Uma das fabricantes de caminhão mais admiradas do mundo está prestes a completar 60 anos de atuação no seu maior mercado, o Brasil. Entretanto, a sua história no mundo data de muito antes.
Em meados de 1891, surgia em Södertälje, Suécia, a Vagnfabriksaktiebolaget, ou, abreviando, a Vabis. No início de suas atividades, a Vabis fabricava vagões para o setor ferroviário, passando, depois, a fabricar carros e caminhões. Paralelamente, a Maskinfabriks-aktiebolaget Scania foi fundada na cidade de Malmö, em 1900.
O primeiro ramo de atividade da empresa foi a fabricação de bicicletas. Em 1902, o engenheiro Gustaf Erikson, da Vabis, projetou o primeiro caminhão da marca. Enquanto isso, em 1903, a Scania trabalhava em seu primeiro projeto automotivo.
O ano de 1911 marcou a história das empresas pois, na data, ambas fundiram-se visando o aumento de demanda e, também, da concorrência no mercado europeu; nascia, então, a Scania-Vabis. Na ocasião, o Nordmark, primeiro ônibus desenvolvido em conjunto, foi lançado para o mercado local. Foi neste ano também que a produção de veículos e motores foi transferida para Södertälje (sede mundial da Scania), enquanto a de caminhões ficou concentrada em Malmö.
Em 1936, a empresa começou a produzir e introduzir em seus modelos um motor a diesel de fabricação própria. Era o início do sistema modular Scania (que permite a configuração do veículo de acordo com as necessidades do cliente).
Na década de 1940, foi definido que os caminhões seriam o foco da empresa. É, também, a época em que a empresa começou a desenvolver uma gama de motores mais duráveis, com destaque para o motor diesel com injeção direta, que ficou conhecido como “motor de 40 000 km” — um marco para a o período.
Na década de 1950, a empresa iniciou um processo de expansão global, com a construção de uma ampla rede de vendas e serviços na Europa. É nessa década que a política expansionista da empresa mira novos mercados, entre eles, o Brasil.
NOVOS RUMOS
A trajetória da empresa de origem sueca na América Latina teve início no Brasil em 1957, quando a Scania-Vabis do Brasil, aproveitando o Programa Nacional da Indústria Automobilística Brasileira, foi oficialmente constituída. De início, os caminhões saíam da Suécia para o Brasil desmontados. Em terras brasileiras eram montados pela Vemag, que também comercializava os veículos em São Paulo.
Em 1958, a fabricante começou a produzir os primeiros veículos no Brasil; o L 75, conhecido como ”o Rei da Estrada”, foi o primeiro veículo a sair da linha da montagem. Na época, o caminhão atendia o limite de 35% de peças nacionalizadas, conforme exigido pelo programa de nacionalização do governo brasileiro.
No dia 29 de maio de 1959, o bairro do Ipiranga recebeu a fábrica de motores Scania — a primeira operação de produção fora da Suécia. O motor D10, de 6 cilindros e 167 cv de potência foi o primeiro produzido na planta. Modelos como o caminhão L 75 e o ônibus B 75 — oferecidos ao mercado brasileiro na época — eram equipados com o motor. No início da década de 1960, a fabricante já montava integralmente caminhões e ônibus no bairro do Ipiranga.
Em 1962, o ambiente político do Brasil estava em crescente ebulição. Ao mesmo tempo, a seleção “Canarinho” — como era conhecida — levou o país a conquistar o bicampeonato da Copa do Mundo de futebol. Foi, também, neste ano, no dia 8 de dezembro, que a Scania inaugurou o complexo industrial de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista (maior polo automobilístico da América Latina). A planta no município foi a primeira unidade voltada à produção de caminhões, ônibus e motores da Scania fora de sua terra natal. Com a mudança, todo o processo produtivo da marca passou do Ipiranga para a nova fábrica.
Em 1963, de casa nova, a Scania lançou no mercado o caminhão L 76 e o ônibus B 76, ambos com motor de 198 cv de potência. Em 1962, a Scania abriu uma unidade fabril na Holanda.
Em 1969, a marca fundiu-se com a fabricante de aviões Saab e, juntas, formaram a Saab-Scania. A empresa passou, então, a ser conhecida unicamente como Scania.
A partir dos anos 1970, os caminhões produzidos no Brasil passaram a receber importantes avanços tecnológicos, principalmente no sistema de frenagem. A nomenclatura dos modelos mudou: o L 76 para LS 110, o LS 76 para LS 110, o B76 para B 110. Em 1974, no Salão de São Paulo, a empresa apresentou o LK 140, que inaugurou o conceito “cara chata” e o motor V8.
Em 1976, a cidade de San Miguel de Tucumán, na Argentina, recebeu a segunda unidade fabril da Scania na América do Sul. Ao mesmo tempo, no Brasil, os caminhões L, LS e LT 111, da Série 1, eram lançados. Esses foram os últimos caminhões dos chamados “jacarés” lançados no país.
Em novembro de 1982, seis meses após ser lançada na Europa, a Série 2 estreou no Brasil. O país conhecia, então, a linha R, com opções de cabines avançadas ou de cara chata e duas versões de motores: com 305 cv e 388 cv. No mesmo ano, a linha T foi apresentada em versões com cabines simples e leito. E, nesse mesmo ano, novas cores começaram a substituir o laranja tradicional dos caminhões da marca. Em 1982, a empresa criou o Consórcio Nacional Scania.
Em 1983, os ônibus K 112 e S 112 integraram o portfólio da marca; estreando a Série 2 de ônibus, que substituíram as linhas B e BR. A Série 3 para ônibus chegou ao mercado no início da década de 1990, com os modelos K 113 e S 113.
Ao completar cem anos, em 1991, a Scania lançou o “Jubileum” em comemoração à data. Ainda nos anos 90, fora lançada a Série 3, que recebia novos motores, nova caixa de mudanças e outras inovações tecnológicas. São os caminhões T e R 113 e 143 H e E, nas configurações 4×2, 6×4 e T 113 HK 6×6.
Em 1995, a parceria centenária entre Scania e Vabis chegou ao fim. Em 2000, a empresa já contava com 11 fábricas em cinco países e foi neste ano que o milionésimo caminhão foi produzido. Em agosto de 2001, a marca do Grifo lançou a caixa Opticruise — primeiro câmbio automatizado da marca.
Em 2002, a Scania lançou o programa de seminovos, o “SuperZerado”. Em 2005, o Brasil recebeu pela primeira vez a competição MMCB (Melhor Motorista de Caminhão do Brasil).
No ano de 2007, a fabricante celebrou 50 anos de entrada no Brasil e lançou uma série especial, a Silver Line, limitada a 400 unidades. Em 2008, a linha de chassis K chegou ao país. No ano seguinte, a Scania aumentou sua linha de caminhões, e lançou a cabine R (intermediária entre a G e a Highline). Foi, também, em 2009, que a fabricante retomou a comercialização do chassi com motor dianteiro, a Série F.
ÔNIBUS: DIVISÃO DE SUCESSO
A divisão de ônibus na Scania é antiga, e data de 1911, quando a Scania-Vabis lançou o Nordmark. Depois de sua entrada ao Brasil, muitos modelos foram lançados por aqui, dentre eles, o B 76 (primeiro fabricado aqui); K 112 e S 112 da Série 2 e o F 112 HL. Em 1990, a Série 3 estreou com os modelos K 113 e S 113. O ano de 2009 marcou o retorno da comercialização de ônibus com motor dianteiro. Atualmente, o K 440 8×2 é o destaque da fabricante. O modelo se traduz em conforto e eficiência.
A NOVA DÉCADA
O ano de 2010 envolveu grandes movimentações na Scania, muito em função das novas tecnologias, como a ferramenta Scania Driver Support (sensores que auxiliam na condução do veículo) que faz parte dos produtos ofertados pela marca.
Em 2011, a Scania lançou o R 620 V8 no mercado brasileiro — o mais potente na época; hoje superado pelo Volvo FH 16 750. No mesmo ano, a fabricante lançou uma nova plataforma de motores para atender às normas de emissão e redução de poluentes. A norma Proconve P7, equivalente ao Euro 5, passou a vigorar em 2012. Chegou também o P 270, caminhão semipesado 100% movido a etanol.
Em 2015, a Scania apresentou duas novidades: uma planta de pintura de cabines localizada no complexo de São Bernardo e o caminhão R 440 8×2, que ameaça o futuro dos modelos bitrem.
Prestes a completar 60 anos no Brasil, a fabricante goza de grande popularidade dentre os transportadores no país. Além disso, mostra que a estratégia a longo prazo, de abrir sua primeira unidade fora da Suécia, foi uma decisão tão correta quanto lucrativa.
POR TRÁS DO GRIFO
O Grifo é um ser mitológico. Com corpo e patas traseiras de leão e cabeça, asas e patas dianteiras de águia, o Grifo é sinônimo de uma criatura poderosa. A escolha desse símbolo se dá pela razão de o leão ser o rei da selva, enquanto a águia é a rainha das aves; duas criaturas imponentes. Por este motivo, o Grifo é o símbolo da marca e está estampado nos escudos da cidade de Malmö, berço da Scania.