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Só existe uma maneira de crescer no competitivo mercado de caminhões que tem concorrentes do peso da Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Iveco, Ford e da recém-chegada DAF: investir pesado em inovação, novos produtos, fábrica moderna e colaboradores qualificados. É por isso que o Grupo Volkswagen Trucks & Bus anunciou novo ciclo de investimento no Brasil de R$ 1,5 bilhão. Apesar da atual crise, todos conhecem o potencial do mercado brasileiro, o maior do mundo para algumas marcas e sempre entre os três maiores para a maioria.
O comunicado do novo ciclo de investimento foi feito pessoalmente pelos executivos da empresa no dia 1º de dezembro ao governo federal em Brasília (em audiência com o presidente Michel Temer), aos funcionários em Resende (RJ) e à imprensa, em São Paulo.
Para fazer o anúncio em conjunto com o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, o principal executivo do Grupo Volkswagen Trucks & Bus, Andreas Renschler, viajou da Alemanha para o Brasil e em apenas um dia foi à capital federal, a sede da MAN em Resende e a São Paulo.
O Grupo Volkswagen Trucks & Bus é a holding que reúne as empresas MAN Trucks & Bus, Scania, MAN Latin America e Volkswagen Caminhões e Ônibus. Para ficar claro entre os nomes Volkswagen Trucks & Bus e Volkswagen Caminhões Ônibus, a primeira é a empresa dona de tudo e a segunda é a marca brasileira do grupo que desenvolve e comercializa os caminhões para mercados emergentes, ou seja, os países da América Latina, África e Oriente Médio. Atualmente, a MAN Latin America já exporta para cerca de 30 países desses continentes.
O novo ciclo de investimento, que é o quinto consecutivo que a empresa faz no Brasil, será para inovações de digitalização e conectividade, renovação da linha de produtos, entrada em novos nichos de mercados, modernização da fábrica em Resende e na expansão da marca Volkswagen no mercado internacional. Vamos analisar agora cada uma dessas áreas:
Digitalização e conectividade
As marcas que não investirem nessa área estarão fora do mercado. Os caminhões da Volvo e da Scania já conversam com os celulares dos clientes por meio de aplicativos. A Mercedes-Benz também já conta com um sofisticado sistema de conectividade e também está investindo pesado nessa área. Porém, conectividade vai muito além disso. Os caminhões estão entrando no universo que os especialistas chamam de internet das coisas. Por exemplo, um caminhão está viajando de São Paulo para Porto Alegre e uma peça vai dar defeito ou vai chegar ao fim da sua vida útil no meio da viagem. Sem que o motorista faça nada, o próprio sistema de conectividade vai identificar o futuro problema, localizar uma concessionária no percurso que tenha a tal peça e, após isso, vai comunicar ao motorista e ao gestor da frota, se for o caso, e também a concessionária para preparar a oficina para receber esse caminhão. Portanto, o caminhão fará uma parada programada e mais rápida, e não vai deixar o motorista parado no meio da estrada. Isso é apenas um exemplo do que será possível fazer com as novas tecnologias digitais.
Renovação da linha de produtos
A rede de concessionárias pede novos produtos em determinados segmentos. Por exemplo, a Volkswagen é pouco competitiva no segmento de semileves, no qual Ford e Mercedes-Benz dominam sozinhas. O segmento de pesados é outro que a MAN Latin America com as marcas MAN e VW pode explorar tem espaço para crescer. Além disso, a concorrência está inovando constantemente e muitas novidades chegarão em 2017. A Fenatran do próximo ano promete bastante.
Nichos de mercados
Há muitos nichos para explorar, mas um chama atenção. A MAN lançou no último Salão de Hannover, na Alemanha, uma nova linha de comerciais TGE, formada por furgão, van de passageiros e chassi cabine, modelos derivados da linha VW Crafter. Esse é um segmento que Mercedes-Benz, com a linha Sprinter, e a Renault, com a Master, nadam de braçada, pois a Fiat deixou de renovar a linha Ducato e vem perdendo mercado mês após mês. Seria esse um novo nicho para a MAN explorar? Outro nicho que não só a MAN precisa investir, mas as suas concorrentes também, é de veículos movidos a combustíveis mais limpos. Alguns produtos são oferecidos, mas perto do que ocorre nos países do hemisfério norte, não é nada.
Modernização da fábrica
Já até estava previsto a ampliação da unidade industrial em Resende, porém, o investimento foi realocado para outras áreas, como uma pista de testes e laboratórios, pois a ampliação passou a ser desnecessária em razão da crise econômica e queda de 70% do mercado de caminhões nos últimos três anos. Porém, a empresa precisa estar preparada para a retomada do mercado, e, se a ampliação não se faz necessária, a modernização sim.
Internacionalização
A crise no setor, iniciada em 2013, está fazendo todos os fabricantes de caminhões, ônibus e implementos a buscarem novos mercados no exterior, principalmente nos países vizinhos, para não ficarem na dependência somente do Brasil. A crise foi uma grande lição para as empresas brasileiras que, mesmo com o mercado brasileiro sendo um dos melhores do mundo, é preciso ter alternativas em épocas de baixa.