Os caminhões elétricos são alternativas aos movidos a diesel no quesito emissões de poluentes, desde que abastecidos por energia de fontes limpas, como solar e eólica. A Volvo iniciou as vendas dos modelos elétricos FH, FM e FMX. Em momento de controvérsias sobre produção de energia, caberá ao cliente a consciência sobre o ciclo completo para que o benefício ambiental ocorra de verdade. Inclusive, a Volvo Cars realizou um estudo comparativo entre o Volvo XC40 elétrico e o Volvo XC40 a gasolina. A própria fabricante chegou a conclusão que o modelo movido elétrico polui 40% mais se este for abastecido com energia produzida em termelétrica. O tema é cheio de controvérsias.

A fabricante garante que os caminhões elétricos serão produzidos na planta neutra de CO₂ de Tuve em Gotemburgo para começar. “Este é um marco para a Volvo Trucks. Há muito interesse dos clientes em fazer pedidos para esses caminhões. Até agora, oferecemos aos clientes e parceiros a assinatura de cartas de intenção de compra, mas agora começamos a assinar pedidos firmes, o que é um grande passo em direção a eletrificação”, diz Roger Alm, presidente da Volvo Trucks.

Os maiores mercados e suas controvérsias

 Em 2021, a Volvo Trucks recebeu pedidos, incluindo cartas de intenção de compra, para mais de 1.100 caminhões elétricos em mais de 20 países. As versões elétricas dos caminhões médios Volvo FE, Volvo FL e Volvo VNR já estão em produção em série. Os maiores mercados para os caminhões elétricos da Volvo na Europa atualmente são Noruega, Suécia e Alemanha.

Apesar de 99% das fontes de energia doméstica da Noruega serem sustentáveis por hidrelétricas em seu litoral, nos fiordes e nas cachoeiras, a Noruega ainda é uma grande extrativista e exportadora de petróleo, o que se tornou uma questão política com controvérsias. 

Na Suécia, apesar de todos os esforços, o uso de energia de fonte poluente é grande. “Em 2018, a participação das energias renováveis na produção de eletricidade era de 54,6% na Suécia (incluindo 39% hídrica, 11% eólica). Este desempenho, alto em comparação com a média dos países europeus, pode, no entanto, ser comparado com os resultados de outros países escandinavos como a Finlândia (47%), Dinamarca (69%) e Noruega (95%)“, aponta Philippe Guérin, diretor-geral da Omexom (Infratek) na Suécia (VINCI Energies). “Mas é também notável a ambição da Suécia com suas metas de 65% de energia renovável no consumo final total até 2030 e um ambicioso 100% até 2040. O país até se comprometeu a proibir o uso de combustíveis fósseis nos transportes até 2030”, acrescenta. 

No final do mês de outubro de 2020 a Alemanha chegou a gerar 195 TWh no total, incluindo todas as formas de energia renovável (solar, eólica, hidrelétrica, biomassa, entre outras). Ao considerar o consumo de energia industrial, temos 52,2% da energia gerada advinda de fontes renováveis (em 2019 eram 46%).

A Volvo Trucks é líder de mercado na Europa para caminhões elétricos pesados, com uma participação de mercado de 42% em 2021, e também possui uma posição de liderança na América do Norte.

O tema dos veículos elétricos passou a ser preocupante na Europa devido ao conflito militar iniciado pela Rússia e ameaça deixar a população europeu sem energia elétrica para sobrevivência e a possibilidade do retrocesso ao uso de carvão pelas termelétricas em controvérsias. 

Cases da Ambev, Volkswagen Caminhões e da Scania Brasil

A brasileira Ambev tem muito a ensinar aos países europeus, mesmo considerando as diferenças de realidade entre o Brasil e diversos países. Inclusive, o trabalho feito por aqui está sendo usado como estudo piloto para ser replicado em diversos países nos quais a InBev está presente. Tudo tem a ver com a grande parceria entre a Ambev e o trabalho bem-sucedido da engenharia da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) em Resende (RJ). Neste site há muitos artigos já publicados sobre o VW e-Delivery. Para o sucesso desta parceira, a Fabet está criando o primeiro curso de treinamento de motoristas de caminhões elétrico e também para gestores de frotas com caminhão elétrico.

A Ambev trabalha no plano para alcançar Net Zero integra com ações que estão em andamento desde 2017, quando a companhia firmou compromissos focados em ação climática, gerenciamento de água, agricultura e embalagem. “O novo propósito traduz a união entre a nossa capacidade de mobilizar pessoas em um objetivo comum e nossas ações para construir um futuro melhor”, diz Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da Ambev.

Desde 2017, a companhia avançou fortemente nessa jornada. No Brasil, as emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) de suas operações foram reduzidas em 35% até 2020, e 100% de suas 32 unidades no País já operam com energia renovável. O plano é zerar as emissões de carbono até 2040.

No Brasil, as fontes de energia renováveis representam 83% da matriz elétrica no País. Atualmente, cerca de 83% de nossa matriz elétrica são originadas de fontes renováveis, segundo o conforme o Ministério de Minas e Energia.

Outro bom exemplo vem da Scania, único fabricante de caminhões movidos a gás e com mais de 600 unidades em uso por transportadoras incentivadas por importantes embarcadores com compromissos globais para a redução de emissões de poluentes. Os caminhões da Scania podem ser abastecidos por dois tipos de gases: GNV (Gás Natural Veicular) ou biometano, e também, com a mistura dos dois em qualquer proporção.

O maior benefício está no uso do biometano, um combustível produzido a partir da purificação do biogás. Este tipo de gás não precisa de petróleo e nem da Petrobras. Tendo o conhecimento necessário, ele pode produzido no quintal de qualquer residência. A matéria-prima para a produção do biogás é o lixo orgânico, o que todos nós geramos ao fazermos o café da manhã, almoçar ou jantar, e até ao usar o banheiro. Logicamente, para uma produção em escala, é necessário muito lixo, disponível em fazendas, indústrias, hospitais e no comércio, principalmente em restaurantes e lanchonetes. Controvérsias ainda vão continuar.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).