Scania R 500: alta potência e consumo contido

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Em janeiro de 2011, a edição 91 da revista trouxe na capa o Scania R 500, com cabine Highline, que foi o testado pela equipe. Confira todos os detalhes da nossa avaliação, em mais um capítulo da série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL.
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Estar a bordo de uma cabine Scania R Highline é sinal de que o trabalho vai ser bastante agradável. Agora, dirigir esse caminhão equipado com um motor V8 significa que o trabalho vai ser proveitoso e rentável. Além disso, o caminhão entrega sensações únicas. Sem menosprezar as outras mecânicas da marca sueca – aliás, muito bem avaliadas na seção Teste –, mas o ronco do motor V8 o diferencia, assim como sua construção.

Equipado com propulsor de 500 cv, em conjunto com a transmissão inteligente Opticruise, o Scania R se coloca em estado de arte, pois sua prestação é sobressalente, seu consumo racional, e ele atende a norma de emissão Euro 3. Até então, era inimaginável uma máquina de 500 cv, tampouco com esses atributos. Mas graças ao laborioso trabalho da engenharia e do marketing, que sacaram a maturidade do transportador brasileiro, um singular segmento abriu suas portas para a inovação.

O Scania R foi introduzido no Brasil junto com a nova série P, G, R. Inicialmente, ele foi concebido para atender ao segmento do transporte de cargas indivisíveis. Contudo, graças ao conceito de produção modular da Scania, que oferece ao cliente a possibilidade de montar o caminhão conforme a sua necessidade, o R 500 teve sua presença expandida a outros setores do transporte, como o de longa distância. O cavalo-mecânico era oferecido nas trações 6×2 e 6×4, com caixa e relação de diferencial reduzido para o segmento superpesado ou longa para o rodoviário. Aliás, as relações de diferencial disponibilizadas eram de 3,42:1; 4,22:1; 3,80:1 e 3,07:1.

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Apesar do novo nicho de mercado, que podíamos chamar de “altas potências econômicas”, ser representado por caminhões cujo preço é um pouco mais elevado, parece estar se tornando mais acessível e até necessário em alguns setores da economia.  

Com a introdução, a partir de janeiro de 2011, da Resolução 210 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que obriga caminhões adquiridos este ano ter tração 6×4 para bitrem, o Scania R tornou-se uma alternativa eficiente. Ele possui torque de sobra, e entrega mais potência, com isso é possível manter o caminhão numa mesma sequência, sem a necessidade de retomadas mesmo em situações mais íngremes. Com isso se reduz a troca de marcha, porque sua força dispensa a necessidade de retomadas. Ganha-se na vida útil dos equipamentos da transmissão e em média de consumo mais amigável, o que se traduz em retorno operacional.

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Outros segmentos que têm atuado com o pesadão Scania R 500 são bitrenzão (bitrem de 9 eixos) e rodotrem, também pelos mesmos preceitos já mencionados. Na prática, o motor DC de 16 litros e 8 cilindros em V entrega 500 cv de forma constante a 1 900 rpm, o que proporciona uma ampla faixa de utilização em máxima performance. O torque máximo também se sobressai, com 244 mkgf de 1 100 a 1 300 rpm. 

Como é natural em um caminhão com esses atributos, o Scania R 500 incorpora algumas soluções técnicas bastante eficientes. Tanto é, que essas altas prestações do propulsor estão sabiamente reguladas com a caixa de câmbio Opticruise de 12 relações + 2 crawler – suficientes para aproveitar ao máximo  toda a força motriz do motor sem gastar muito combustível.

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Vale ainda ressaltar que, opcionalmente, essa caixa podia ser complementada com o freio retarder, um moderno sistema integrado à caixa de marchas. Ele funciona em conjunto com o freio motor e os freios de serviço, e oferece uma potência de frenagem que atinge até 306 mkgf de torque. Em prova, durante a descida rumo à praia, o sistema segurou bem o bitrem com 35 540 quilos de brita – que somados ao conjunto resultou num PBT de 54 540 quilos. 

Nesse trecho, respeitando o limite de velocidade para caminhões, a 40 km/h, o cavalo-mecânico desceu os primeiros quilômetros da Serra, pela rodovia Anchieta, em 4ª simples com a rotação do motor variando entre 1 800 e 1 900 rpm e freio retarder entre o 3º e 4º estágios. Já no final da Serra, foi possível aumentar mais a aceleração para 50 km/h e em 5ª reduzida a 1 600 rpm – trecho que bastou apenas do 4º estágio do freio auxiliar para segurar toda a estrutura.

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Partindo da premissa que o segredo para administrar um motor com essas dimensões está no acelerador, Rogério Matheus, instrutor da Scania, mostrou, já ao nível do mar, do que o R 500 era capaz de oferecer. Entre 80 e 90 km/h o modelo dificilmente saiu da faixa de rotação, mesmo quando foi solicitado mais do acelerador, talvez aí seja esse um dos seus pontos fortes para a boa economia feita nesse trecho.

Entre 70 e 80 km/h em 6ª marcha, de 1 250 a 1 400 rpm conseguimos obter uma ótima performance do caminhão. Mas foi de volta ao Planalto Paulista, pela Rodovia dos Imigrantes, que o Scania mostrou toda a força de seus 500 cv. No começo da Serra, subiu em 4ª marcha simples a 1 300 rpm e foi assim até na hora das ultrapassagens. O que impressionou foi que o motor não pediu retomada em ultrapassagens – seguindo assim, até a chegada ao Planalto Paulista, onde passou para 5ª simples.
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CABINE
O habitáculo Highline é um dos mais superiores em termos de estação de trabalho. Tudo nele foi concebido levando-se em conta os preceitos da ergonomia e do bem-estar do condutor a bordo. Para se ter uma ideia, o material empregado no painel de instrumentos não absorve energia solar, portanto, não reflete luz e nem absorve o calor externo e, além disso, o painel é um dos mais encurvados da categoria, ficando todos os sistemas muito próximos do motorista. É na alavanca instalada do lado direito do volante, por exemplo, que o motorista controla o Opticruise e o retarder.

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Os bancos foram projetados com bases em estudos de ergonomia sobre a melhor posição que a pessoa deve estar mesmo que sentada por longos períodos. Vale ressaltar que o banco do motorista equipa suspensão pneumática, porém, se necessário for, a Scania disponibiliza também o item para o banco do passageiro. A praticidade está aliada ao espaço interno, apesar de ter um túnel do motor elevado, ainda assim há espaço de sobra para um motorista com mais de 1,80 m se movimentar. A área de descanso foi projetada também para ajudar o operador a tirar o melhor proveito nos seus intervalos. A cama possui colchão com espuma de alta densidade e também foi desenvolvida pensando na boa postura mesmo na hora de dormir e assim preservar a coluna do motorista.