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Chassi Mercedes-Benz OF 1721

O trabalho dos motoristas e o conforto dos passageiros em ônibus urbanos com motor dianteiro ficarão melhores nos deslocamentos pelas cidades. Mas isso somente começa a ser possível porque os operadores do transporte público começaram a ver vantagens financeiras na aquisição desse tipo de chassi de ônibus, o mais vendido no Brasil, equipado com câmbio automático. Dois modelos já foram homologados com o equipamento: Agrale MA 17 e Mercedes-Benz OF 1721. Para equipar esses chassis, a Allison lançou duas novas versões de suas caixas automáticas da Série 3000, já consagrada em caminhões, como os de coleta de resíduos. Os novos modelos desta série foram desenvolvidos especificamente para ônibus com motor dianteiro, com calibração e periféricos para os veículos homologados. 

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Chassi Agrale MA 17 é apresentado pela Allison como case de sucesso na Argentina, fato que fez a empresa a trabalhar a oferta do produto no Brasil

 As transmissões automáticas sempre foram vistas como caras e que aumentavam o consumo de diesel. Mais caras que as manuais elas continuam, já com relação ao consumo, já não é mais verdade. Graças à eletrônica embarcada, as caixas automáticas ficaram mais eficientes. Hoje, em condições normais, o consumo de um ônibus com transmissão automática é igual à manual e, em condições mais severas, até 4% mais econômica, conforme testes feitos em operações reais na cidade de São Paulo.

Retorno do investimento

Resolvido o problema do consumo, o investimento inicial na caixa automática é pago ao longo dos anos (estimado pela Allison em cerca de 3 anos) graças ao menor custo de manutenção. Depois do investimento inicial pago, o menor custo com manutenção (paradas para troca de embreagem), é só lucro para o dono da frota. Conforme outra estimativa, a economia que se consegue com a redução da manutenção com a caixa automática ao longo de 10 anos, após pago o investimento, é de cerca de R$ 35 mil, ou de uma a uma vez e meia o valor do equipamento. 

A Allison não informou o preço da transmissão automática, pois ela é vendida para a montadora e esta quem informa o preço ao cliente, pois são embutidos outros custos, como montagem, impostos, transporte, margem de lucro etc. 

A Mercedes-Benz nos informou que o chassi com transmissão Allison custa R$ 25 mil a mais em relação do que o modelo com câmbio manual  

Segundo Evaldo Oliveira, diretor regional da Allison na América do Sul, a mudança da forma do empresário de empresas de ônibus de dar maior importância ao TCO (Custo Total de Propriedade) do que somente olhar o investimento inicial é que possibilita agora mostrar as vantagens da transmissão automática ao longo do tempo. 

 

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Transmissão Allison Série 3000

Os ganhos de conforto para motorista e passsageiros já eram conhecidos, além do aumento da segurança, pois o motorista estressa menos ao não ter que se preocupar com o pedal de embreagem e com as mudanças de marchas. 

Tecnologia com eletrônica embarcada

O executivo explica que, no caso das transmissões Allison, a eficiência no consumo de combustível foi alcançado com as tecnologias “FuelSense Max” que permitem bloquear o conversor de torque em velocidades mais baixas. Antes as trocas das marchas eram feitas em rotações pré-definidas. Com a eletrônica, o computador é quem define o melhor momento em tempo real para a troca da marcha, levando em conta várias dados, como vários dados do motor (aceleração, rotação etc.), inclinação da via e peso.

O chassi Agrale MA 17 conta com a versão Série 3000 com tecnologia xFE e retardador hidráulico integrado, que funciona como freio motor em velocidades acima de 10 km/. Isso reduz a necessidade do uso dos freios de serviço e gastos com troca manutenção do sistema. A Mercedes-Benz inicialmente optou pela versão sem retarder para oferecer o OF 1721 para operações de baixa velocidade média, nas quais um freio motor não será muito utilizado. Em breve a Mercedes-Benz vai oferecer a opção do chassi com a transmissão com retarder integrado. 

A manutenção da transmissão automática básica é a troca de filtro do óleo a cada 60 mil km e do óleo sintético a cada 120 mil km. 

No mercado de veículos comerciais tem crescimento muito a demanda por transmissões automatizadas, por serem mais baratas e apresentarem consumo de combustível menor. Porém, Evaldo Oliveira reconhece que a automatizada é vantajosa em determinadas operações, como a rodoviária. Mas que no uso intenso urbano, a automática é muito melhor pois a embreagem sofre muito com a constante troca de marchas. Além disso, ele lembra que a transmissão automática há 35% menos perda de tempo na transferência de torque para as rodas. Por esse motivo, por exemplo, que os caminhões de bombeiro foram padronizados com caixa automática. O mesmo vem ocorrendo com os caminhões de transporte de valores. 

Experiência Argentina

Na região de Buenos Aires, as transmissões automáticas são obrigatórias por lei desde 1993. Se o início foi por força da legislação, a adoção da tecnologia em toda a Argentina foi após a experiência com resultados positivos na capital argentina.

A empresa San Vicente, de Buenos Aires, fez o seguinte comparativo:

Transmissão automática Manual
Troca de óleo a cada 90 mil km Troca de embreagem a cada 60 mil km
Custos em 10 anos: US$ 1,930 US$ 10,620
Economia: US$ 8,690  
Automática com retarder Manual
Troca das pastilhas de freios dianteira: a cada 90 mil km (US$ 22,540 em 10 anos) A cada 60 mil km (US$ 48,180 em 10 anos)
Freios traseiros a cada 35 mil km A cada 15 mil km
Gastos em 10 anos: US$ 22,540 US$ 48,180
Economia: US$ 25,640  
 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).