A expectativa é de que os transportadores (transportadoras, empresas com frota própria e autônomos) comprem de 15% (previsão mais pessimista) a 25% (mais otimista) caminhões a mais este ano. Em 2017 foram emplacados 51.941 caminhões. Portanto, para 2018, a indústria espera vender quase 60 mil unidades na visão pessimista e 65 mil na otimista. Agora, de janeiro até maio, sempre de acordo com dados do RENAVAM, quais marcas estão aproveitando melhor as oportunidades.

Vamos analisar o percentual de crescimento de cada marca (do menor para o maior), mas também vamos fazer algumas ponderações analíticas. Devemos considerar que o mercado como um todo, nesses cinco primeiros meses do ano, cresceu 52,7%, com 26.323 caminhões emplacados contra 17.238 de janeiro a maio de 2017. Portanto, se consideramos a média mensal de cerca de 5.265 caminhões e o mercado continuar neste ritmo, o final de ano poderá fechar com 63.180 unidades vendidas, número intermediário entre pessimistas e otimistas. No entanto, tradicionalmente, o segmento semestre é melhor do que o primeiro, havendo ainda chances de os otimistas serem mais assertivos. Mas tudo dependerá da continuidade do crescimento econômico nos próximos meses.

Ford Caminhões

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Ford Cargo 2431 é aposta da marca para crescer entre os semipesados. Foto: Ford

Por estratégia, a Ford tem focado os seus esforços nos segmentos de caminhões chassi rígido médios e semipesados. Como o segmento de pesados cavalos mecânicos é o que mais cresceu até o momento neste ano, o percentual de crescimento da Ford não teve como acompanhar as marcas que são fortes em pesados. No entanto, o resultado dela é positivo em 15,7% (3.192 unidades em 2018 conta 2.759 nos cinco primeiros meses de 2017).

 Mercedes-Benz

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Mercedes-Benz Actros 2651 já é um dos três cavalos mecânicos mais vendido do Brasil. Foto: Mercedes-Benz

Percentualmente, a marca da estrela cresceu 42,7% nesses cinco meses do ano. Ela emplacou 7.294 unidades contra 5.129 do mesmo período de 2017. Aqui, devemos considerar que o volume absoluto de vendas da Mercedes-Benz no ano passado era o maior entre todas as marcas. Assim, ela está muito bem, pois conseguiu crescer sobre uma base já alta. Nos números da Mercedes-Benz não estão o modelo Sprinter 313 Street, pois não é considerado caminhão por ter o PBT de 3.500 kg (comercial leve). Só é considerado caminhão veículo de carga com PBT a partir de 3.501 kg, segundo a legislação brasileira.

Iveco

A italiana cresceu 42,6%, com 961 emplacamentos até maio de 2018, contra 674 unidades no mesmo período de 2017. A Iveco é considerada uma fabricante com linha completa, porém, ela está passando por reformulação em algumas categorias. Por exemplo, com a saída do Vertis da produção, a empresa prepara o retorno com novas versões Tector para os segmentos de leves e médios. Outro segmento que a empresa está sem produto é o de caminhões fora de estrada com descontinuidade do Trakker. Vale destacar que a Iveco vem tendo forte recuperação no segmento de pesados. As vendas do Stralis e Hi-Way cresceram 119,4%, sendo o segundo maior crescimento do mercado de pesados. Só perde para a DAF, que cresceu 136,2%.

MAN Latin America

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Nova família Delivery impulsionam vendas da MAN Latin America. Foto: MAN

Com duas marcas (Volkswagen Caminhões e MAN), a MAN Latin America é um caso similar ao da Mercedes-Benz. Mesmo assim, tendo uma base alta de comparação em 2017, ela cresceu 67,2% nos cinco primeiros meses deste ano com 7.282 caminhões licenciados (408 são cavalos mecânicos da marca MAN), contra 4.354 unidades do mesmo período do ano passado. O que mais impressiona no desempenho da MAN Latin America é que ela cresceu bastante em todos os segmentos nos quais atua, exceto o de médios, no qual ela cresceu 6,1%, enquanto este segmento cresceu 65,9%. Mas veja o desempenho da MAN nos outros segmentos: +120,3% nos semileves, +33,3% nos leves, +77,2% nos semipesados e +62,2% nos pesados. Assim, podemos considerar que a nova família Delivery e o Constellation são os produtos que mais têm contribuído para o bom desempenho da marca.

Scania

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Scania cresce 70,2%. Foto: Scania

A sueca do grupo Volkswagen Trucks & Bus também apresenta excelente performance com crescimento de 70,2%, com 3.137 unidades licenciadas até maio deste ano contra 1.843 até maio de 2017. A Scania poderia ter um resultado melhor se no segmento de semipesados não estivesse negativo. Ela emplacou -8,7% este ano, ou 261 veículos contra 284 em 2017. O segmento de semipesados com a soma de todas as marcas cresceu 36,6%, com destaques para Volkswagen Caminhões (+77,2%) e Volvo (+60,2%).

Volvo

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Volvo cresce 86,2%. Foto: Volvo

O desempenho desta sueca é destaque tanto em pesados como em semipesados. Na soma dos dois, ela cresceu 86,2%, bem acima da média do mercado como um todo (52,7%). Ela emplacou 3.537 caminhões (3.135 pesados e 402 semipesados), contra 1.900 (1.649 pesados e 251 semipesados) nos cinco primeiros meses de 2017.

DAF

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DAF está em linha continua de crescimento. Foto: DAF

Como novata no mercado brasileiro, a DAF Caminhões vem em linha de crescimento desde o início de suas atividades. Ela licenciou 692 caminhões até maio deste ano, contra 293 no mesmo período do ano passado. Como a base ainda é baixa, o percentual de crescimento é grande: 136,2%.

Daqui para frente

Considerando as expectativas, ainda falta vender mais de 38 mil caminhões. Quem vai aproveitar melhor o mercado no segmento semestre? Sabemos que problemas de produção podem impedir que algumas marcas continuem nesse ritmo de crescimento. Em razão da crise desses últimos anos, alguns fabricantes demitiram e reduziram a atividade própria e de seus fornecedores. Reativar toda a cadeia de produção é um processo mais lento do que desativar. Assim, se dará bem quem, além de ter um bom produto e bom marketing, contar com boa gestão de manufatura, cadeia de fornecedores forte e logística eficiente.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).