Abril foi o pior mês

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Geralmente, o mês de abril apresenta um resultado melhor do que os meses anteriores do mesmo ano. Porém, 2015 foi diferente. Além de uma queda nas vendas, desde janeiro, extremamente mais elevada do que o esperado, os números de emplacamentos de caminhões em abril foram 10,9% abaixo do mês de março deste ano. Apenas cinco marcas não tiveram um resultado tão desastroso. A Mercedes-Benz (4,4% de crescimento) com emplacamento de 1 622 caminhões em abril contra 1 554 do mês anterior; a Scania (crescimento de 44,5%), com 461 modelos vendidos contra 319 em março; a Volvo (-6%, portanto, uma queda menor do que a média do mercado), com 658 caminhões emplacados contra 700 do mês anterior; a DAF (crescimento de 30,6%) com 34 unidades vendidas contra 26 em março; e a Schaman vendeu em abril a mesma quantidade que em março, ou seja, um caminhão em cada mês. A queda de vendas na indústria automobilística já provocou mais de 138 mil desempregos (considerando os segmentos automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, tratores e máquinas agrícolas, e toda a cadeia de fornecedores, rede de concessionárias…).

Vice-presidente da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, diz que consulta por compradores aumentou

Em recente encontro com jornalista, o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, comentou que a esperança é que o mês de abril tenha sido o fundo do poço. Um dos fatos para acreditar nisso é que o número de consultas por transportadores interessados em comprar caminhões na rede de concessionárias da marca vêm aumentando. Lembrou que o crescimento das vendas dependerá da disponibilidade de crédito por parte dos bancos, o que, por sua vez, dependerá do nível de confiança na economia brasileira.

Atualmente, ainda há uma dependência muito grande do crédito fornecido pelo governo por meio do BNDES. “A importância do Finame vai diminuir no decorrer do tempo, mas ainda é a linha de crédito mais vantajosa, mas depender um único modelo de financiamento não é saudável. Para o mercado crescer as outras modalidades precisam ser atrativas”, acrescentou o presidente da Mercedes-Benz, Philipp Schiemer.

Schiemer, presidente da MB, diz que não é saudável depender de uma única modalidade de crédito

A situação não é muito diferente para os implementos rodoviários. A Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários), o segmento registra queda de 50,74% nos emplacamentos de semirreboques e reboques no primeiro quadrimestre deste ano. Foram vendidos 9 341 em abril contra 18 962 em março. Essa queda de vendas já provocou a demissão de mais de 15 mil pessoas deste segmento. No segmento de leves (implemento sobre chassi), a redução das vendas no primeiro quadrimestre foi de 31,16% (21 158 unidades vs. 30 735).

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).