Dias atrás, representantes da Scania estiveram reunidos com o prefeito de São Paulo, secretários e provedores, para discutir a viabilidade do uso de ônibus movidos a gás no transporte público da cidade. O encontro teve como objetivo principal chegar a um entendimento sobre as regiões onde seria mais viável a operação de ônibus a gás, elétricos ou movidos a diesel.
Diante das dificuldades enfrentadas para a ampliação da frota de ônibus elétricos na metrópole paulistana, a opção de veículos movidos a GNV (Gás Natural Veicular) ou Biometano é vista como uma importante alternativa na jornada para a descarbonização do transporte público da cidade.
Regiões onde a há alternativa para o ônibus Scania a gás
De acordo com Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, o objetivo do encontro foi identificar as regiões onde a aplicação do gás pode ser uma alternativa mais viável que o diesel. “A ideia é ver onde o uso de gás e os ônibus podem ser abastecidos, e onde é melhor o elétrico ou o diesel”, explica.

Outro ponto destacado pelo executivo sobre a viabilidade do gás como opção está no preço do ônibus. Conforme diz, atualmente os valores entre os veículos com essa alternativa e os tradicionais a diesel já estão mais alinhados.
Alto preço do elétrico e falta de infraestrutura para carregamento
Nucci acrescenta que, por outro lado, além do alto custo, o ônibus elétrico a bateria enfrenta também a falta de infraestrutura para carregamento. Atualmente, a cidade de são Paulo tem apenas cerca de 450 ônibus em operação com essa tecnologia.
“Quando se comparava o preço do ônibus a gás com o tradicional a diesel, o custo não tornava essa opção viável. E quando se compara com o preço do elétrico, ele se torna mais viável ainda, especialmente nas regiões onde se terá dificuldade brutal para eletrificação”, explica Nucci.
O executivo lembra ainda que por mais que se queira implantar a eletrificação, não há disponibilidade energética suficiente em São Paulo para eletrificar toda a frota.
No entanto, defende o uso das três opções para mover a frota urbana de ônibus, com a adoção da fonte de energia conforme a infraestrutura da rota, porque não haverá uma solução única.
A Scania tem promovido testes de ônibus movidos a gás em várias cidades do País, desde 2023. A Relação inclui as cidades paranaenses de Curitiba, Ponta Grossa e Londrina. Os veículos da marca rodam em testes também em Recife/PE, Campo Grande/MS, Goiânia/GO e Rio de Janeiro.
Gás Biometano e GNV
Especialistas destacam que, ao considerar o uso do gás na descarbonização e no impacto ambiental, é fundamental lembrar que o GNV (Gás Natural Veicular) é um combustível fóssil — embora apresente uma queima mais limpa que o diesel.
Esse tipo de gás emite menos CO₂ por quilômetro rodado, com uma redução estimada entre 15% e 25% nas emissões. Além disso, gera menos material particulado e menos óxidos de nitrogênio (NOx) do que os motores ciclo diesel. Ainda assim, continua a produzir emissões. Por isso, os especialistas consideram o GNV uma alternativa de transição ao diesel.
O Biometano, por sua vez, é um combustível renovável, praticamente isento de emissões de CO₂, NOx e materiais particulados. A produção do biometano ocorre por meio da digestão anaeróbica de resíduos orgânicos, como lixo, dejetos e esgoto etc.
Vale lembrar que o por não ser um combustível fóssil, o biometano é uma fonte renovável de energia e considerado neutro em carbono, já que o CO₂ liberado em sua combustão pertence ao ciclo natural. Diferentemente do diesel e do GNV, que são de origem fóssil e acrescentam carbono novo à atmosfera, o biometano contribui para um balanço mais equilibrado de emissões.
No entanto, o processo de produção de Biometano exige infraestrutura específica — como usinas de produção — cuja presença ainda está em fase de expansão no Brasil. Segundo Alex Nucci, diversas empresas já demonstram interesse em investir na produção de Biometano.