De olho no crescimento urbano, do e-commerce e da restrição a caminhões maiores nas grandes cidades, o segmento de furgões está recebendo mais atenção de algumas marcas. Nesta reportagem vamos analisar o segmento de entrada da categoria de 3.500 t de PBT (capacidade de carga líquida entre 1.360 kg e 1.593 kg) e volumétrica entre 7,5 m3 e 8 m3. Com o retorno do italiano (agora importado do México), os transportadores contam com três opções: Fiat Ducato Cargo, Mercedes-Benz Sprinter 313 CDI Street e Renault Master L1H1. Até o final deste semestre chega o Iveco Daily City e, no final do ano, os irmãos gêmeos do Ducato, o Citroën Jumper e o Peugeot Boxer.

Em 2017, o Renault Master reinou quase sozinho no segmento de furgões de 3.500 kg e emplacou 2.475 unidades. A Mercedes-Benz entregou 483 furgões do modelo 313, escolhido para esta análise por ter 7,5 m3, o mais próximo dos modelos de entrada da Fiat e Renault.

Nesta comparação que vamos fazer agora, você poderá ver os pontos fortes e fracos de cada um dos três modelos para ir melhor informado as concessionárias.

Preço

Vamos começar analisando o valor de cada modelo, pois o custo inicial de aquisição para muitos é importante, apesar de que o TCO (Custo Total de Operação) deveria ser o principal valor. Porém, todas as marcas “prometem” ter o melhor TCO do mercado.
O Fiat Ducato Cargo (8 m3) tem preço médio praticado, segundo pesquisa da Fipe, de R$ 118.332. O preço médio do Mercedes-Benz Sprinter 313 Street (7,5 m3), já com ar-condicionado, é de R$ 137.109. Já o Renault tem o valor público de R$ 127.990 e o praticado de R$ 113.225.

Capacidade de carga

Por ter menos equipamentos, principalmente os de segurança, e ser mais leve, o Renault Master é o de maior capacidade de carga em termos de peso. O furgão pode carregar até 1.593 kg.

Como intermediário na capacidade de carga, temos o Fiat Ducato que pode levar 1.378 kg. O Mercedes-Benz Sprinter 313 pode carregar 1.360 kg em um espaço de 7,5 m3. A Mercedes-Benz conta com o de 9 m3, portanto, o mais próximo dos concorrentes de entrada é a de 7,5 m3. Ducato e Master também contam com opões maiores.
Porém, quanto maior é o furgão, ele é mais pesado e menos pode carregar. As dimensões do compartimento de carga (altura, largura e comprimento) podem ser conferidos nas fichas técnicas publicadas no final desta reportagem.

Segurança

Assistente para garantir estabilidade em caso de vento lateral só está presente na Sprinter

O capotamento é um dos tipos de acidentes que mais ocorrem com furgões em função da sua altura e problemas de deslocamento de cargas em seu amplo interior durante curvas e manobras bruscas.

Neste quesito, o Mercedes-Benz Sprinter é o mais completo. Além dos itens obrigatórios por lei (ABS e airbags), o modelo conta com controle de estabilidade, controle de tração, servofreio de emergência e EBD. Tudo isso, o novo Fiat Ducato também tem. O que o modelo alemão fabricado na Argentina conta a mais em relação a concorrência é o assistente de vento lateral (que corrige a trajetória do furgão caso de uma rajada de vento atingir a lateral), faróis de neblina com assistência direcional (o farol vira conforme o movimento do volante para iluminar uma curva, por exemplo) e luzes de circulação diurna.

Um item a mais de segurança é o Hill Holder — de série no Fiat Ducato e opcional do Mercedes-Benz Sprinter. Trata de um assistente para partida em rampa que impede que o veículo se desloque nas saídas de aclive ou declive (quando de marcha a ré). Interessante no Hill Holder do Ducato é que, além de ser de série, ele segura o freio por cinco segundos (geralmente são três segundos). Esse tempo um pouco maior deixa o motorista mais tranquilo para tirar o pé do freio, acelerar e fazer o controle de embreagem ao mesmo tempo em uma ladeira. O Renault Master apenas tem o que é obrigatório por lei (ABS e airbag duplo).

Os três concorrentes são equipados com freios a discos ventilados no eixo dianteiro e discos rígidos no eixo traseiro.

Motor e transmissão

Os três furgões são similares em termos de potência e torque. Fiat e Renault possuem motor turbo diesel 2.3 litros de 4 cilindros em linha e mesma potência. O Renault Master entrega os 130 cv de potência mais cedo, aos 3.500 giros, e o Fiat Ducato a 3.600 rpm. A Mercedes-Benz Sprinter possui motor MB diesel biturbo 2.2 litros de 4 cilindros e 129 cv a 3.800 giros.

Em questão de torque, o que é mais importante, principalmente nos veículos de carga, a vitória parece ser do Fiat Ducato, com 32,7 mkgf. Porém, esse torque é alcançado em giros mais altos (1.800 rpm) entre os competidores. O Renault Master alcança 31,7 mkgf a 1.500 giros. O Mercedes-Benz Sprinter entrega a melhor performance, pois 100% dos 31,1 mkgf já estão no motor a apenas 1.200 rpm e se mantém até os 2.400 giros. O torque com ampla curva plana e que chega mais cedo ao topo é sinônimo de condução mais agradável e economia no consumo de diesel. Nesse quesito, pontos para o motor diesel biturbo MB OM 651CDI.

A transmissão dos três é manual de 6 velocidades. Fiat, Mercedes-Benz e Renault ainda não quiseram ousar em oferecer a opção de uma caixa automática ou automatizada como fazem para os seus clientes europeus.

Conclusão

O Fiat Ducato como conhecíamos no Brasil parou de ser produzido no final de 2016 e voltou às concessionárias importado do México, bem mais moderno. Não dá nem para comparar com o modelo antigo, pois tudo no novo é melhor. Inclusive corrigiram o problema antigo de desgaste excessivo dos pneus. O desenho do novo Ducato é de 2006, quando foi lançado na Europa e apresentado aqui na edição 38 da TRANSPORTE MUNDIAL.

Lógico que, de lá para cá, foi recebendo diversos aperfeiçoamentos. O modelo apresenta uma longa lista de equipamentos de série e opcionais, inclusive o interessante kit multimídia touchscreen com câmera de ré. Todo equipado, seu preço pula para R$ 129.750.

O fato de ser importado do México joga uma interrogação: “as peças importadas sempre estarão sujeitas as variações cambiais e das renovações do acordo de livre comércio (geralmente não vale para peças) entre Brasil e México? Com relação ao motor, ele é produzido pela FPT em Sete Lagoas (MG). É o mesmo da geração anterior, melhorado, e do Iveco Daily City 35S13.

O Mercedes-Benz Sprinter 313 é o mais completo em segurança, não tanto em relação ao novo Ducato. Leva menos carga e, como a própria Mercedes-Benz frisa, conta com a estrela de três pontas no campo. Isso tem um custo na aquisição e no pós-venda. O Sprinter faz mais sucesso com os irmãos maiores, 415 e 515.

O Renault Master é o mais simples e com menos equipamentos de segurança, porém, leva
215 kg a mais de carga do que o Ducato e 233 kg em relação ao Sprinter. Coloque na balança o que é mais importante para sua operação, mas, de uma coisa não tenha dúvida. Leve o Renault Master se o desconto for muito bom e você tiver 100% de certeza que nunca sofrerá um acidente, pois os equipamentos de segurança dos concorrentes podem evitar grandes prejuízos.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).