Retomada da economia e perspectiva de que o mercado de caminhões acima de 15 toneladas cresça 30% este ano fizeram a Volvo retomar o segundo turno de produção na fábrica de Curitiba (PR). O presidente do Grupo Volvo América Latina, Wilson Lirmann, com os principais executivos, reuniu hoje (21/02) com alguns jornalistas para falar sobre a momento da empresa e as expectativas na região para este ano. Confira os principais temas do encontro:
Crescimento em 2018
Em 2017, o mercado como um todo vendeu cerca de 32 mil caminhões semipesados e pesados (acima de 15 toneladas). A projeção para este ano é de vendas entre 44 mil e 45 mil unidades. A Volvo pretende crescer 30%. Para isso, a empresa começou a operar com o segundo turno e contratou mais 100 funcionários no final de 2017 e contrata mais 150 no início deste ano.
“O Brasil é a nossa locomotiva na América Latina. Com inflação sobre controle, juros em queda, agricultura forte e retomada da indústria e da confiança, estamos otimistas. Só esperamos que os políticos façam a parte deles para continuarmos confiantes. Para isso, é preciso previsibilidade e transparência”, diz Wilson Lirmann.
“O agronegócio sempre puxou as vendas de caminhões pesados. Este ano percebemos a retomada da indústria também participando. Isso ocorre porque, durante a crise, muitos caminhões que trabalhavam para a indústria foram deslocados para o agronegócio. Agora, a indústria precisa de novos caminhões”, comenta Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo no Brasil.
Resultado de 2017
No Brasil, a Volvo fechou 2017 como líder do segmento de pesados (com os modelos FH, FM e FMX) pelo quarto ano consecutivo. A participação no segmento foi de 26,9%.
Dos 10.336 caminhões vendidos em 2017, a empresa exportou 4.637 (46%). Os países das América do Sul têm sido importantes para a fábrica de Curitiba e compraram 27% a mais de caminhões no ano passado em relação a 2016. Com a expansão, a empresa tem conseguido importantes participantes nos segmentos em que atua no Peru (26% de participação), Chile (13%) e Argentina (10%).
Volvo FH vs. Scania R
Na briga de qual modelo foi líder de mercado, a Volvo defende que foi o FH, com 4.505 unidades do modelo emplacadas em 2017. As vendas do FH cresceram 27% em relação a 2016, informa Bernardo Fedalto. Neste caso, a Volvo considera o FH como o modelo, e as potências como versões.
Já a Scania defende que o R 440 foi o modelo mais emplacado, com 3.033 unidades. Pode-se considerar também que a Scania foi líder na faixa de 440 cv de potência e a Volvo na soma de todas as potências. Até este momento, a Scania ainda não informou quantos modelos R, considerando todas as potências, foram licenciados.
Manutenção inteligente
A marca também apresentou os resultados do que ela chama de conectividade, ou seja, a conexão da fábrica diretamente com os clientes via o sistema de telemetria Dynafleet. Já são 3.119 caminhões conectados e, pelo sistema, o cliente pode agendar revisões e manutenções via sistema.
De cada 10 agendamentos, sete clientes compareceram à concessionária conforme agendamento e três deram o “bolo”. Fedalto considera o número de comparecimento muito bom, considerando que ainda é um momento de mudança de comportamento. “É um hábito novo o agendamento via aplicativo”, acredita o diretor comercial.
Muitos desses agendamentos são propostos pela própria fábrica. Ela detecta a necessidade de manutenção por meio do Dynafleet (ferramenta de gestão que tem vários sensores no veículo e o histórico de revisões) e também com a informação sobre a localização do caminhão via GPS. A partir disso, a fábrica entra em contato com o cliente e propõe o agendamento na concessionária mais próxima.
Essa é uma tendência mundial para fidelizar os clientes no pós-venda e oferecida também pela Scania e Mercedes-Benz (FleetBoard). As fábricas querem assumir a tarefa de cuidar da manutenção preventiva dos veículos fabricados por elas e, assim, ter mais uma fonte de receita.
Isso está sendo possível graças às tecnologias de conectividade via celular, mas a sua expansão depende de outra indústria, a de telecomunicação. Empresas como Tim, Claro, Oi e Vivo ainda vão precisar melhor muito o sinal de celular nas estradas para que os transportadores possam confiar mais nesse tipo de serviço.
Ônibus
Os países vizinhos foram a salvação da produção de ônibus em Curitiba. De tudo que foi produzido lá no ano passado, 75% foi exportado, principalmente, Panamá e Guatemala. “Do total das vendas de 1.055 ônibus, 791 foram exportados”, diz Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses Latin America.
Para 2018, Todeschini acredita que o mercado de ônibus crescerá entre 10% e 15%. Para isso, espera-se a recuperação do transporte de passageiros urbanos, projetos de BRT e a licitação do transporte público de São Paulo e outras capitais.
No segmento de turismo, a empresa aposta na substituição dos ônibus 6×2 pelos 8×2 de 15 metros, que oferecem maior rentabilidade aos operadores.