Volvo FMX revoluciona conceito “Super Heavy”

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Para avaliar os atributos do Volvo FMX fomos para Santa Catarina, precisamente para a cidade de Vidal Ramos, em uma das unidades da Votorantim Cimentos. Inaugurada em 2011, essa unidade, que se soma a mais duas localizadas no Estado sulista, é a mais completa, pois atua desde a extração da mina até a produção do cimento, enquanto as outras fazem apenas a moagem.

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José de Cássio Schittini, gerente de mineração do Grupo Votorantim, explica que a marca detém 40% do mercado de cimento no país, o que significa uma produção em torno de 36 milhões de toneladas/ano apenas no Brasil. Para tanto, existem outras 40 unidades de produção e 90 centrais de concreto espalhadas por 239 municípios. A unidade de Vidal Ramos ocupa uma área de 190 000 m² e tem capacidade produtiva para 750 000 toneladas/ano.

Para isso, são necessários veículos fortes e que estejam sempre disponíveis, que possam ter o maior número de horas trabalhadas. Razões para que parte da frota seja formada por Volvo FM e FMX. A unidade avaliada pela Transporte Mundial também serviu de testes para a empresa que, quando for renovar a frota, não descarta trocá-la por modelos mais completos, sofisticados e robustos – três palavras que traduzem bem o que é o Volvo FMX.


ÚNICO ESPÉCIME
O que chama a atenção no FMX é que toda a sua estrutura é de um caminhão nascido off-road, mas a bordo entrega conforto e espaço de um caminhão rodoviário, assim como os seus irmãos FH. Prova de sua força parte da CMT (Capacidade Máxima de Tração) de 150 t e o PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de 74 t. Um caminhão fora de estrada dessa magnitude é sempre singular, e o FMX apesar de ter sido baseado na plataforma do FM – caminhão que ainda tem forte presença nos campos off-roads –, é mais uma resposta da fabricante sueca às constantes exigências que essa natureza de transporte demanda.

O FMX foi especialmente desenvolvido para o transporte pesado em condições severas, concebido para a vida dura, indicado para aplicações como mineração, construção, transporte de cana-de-açúcar e de madeira.

Essa operação da Votorantim utiliza a versão do FMX 8×4 equipada com motor Volvo D13C500, que desenvolve potência de 500 cv de 1 400 a 1 900 rpm e torque de 255 mkgf de 1 050 a 1 400 rpm. Trata-se de um motor de 12,8 litros, 6 cilindros em linha com sistema próprio de injetores-bomba que cumpre a norma do Conama P7 de redução de emissão de poluentes por meio do sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva) de pós-tratamento dos gases, em que há a necessidade do reagente químico Arla 32.

Dentre o pacote de inovações do trem de força está a caixa de câmbio automatizada I-Shift de 12 velocidades e 2 reduzidas desenvolvida para operações pesadas. É uma caixa mais robusta, para suportar impactos comuns nas aplicações como campos de pedreira, mineração e construção. Para tanto, possui um software específico para atender tais demandas.

Devido ao motor de 13 litros, o freio-motor VEB tem 510 cv de poder de frenagem, porém, quando combinado com o freio auxiliar Retarder, proporciona um poder de frenagem de mais de 1 100 cv de potência. O modelo ganhou também uma nova opção de eixo para 150 toneladas de PBTC (Peso Bruto Total Combinado). Para fazer frente às duras condições de trabalho, o modelo eleito para a operação tem tração 8×4.

Nessa configuração o FMX possui 50 mm a mais de altura entre o eixo e o solo, resultando na maior capacidade de trafegar em pisos ruins. No quesito segurança, o bloqueio do diferencial possui dois estágios. O primeiro é utilizado em situações em que o veículo corre o risco de patinar. O segundo usa-se quando a pista está muito escorregadia, bloqueando as rodas e permitindo que o caminhão só trafegue em linha reta. Outro item de segurança é o freio estacionário eletrônico. Caso o motorista desligue o motor do veículo e por um acaso se esqueça de acioná-lo, a eletrônica faz a sua parte, travando-o automaticamente.

ATÉ GUINDASTE
Nessa operação, o modelo estava acoplado à caçamba, mas por ser um caminhão ajustado às operações florestais, de mineração e construção, pode receber uma variedade de implementos, inclusive guindastes. O FMX possui reforços estruturais, o que torna a suspensão traseira mais robusta. A longarina do chassi é em aço especial, mais leve e mais robusto e flexível ao mesmo tempo. A bitola do chassi também é mais larga, o que garante ainda mais estabilidade para operações como as basculantes.

O FMX trabalha com desenvoltura nessa operação carregando 36 t de pedras-britas extraídas da mina de calcário e levadas até o britador, onde são transformadas em clínquer – são 2,2 km de distância, feitos em uma pista barrenta e sinuosa. Para descarregar o caminhão no britador, o motor gera uma rotação de 1 100 rpm com a caixa no modo manual, permitindo o bom funcionamento da caçamba. No dia da operação chovia torrencialmente no Estado, então, por questões de segurança, tivemos de fazer o trajeto a 30 km/h. Nessa velocidade a I-Shift oscilava entre 6ª e 7ª marchas de 1 100 a 1 200 rpm.

Nos trechos de declive, por não serem tão acidentados, o primeiro estágio do freio-motor, ou cerca de 40% da potência de frenagem, mesmo com o caminhão carregado, deu conta da segurança. Para dosar a frenagem, o motorista pode acionar o freio-motor pela alavanca do lado direito do volante, graduado em quatro posições.Nessas condições ter o apoio da eletrônica do câmbio faz a diferença nas 8 horas de jornadas diárias, já que o condutor só precisa estar com as mãos ao volante e com a atenção na operação.

DESIGN INTELIGENTE
O FMX, além de ter um visual que chama a atenção em qualquer obra, foi todo rearranjado para ser funcional. O desenho frontal não nega sua força, e isso é apoiado pelo para-choque mais alto, o que promove um melhor ângulo de ataque e ainda conta com degrau de acesso para a limpeza do para-brisa. Compõe a parte frontal o pino de reboque destacado ao centro da grade, capaz de suportar pesos superiores a 32 t. Os faróis têm todas as funções em uma única unidade, e são protegidos por uma grade e as luzes são em LED tanto na parte dianteira quanto na traseira. Os espelhos retrovisores possuem armações resistentes, que suportam o tratamento severo.

A bordo, toda acabine foi pensada e projetada para o motorista. O modelo avaliado tinha cabine simples, mas a Volvo oferece a versão leito. A suspensão pneumática pode ser comandada eletronicamente por um controle remoto de dentro da cabine. Transmissão automatizada, teto com escotilha, ar-condicionado e trio elétrico estão entre os diferenciais oferecidos pela fabricante, sendo a maioria deles de série.

Outra novidade que torna a cabine do FMX a mais charmosa do segmento é o banco com acabamento em courvin com detalhes vermelhos. Além de ser de fácil limpeza, dá ao ambiente um clima aconchegante.  Para manter a cabine sempre limpa, os tapetes de borracha têm o formato de uma bandeja, assim a poeira fica toda concentrada no mesmo lugar e o motorista pode retirar com mais facilidade para limpá-lo.

O painel recebeu novo layout, ficando mais interativo e de fácil acesso para o motorista, já que os controles estão ainda mais ao alcance das mãos. Os botões do piloto automático, do computador de bordo e do rádio estão integrados ao volante. O freio da carreta agora está localizado na coluna de direção, e não mais no painel.

O CONCORRENTE
O Scania G 480 foi o modelo que deu origem ao conforto em caminhões fora-de-estrada, pois a Scania trouxe o conceito de sua cabine rodoviária R para a linha off-road. Foi também a Scania a primeira a introduzir, há cerca de 10 anos, a transmissão automatizada Opticruise de série para o segmento.

O modelo é equipado com suspensão preparada para suportar maiores capacidades de carga, já que seu PBTC é de 74 t e CMT de 150 t na versão 8×4. O chassi também sai de fábrica preparado para o tipo de encarroçamento que o veículo for receber. A Inteligência se completa pelo sensor de inclinação do veículo (também oferecido pela Volvo no FMX) que ao perceber qualquer perigo na hora do basculamento bloqueia o sistema na hora.

O Scania G 480 8×4 também dispõe de luzes dentro do cofre do motor para ajudar em casos de manutenção noturna, comuns em campos de minério, por exemplo. De série o veículo conta com retarder e Scania Drive Support. O modelo ainda oferece novo pino de reboque de tração para 35 toneladas. A cabine traz o aspecto off-road e ganhou uma grade frontal completamente nova, mais resistente e mais robusta que agora é uma peça única.