Pela legislação brasileira, a picape RAM 2500 é enquadrada na categoria de caminhão por ter o PBT (Peso Bruto Total) de 4.536 kg, bem acima da linha divisória de 3.500 kg entre caminhonete e caminhão. Por isso, para conduzi-la é necessário CNH categoria C ou superior.   

A burocracia da legislação prejudica o uso da picape em cidades e estradas, pois o motorista é obrigado a seguir as mesmas regras de um caminhão. Mesmo assim, a burocracia não tem sido empecilho para o sucesso de vendas da RAM 2500 Laramie, com 2.277 unidades, principalmente, se considerarmos o preço acima de R$ 457 mil.  

Mesmo sendo uma picape voltada para o trabalho pesado, o alto padrão de luxo garante o conforto de um automóvel de luxo. Ela está na lista de desejo dos transportadores, principalmente, os que prestam serviço para o agronegócio. Por isso, fizemos a avaliação do modelo para observar o que ele tem de caminhão em robustez e força, e de luxo em comparação aos automóveis. A RAM 2500 não serve para pessoas que buscam discrição e não gostam de chamar a atenção. Ele tem uma imponência singular e impactante, e dificilmente passa despercebida.    

Motor da picape x do caminhão  

O motor turbodiesel Cummins de 6,7 litros 24V com 365 cv a 2.800 rpm e 1.086 Nm de torque a 1.600 rpm. Na motorização, a similaridade com um motor de caminhão fica apenas na cilindrada e no combustível diesel. Um motor de 6,7 litros o veículo de carga tem potência entre 256 cv e 277 cv, variando conforme o fabricante. O motor Cummins do VW Constellation 19.360 de 360 cv, por exemplo, tem 8,9 litros. A mesma relação vale para o torque. As diferenças são para que a picape tenha um desempenho em aceleração e velocidade próximas de automóvel, já que o foco não é o peso e nem a economia de combustível, mas o prazer ao dirigir. Já um caminhão com o torque similar conta com força para rodar com até 45.000 kg de PBTC. Lógico que, para isso, o estradeiro conta o trem de força, como transmissões e eixo, configurados para força e não velocidade ou aceleração rápida.  

Com isso, a velocidade da RAM 2500 pode ser elevada, mas é limitada eletronicamente a 160 km/h por questões de segurança. Vale lembrar que, nas estradas, é preciso respeitar o limite de velocidade dos caminhões. Outra opção é rodar no limite de velocidade dos automóveis e pagar a multa, e aceitar os pontos na CNH. Vale ressaltar que tanta potência e torque da picape não são para alcançar altas velocidades, mas para ter uma aceleração firme e excelente desempenho em ultrapassagens e retomadas de velocidade, o que ela mostrou muito competente. O 0 a 100 km/h fica um pouco abaixo dos 10 segundos, excelente para o peso do veículo. Tenha atenção antes de acelerar forte. Dependendo da aderência, o excesso de potência e torque somente com as rodas traseiras pode gerar alta instabilidade. Piso molhado ou escorregadio, não tenha dúvida, use a tração 4×4, aí sim! Sentirá uma picape extremamente estável e grudada ao piso.    

Caixa de marcha é outro grande diferencial entre às duas categorias de veículos. Na RAM é um câmbio automático de 6 velocidades. No caso dos caminhões, com foco em economia e força, é mais comum a utilização de caixas automatizadas com mais velocidades e relações bem diferentes.    

Tecnologias de segurança  

A lista de equipamentos de segurança é ampla. São seis airbags, controles de tração e estabilidade, controle de balanço do reboque, monitoramento eletrônico de rolagem da carroceria, sistema de alerta de frenagem, Isofix e outros.   

Sensores dianteiros e traseiros, e mais as câmeras aumentam bastante a segurança em diferentes manobras, seja para estacionar ou mudar de faixa. Aliás, o sistema de câmeras cobre todo o veículo, inclusive, toda a caçamba. Apesar do tamanho dela, com auxílio dessas tecnologias, é muito fácil estacionar fazendo baliza.   

Interior  

Os cinco ocupantes adultos contam com bastante espaço para viajar com muito conforto, e os porta-objetos estão espalhados por todos os lados. Há espaços imagináveis, como escondidos embaixo do banco traseiro, espaço para sapatos etc.    

Internamente, o que mais chama a atenção é a tela vertical sensível ao toque de 12 polegadas (30,48 cm) com muitas funções configuráveis. Há também diversas tomadas USB convencional e Tipo-C para carregamento de celulares e outros eletrônicos, e até tomada padrão de 115 V.    

A lista de equipamentos inclui bancos em couro com ajustes elétricos (10 para o motorista e 6 para o passageiro), além de ventilação e aquecimento nos dianteiros e ar-condicionado dual zone com saída traseira. O sistema de som de luxo com 9 alto-falantes e ‘subwoofer’ conta com cancelamento de ruído e o volante com ajustes de altura e profundidade, entre outros. Os vidros laminados ampliam o conforto acústicos. A janela traseira conta com acionamento elétrico.  

Caçamba  

Soluções inteligentes são presentes para o transporte de objetos. Nas laterais, a caçamba conta com dois porta-objetos, cada um podendo levar 102 litros, além de ter fechadura e sistema de segurança remoto. Não só isso. Há tomadas de 115 V e ralo para escorrer a água quando o espaço for lavado. Os estribos laterais são de série.   

RAM 2500 está sempre pronta para atalhos  

Rodamos mais de 1.300 km com a RAM e a experiência foi digna de ser filmada por ‘drone’. Como não foi programa, nos resta apenas a sensacional memória. O retorno de Belo Horizonte (MG) para São Paulo (SP), havia um engarrafamento de mais de 20 km e mais de duas horas de previsão, conforme o Waze.   

Paralelo havia uma estrada de barro como alternativa. Os motoristas de uma Ford Ranger e de uma Toyota Hilux chegaram a tentar pegar a via lateral, mas não tiveram coragem. Já com uma RAM 2500 4×4, rodas de 18 polegadas (45,72 cm), e um trem de força de caminhão, por que não? Atravessamos um matagal baixo para acessar a estrada de barro, despertando os olhares incrédulos dos motoristas dos veículos parados no engarrafamento. Esta alternativa evitou que a viagem atrasasse mais duas horas.   

Enfim, melhor do que ela deve ser somente a recém-chegada RAM 2500 e, para quem preferir uma picape RAM menor, há a 1500.   

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).