Campeão do Rally Dakar 2016, Gerard De Rooy deu entrevista exclusiva a todos os membros IToY, no qual o Jornalista Marcos Villela, editor-chefe da revista TRANSPORTE MUNDIAL, é representante. Veja na íntegra:
Neste Dakar, os números da equipe parecem impressionantes: quatro caminhões entre os dez primeiros colocados, sendo três entre os cinco primeiros; além disso, um desempenho de equipe forte e estável, etapa por etapa. Quais são as razões para este resultado?
Uma equipe com 3 pilotos no Powerstar, todos capazes de vencer o Dakar. Bons condutores, e uma equipe de mecânicos eficiente.
Você pode descrever alguns detalhes do ‘seu’ Dakar?
Meu Dakar 2016 foi um rali onde eu pude realmente me concentrar no meu trabalho. Ou seja, correndo para a vitória. O novo set-up da equipe permitiu que eu me concentrasse no dia a dia no corrida. O resto, por assim dizer, como manutenção e reparação dos caminhões, já não eram a minha preocupação. Isso me deu paz de espírito e criou uma atmosfera muito mais relaxada.
Quais foram as etapas mais difíceis no rali deste ano, a oitava fase, quando você assumiu a liderança geral do campeonato, ou na décima etapa, quando foi surpreendido pelos pilotos russos?
Após o dia de descanso, eu sabia que Kamaz ia empurrar. No especial de Salta-Belén, Nikolaev foi muito rápido. Eu podia ver as marcas de pneus, então eu comecei a empurrar. E finalmente eu ganhei 2,5 minutos. Aquilo foi um soco na cara para a Kamaz, nos próximos dois dias eles se arriscaram muito, empurraram demais, mas não tivemos muitos problemas.
Você disse que em um Dakar nada é garantido até a linha de chegada. Quando você sentiu que a sua segunda vitória no rali estava ao seu alcance, honestamente?
Durante o último dia do evento (sexta-feira). O rali Dakar é tão imprevisível que qualquer coisa pode acontecer. Erros são facilmente cometidos. Durante a sexta-feira, eu senti que tinha meus concorrentes sob controle, e vitória acabou por tornar-se realidade. Eu gostaria de dedicar a nossa vitória ao meu antigo co-piloto, Jurgen Damen, que, acidentalmente, faleceu no ano passado.
Em uma entrevista anterior, você disse ser um motorista descontraído, com um visão estratégica da prova. Você mudou de alguma forma seu estilo de condução neste ano, ou, ao contrário, você aposta na filosofia: para terminar em primeiro, você precisa chegar em primeiro?
Este ano eu tinha navegador fantástico, muito profissional. Com Moi, eu tinha total confiança e que me deu paz de espírito, permitindo me concentrar mais na condução.
Normalmente, você prefere correr na areia e dunas. Mas, este ano, você teve de enfrentar condições extremamente escorregadias também. Como você se sentiu?
Na primeira semana, as condições meteorológicas estavam estranhas mesmo. As condições de piso molhado não são as minhas favoritas. Então, eu não empurrava, perdiamos alguns minutos, não arriscavamos. As equipes que estavam empurrando muito acabaram por ganhar alguns minutos.
Você pode descrever as principais características técnicas e qualidades do seu Iveco Powerstar?
A coisa mais impressionante é o motor. Desde que eu dirijo Iveco, a equipe nunca teve um motor falho. O nível da potência do motor e torque o tornam, na minha opinião, o melhor motor no campo. A Petronas tem fornecido lubrificantes brilhantes para o desempenho dos motores. Além disso, a facilidade de condução do caminhão, o nível de conforto
(relativamente falando, é claro), a posição das rodas, juntamente com excelentes amortecedores, além dos pneus Goodyear, tornam o caminhão um vencedor no rali.
Honestamente falando, nada. Como eu disse, eu estou muito feliz com a linha de direção. Nenhuma mudança é necessária. Durante os testes, focamos nos mais variados terrenos: areia, rochas. A cooperação com a Goodyear nos ajuda a entender muito sobre o comportamento dos pneus em várias circunstâncias.