A quinta opção de caminhão autônomo para o agronegócio começa a ser testada pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO). O primeiro modelo apresentado ao mercado foi o Volvo VM há cinco anos, o segundo foi o Mercedes-Benz Axor, sendo a terceira opção também da marca da estrela, o Mercedes-Benz Atego (ambos em parceria com a Grunner). Esses três modelos já são comercializados, no entanto, bem-sucedidos até o momento, são os caminhões produzidos e comercializados com a Grunner. Os novos entrantes no mercado devem aumentar a competitividade, favorecendo os clientes. Na última feira Agrishow (maio de 2022), a Scania apresentou o P 280 autônomo. Agora, o VW Constellation 31.280 8×4 é revelado em testes na lavoura de cana-de-açúcar no interior de São Paulo com mais tecnologias do que os modelos já conhecidos.

Antes de seguir, vamos entender o que a Sociedade Americana de Engenheiros Automotivos (SAE) define como veículos autônomos. Segundo a entidade, a mais conceituada nas américas, há cinco níveis de automação de veículos. O nível considerado 100% autônomo, o quinto, é quando o veículo nem possui a cabine do motorista (veja no final artigos sobre isso no final deste texto). Os quatro demais níveis podem ser considerados semiautônomos ou veículos com sistemas auxiliares de condução).

Invenção brasileira

Por outro lado, existe a engenharia brasileira. O caminhão autônomo pioneiro no mundo para o agronegócio foi apresentado pela Volvo no início de 2017 e não se encaixa nas classificações da SAE, pois ele é 100% autônomo durante a operação na colheita e convencional no uso em estradas compartilhadas com outros veículos. Entendendo isso, vamos compreender os muitos benefícios do uso do caminhão autônomo durante a colheita da cana-de-açúcar. 

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O VW Constellation autônomo com câmera 360º

A tecnologia embarcada desenvolvida pelos engenheiros da VWCO permite que o caminhão, sem a atuação do motorista enquanto está ao lado da colheitadeira, seja capaz de manter a trajetória planejada, controlar a velocidade, reconhecer placas de sinalização, obstáculos e até pedestres, propiciando máxima precisão, eficiência e segurança.

Para isso, o veículo conta as tecnologias já conhecidas para qualquer veículo que exerce a mesma função. Eles contam com uma direção eletricamente assistida, que faz a interface com toda a tecnologia embarcada com sistema de geoposicionamento em tempo real (Real Time Kinematic ou RTK), rota pré-programada com precisão de 2,5 cm e com variações mínimas, impossíveis de se atingir na condução humana.

O controle da velocidade de cruzeiro, também conhecido como piloto automático, é outra das soluções obrigatórias para a segurança e precisão na operação. O sistema determina e mantém a velocidade a ser cumprida na atividade, para manter a mesma velocidade da colheitadeira. O motorista pode alterar por meio de teclas os valores de velocidade para mais ou para menos. Mesmo com o modo de condução autônoma ativado, o motorista tem o domínio de tudo: a qualquer momento, pode desativar a condução autônoma e assumir novamente o controle do veículo.

Agora, diferentemente dos modelos já conhecidos, a VWCO anuncia como inédito o uso de câmeras, que substituem os retrovisores tradicionais que oferecem uma visão 360° ao redor do veículo, além de maior visibilidade durante a operação noturna. Câmeras com visão noturna no lugar de retrovisores tradicionais já eram oferecidas pela Mercedes-Benz no Actros e pela Marcopolo na carroceria de ônibus Paradiso. O ineditismo aqui está na câmera 360 graus. 

O desenvolvimento das soluções foi realizado pelo time de engenharia do centro de pesquisa e desenvolvimento da VWCO em Resende (RJ). O trabalho contou também com as parcerias das empresas Raven para o sistema de geoposicionamento e da BMB para customização do veículo para aplicação na colheita da cana-de-açúcar, além de soluções demandadas para o tipo de operação, como os eixos de bitola larga de 3 metros.

O caminhão no lugar do trator

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Os tratores perdem para os caminhões por terem maior custo de manutenção, consumo de diesel mais elevado, menos utilidade no entre safra e menor valor de revenda

Este tipo de caminhão substitui o trator na atuação com as colhedoras de cana-de-açúcar para a operação de transbordo dentro da lavoura e, na sequência, descarregando-a nos veículos de maior porte, que são responsáveis pelo transporte até as usinas. O sistema de navegação autônoma, com precisão de 2,5 cm aliado aos eixos de bitola larga de 3 metros, asseguram um menor dano às mudas, pois conseguem dar maior precisão à operação de colheita respeitando o distanciamento de linhas e evitando o esmagamento pelos pneus das linhas onde as mudas se encontram.

No Constellation autônomo 31.280 8×4, os eixos dianteiros contam com capacidade de 8 toneladas cada, aliados a eixos traseiros de 13 toneladas cada e com redução no cubo, e totalizam Peso Bruto Total (PBT) de 42 toneladas, contando ainda com pneus de alta flutuação que reduzem a compactação do solo e aumentam a tração. Eixos de bitola larga de 3 metros, aliados à suspensão reforçada e ajustados para este tipo de operação, asseguram maior estabilidade lateral do veículo em todas as condições. O sistema de tração 8×4, somado ao motor D08 de 280 cv com transmissão automatizada de 12 velocidades, garantem a performance necessária para o tipo de aplicação. Quando o proprietário decidir revender o caminhão, ele pode ser convertido em um modelo convencional para outros tipos de aplicações.

O Constellation autônomo conta ainda com sistema de auxílio para partidas em rampa (HSA). Assim como todos os modelos para o segmento, o Constellation conta com o kit canavieiro: grade de proteção frontal “quebra mato”; escapamento vertical, pré-filtro agrícola, proteção inferior do radiador “peito de aço”; protetor de alternador contra palha; protetor térmico das tubulações do sistema pneumático (freio), tela de proteção do radiador, pontos de ar para limpeza da cabine e da grade frontal e chicote elétrico com proteção robusta, tomada de força, entre outros. SEO: Constellation autônomo.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).