Apesar do primeiro trimestre negativo em 26,82% em comparação com o mesmo período do ano passado, Alcides Braga, presidente da Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários), confirma perspectiva de crescimento de 10% do segmento para este ano. “A roda da economia começou a girar sem olhar para Brasília”, comenta.
Segundo ele, alguns segmentos da economia estão dando sinais de força, como o agronegócio, papel e celulose, mineração e óleo e gás. Além disso, quem comprou caminhões e implementos entre 2011 e 2013 já quitou o carnê ou devolveu o veículo para o banco. “No ano passado, conversarmos com transportadores e ninguém queria saber de investir em renovação ou ampliação de frota. Agora, já começam a surgir consultas para compras”, acrescenta.
Reboques e semirreboques
Alcides Braga acredita que neste mês de abril o setor deve repetir o mesmo número de março devido ao menor número de dias úteis.
Alguns segmentos já apresentam resultados positivos no trimestre, como reboques e semirreboques baú para carga em geral (cresceu 34%), transporte de tora (26,85%) e baú lonado, também conhecido como sider (7,08%).
De janeiro a março, as vendas de reboque e semirreboque somaram 4.905 unidades, contra 6.150 de 2016, ou 20,24% menos. Porém, para 2017, até o final do ano, os fabricantes esperam vender entre 26 mil e 27 mil unidades, contra pouco mais de 23 mil do ano passado.
No segmento de carroceria sobre chassi, a queda foi maior no primeiro trimestre: 31,09%. Foram entregues 6.540 carrocerias até março deste ano, contra 9.490 no mesmo período de 2016. A Anfir espera um crescimento menor para implementos leves.
Construção civil
Os produtos que tiveram maior queda foram os direcionados para construção civil por consequência do envolvimento das grandes construtoras em esquemas de corrupção e descobertas pela força tarefa da Lava Jato. As vendas de betoneiras caíram 81,75% e as de caçamba, 50.56%.
Porém, Alcides Braga acredita que este setor terá uma forte retomada com as novas concessões públicas de infraestrutura. Antes, a indústria de implementos rodoviários tinha pouco mais de meia dúzias de construtoras como clientes. São empresas que dominavam as licitações graças aos esquemas de corrupção dos governos até o surgimento da operação Lava Jato.
Agora a tendência é que as concessionárias evitem essas construtoras investigadas e busquem novas construtoras de porte médio, pulverizando a contratação de serviços de construção civil. São construtoras que vão precisar se equipar de caminhões e implementos vocacionais.
Mesmo as grandes construtoras, sobrevivendo das ações da Justiça, estão há algum tempo sem comprar equipamentos e vão precisar renovar suas frotas. “É um Brasil melhor que vem por aí”, conclui Braga.