A história da Cummins no Brasil tem início da década de 1950, quando a empresa decidiu atuar na América do Sul, por meio de distribuição de seus produtos fabricados nos Estados Unidos. Em 1954, a Cummins abre a sua primeira oficina própria em São Paulo (SP). Em 1971, a Cummins constituiu filial na cidade de São Paulo, adquiriu as fábricas de motores Otto Deutz, em Guarulhos (SP) e, no ano seguinte, a de chassis Magirus, em Simões Filho (BA), quando foi constituída a Cummins Nordeste S/A. Em 1974, iniciou a produção de motores em Guarulhos (SP) destinados a uso estacionário e de equipamentos de construção; no ano seguinte, a Cummins ingressou no mercado de motores veiculares ao lançar o N-855, de 14 litros, seis cilindros e 240 cavalos de potência. Ainda em 1975, a empresa se associou à Caemi – Cia. Auxiliar de Empresas de Mineração, um dos maiores grupos brasileiros do setor de extração de minérios, e passou a deter 51% das ações da nova sociedade, a Caemi Cummins Motores S.A.

Em 1976, a Cummins já era fornecedora principal de diversos fabricantes nacionais de máquinas de construção (Clark, Komatsu, Tema Terra, Terex, Villares e Wabco; a estes se juntou a Müller, em 1978). Sua gama de motores industriais e veiculares (todos do ciclo Diesel com seis cilindros em linha) era apresentada em três versões: N, aspirado, com 240 cv; NT, turbo, com potências entre 250 cv e 340 cv; e NTA, turbo com aftercooler (pela primeira vez no Brasil), entre 350 cv e 406 cv.

Em 1980, a produção já ultrapassava 3 mil unidades, sendo 50% destinadas à exportação. Em junho de 1981 foi encerrada a participação da Caemi na Cummins. No mês seguinte, a empresa (agora denominada Cummins Brasil S.A.) ainda tinha sua estratégia inicial de concentrar-se na fabricação de unidades de elevada potência, parcela resumida do mercado ocupado pela empresa. Com a introdução de nova família de motores médios e semipesados (Série C, de seis cilindros, 8,3 litros e potência entre 150 cv e 250 cv, dependendo da versão aspirada, turbo e turbo com aftercooler), em 1986, a empresa elevou radicalmente a sua participação no mercado brasileiro. E para acelerar o lançamento, a Cummins adquiriu da Fiat Diesel, que encerrava a sua fábrica de caminhões, a linha de produção de motores herdade da FNM. Também em 1986, iniciou a produção da Cummins Turbo Technologies.

Os primeiros veículos de série a utilizar os novos motores, lançados simultaneamente no Brasil e nos EUA e com 40% menos peças do que os equivalentes do mercado, foram os ônibus Mafersa. Em ritmo acelerado expansão, a Cummins Brasil introduziu em 1989 a Série B para caminhões na faixa de 14 t – linha de motores médios com quatro ou seis cilindros (3,9 litros ou 5,9 litros) e potências entre 130 cv e 180 cv. Com estas duas famílias, a elevada dependência do mercado externo começou a reverter. Ainda naquele ano, a Cummins Brasil inaugurou o Centro de Desenvolvimento Tecnológico.

Essa tendência de acelerada expansão se consolidou no início da década seguinte, a partir do momento em que a Cummins passou a equipar a linha de caminhões Ford Cargo nacionais (1992), ano em que a empresa lançou a linha de motores movidos a gás natural, e iniciou a participação, como fornecedora de motores, no consórcio modular da Volkswagen Caminhões, em Resende (RJ).

A partir daí sua produção (com índice de nacionalização médio de 85%) avançou ainda mais, atendendo 10% do mercado brasileiro de caminhões em 1995, 12% no ano seguinte e 17% em 1997; em 2004 este indicador estaria em 35%.

Com apenas 25% de nacionalização, no ano 2000, a Cummins iniciou a produção nacional da série ISM, com 11 litros e gerenciamento eletrônico (Interact System M). Também em 2000, iniciou-se a produção da Cummins Filtration e inauguração de uma nova fábrica em Guarulhos (SP). Dois anos depois, a Cummins Brasil deu inicio à produção de geradores de energia, também em sua unidade fabril de Guarulhos.

Além de atender a normas mais rigorosas de controle de poluição, o motor “interativo” (que foi de imediato aplicado aos caminhões International para exportação) continha ferramentas de coleta de dados em tempo real, com 120 itens programáveis, permitindo autodiagnóstico, avaliação de desempenho do equipamento e até corte da potência do motor em casos de falhas graves.

Na sequência ao ISM, que gerava até 405 cv de potência, foi lançado o ISB, com 8,3 l e 330 cv. Na Fenatran de 2003, a eletrônica chegou aos motores médios e semipesados, que passariam a equipar os caminhões Ford e VW a partir do ano seguinte – a família Interact 4 e 6, com os mesmos 3,9 litros e 5,9 litros, porém com nova arquitetura, quatro válvulas por cilindro e o moderno sistema de injeção common rail.

Para 2004 a Cummins desenvolveu a série Euromec III, derivado da série B, um motor “mecânico” (isto é, sem gerenciamento eletrônico) mais barato, para aplicações leves (3,9 l e 120 cv), porém ainda atendendo às exigências das autoridades ambientais brasileiras. Em 2005, também na Fenatran, foram lançados o ISC, versão eletrônica da bem-sucedida série C, com potência elevada para 320 cv, e o Euromec C, o correspondente ao EuroMec II na família C.

Em 2004, ano de seu 30º aniversário como fabricante, a Cummins chegou à marca de 430 mil motores produzidos. Na edição seguinte da Fenatran, em 2007, a empresa apresentou a série ISL, com 8,9 litros e 400 cv, importada da Inglaterra, com previsão de lançamento futuro no Brasil. Apta a atender as normas Conama previstas para 2009, dispunha do novo sistema de controle de emissões SCR (Selective Catalytic Reduction) a base de solução de água e ureia com catalisador; tinha módulo de controle eletrônico com velocidade de processamento duas vezes maior e opção de freio-motor integrado ao cabeçote, atuando diretamente sobre as válvulas de escape.

A década de 2010 ficou marcada para a Cummins Brasil com a decisão estratégica de diversificar suas atividades industriais e comerciais por meio de Unidades de Negócios, compostas em Motores, Turbocompressores, Geradores de Energia, Filtros (unidade fabril inaugurada em 2011) e Distribuição, sem se descuidar dos novos marcos regulatórios de emissões veiculares, oriundos da Europa, o Euro V, e, na sequência, o Euro VI. Com as vigorosas vendas em 2011, a Cummins Brasil chegava à marca de 1 milhão de motores em 2012. Nessa fase, a Cummins inicialmente importava os motores ISF 2.8 litros e 3.8 litros, que – em 2016 – foram nacionalizados.

A partir da metade da década de 2010, a Cummins Brasil – mesmo com o fortalecimento das Unidades de Negócio, mas com céleres movimentações mundiais por sustentabilidade – passou a investir, não só mais em produtos, mas em soluções energéticas para a mobilidade, em especial em eletrificação veicular e células de combustível, lembrando que a companhia – no País – já está pronta para atender ao Euro VI, legislação que deve entrar em vigor no Brasil em 2023.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).