esse fim vai depender do orçamento do governo, entre outras coisas”.

“No começo, nós achávamos que o programa não ia dar tração porque tinha várias barreiras, mas que que foram negociadas, explicadas e entendidas”. Leoncini cita como exemplos a não exigência da originalidade do caminhão, uma vez que será sucateado e a entrega do veículo não precisa ser feita pelo proprietário.

Disse ainda que transportadores donos de frotas com 3 a 4 anos de idade, em média, já se movimentam identificando autônomos e agregados que os atendem de forma regular. O processo é comprar seus caminhões antigos e usá-los para a compra de modelos novos. A operação se completa com a venda a eles dos seminovos, para que continuem a prestação de serviço.

Frota de 500 mil caminhões com mais de 25 anos

De acordo com o executivo da Mercedes-Benz, a companhia acredita no potencial do Brasil e espera que esta iniciativa do Governo Federal seja o início para um programa de renovação de frota veicular permanente, com duração de longo prazo.

“Estamos falando de mais de 500 mil caminhões com mais de 25 anos. De todo modo, a cabeceira da ponte está construída, agora a gente precisa finalizar o resto”. Sua estimativa para 2023 é de o mercado fechar em 85 mil caminhões.

Segmento de ônibus

Leoncini lembra que segmento de ônibus urbano tem fatores limitantes, pois além de os operadores não comprarem à vista, várias empresas saíram bastante afetadas da pandemia devido a queda de receita por falta de passageiros, negociação com bancos etc.

Segundo o executivo, esses clientes estão agora procurando crédito com os bancos para a compra de ônibus a diesel e também elétricos, que custam até três vezes mais. Ele diz que até aqui tem vindo bem, porém operador de ônibus não compra a vista, e que as taxas de juros de até 20% ao ano podem ser um fator limitador das vendas. Leoncini estima um mercado geral de 20 unidades em 2023.