Com um público de 6.200 pessoas, o evento LINK SUMMIT abriu o calendário online de 2021 da Fenatran, batizado de Rota Digital. Caminhões, Implementos Rodoviários e Renovação de Frota foram os temas abordados, finalizando com uma entrevista especial com Vander Costa, da CNT.

No primeiro dia, 25.05, foram discutidos os desafios do cenário do mercado de caminhões e implementos rodoviários, bem como um retrato das iniciativas empresariais e da necessidade de reformas que poderiam ajudar a retomar o bom desempenho do setor.

No primeiro painel do dia, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, avaliou o empenho das montadoras em atravessar os últimos meses com o cenário de pandemia no país.  O presidente da Anfavea destacou que o desempenho do mercado de caminhões no primeiro quadrimestre do ano atingiu um total de 36.000 veículos emplacados e um crescimento de 49% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o executivo, é o segmento que terá o melhor desempenho do mercado em 2021, mas o resultado dependerá, segundo ele, também da condução da pandemia no Brasil e o seu impacto na economia.

Já o presidente da NTC, Francisco Pelucio, defendeu uma política mais realista para os novos desafios enfrentados pelo setor de logística. O executivo da NTC reforçou que a movimentação de cargas no Brasil é um caso especial e que é fundamental que o Governo destrave toda as amarras do setor para que ele retome a renovação da frota e o mercado volte a ganhar força.

Urubatan Helou, diretor-presidente da Braspress, explicou que a saída encontrada durante a crise foi ingressar no nicho de entregas diretas ao consumidor, uma vez que a atuação anterior da sua companhia previa somente o B2B. “Tivemos que nos reinventar, mas deu certo. A Braspress passou a atuar em um novo segmento, o que acabou sendo uma estratégia acertada, mas fomos uma exceção”, disse.

O segmento de implementadores

O segmento dos implementadores foi representado por três personagens relevantes do setor: José Carlos Sprícigo, Presidente da Anfir; João Bessa, Presidente da TransJordano; e Antonio Fernandes Martins, Presidente do SIMEFRE.

O Presidente da Anfir – Associação Nacional Fabricantes de Implementos Rodoviários, José Carlos Sprícigo, avaliou que a indústria de implementos rodoviários está consolidando em 2021 um movimento de crescimento consistente. O agronegócios, os investimentos em infraestrutura, a força da construção civil, a privatização e as concessões são fatores que, de acordo com o presidente da Anfir, deverão acelerar a renovação da frota brasileira e dos implementos rodoviários e ajudarão a retomada da indústria.

O presidente do SIMEFRE – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, Antônio Fernandes Martins, destacou que o setor de transporte de ônibus registrou “uma queda monumental” em 2021. E que o mercado dependerá muito de a evolução da vacinação como saída para as pessoas voltarem a se sentir mais seguras para o uso do transporte público. Comentou ainda que a renovação da frota deverá ser também da renovação dos implementos rodoviários. “Não se usa sapato sem meia”, comparou o presidente do SIMEFRE.

O presidente da Transjordano, João Bessa, fez uma ampla análise do cenário e enfatizou que o transportador rodoviário de cargas, apesar de todo o difícil contexto do mercado, continuou abastecendo a demanda do setor em todo esse período “Vale investir no Brasil, mas não é fácil ser transportador ou empresário”, comentou.

A renovação da frota

Tema bastante aguardado pelos inscritos, pois interferia diretamente em todos os elos da cadeia, a “Renovação de Frota” foi discutida hoje por Margarete Gandini, Coordenadora Geral de Fiscalização de Regimes Automotivos no Ministério da Economia, e Fernando Simões, CEO da SIMPAR S/A.

A representante do Ministério da Economia mostrou-se engajada com a causa da renovação, mas garantiu que há uma série de “costuras” a serem feitas com a sociedade, as montadoras, as associações de classe e o governo. “Não podemos apenas abrir uma linha de crédito, pois esse caminhoneiro irá revender seu veículo mais velho para outro profissional. E o caminhão continuará na rua”, ponderou.

Na mesma linha, o CEO da SIMPAR sugeriu: “Tem que tirar os caminhões velhos das ruas, mas pensar nos profissionais que lá estão. Eles precisam de uma linha de financiamentos que possibilite a aquisição do caminhão novo, mas desde que o velho seja sucateado e não retorne para o trânsito”, sugeriu Simões.”

A representante do Ministério da Economia afirmou que não existe ainda, da parte do Governo, nenhuma fórmula ideal para o projeto da Renovação de Frota do setor. Segundo Margarete, isso será ainda resultado de negociações com o público externo e dentro do governo. “Vamos começar com a modelagem ideal mais simples, buscando dar ao caminhoneiro o valor de mercado de seu veículo e agregar outros elementos, até chegar ao modelo que tenha a adesão dos caminheiros”, explicou.  

O executivo da SIMPAR enfatizou que a frota brasileira de caminhões conta atualmente com 500 mil veículos, com uma idade média acima de 20 anos, o que significa que veículos com até 50 anos podem ainda estar rodando no Brasil. Essa frota de modelos antigos, segundo ele, apresenta alto consumo de combustível, de poluição e que coloca em risco a segurança nas estradas.  Fernando Simões anunciou durante o evento que no segundo semestre vai lançar um sistema protótipo que possa servir de referência para estimular a renovação da frota e o ecossistema.

No encerramento do evento, o presidente da Confederação Nacional do Transporte – CNT, Vander Francisco Costa, deu um panorama geral sobre os desafios e as oportunidades de curto prazo observado pela Confederação, que representa 200 mil empresas de transporte e emprega mais de 2 milhões de postos diretos de trabalho. O executivo destacou que a entidade tem uma frente muito ampla de atuação, que inclui desde a interlocução com as autoridades para representar os associados junto às novas legislações, como a discussão da nova Lei da Balança, até o treinamento incessante de motoristas para aumentar a segurança nas rodovias.