• Quantos fabricantes de caminhões e ônibus elétricos já existem na China
  • Em qual percentual e volume o mercado chinês está crescendo
  • Quais marcas são as 10 maiores e, dessas, quais estão no Brasil
  • O Brasil neste mesmo contexto
  • O desempenho dos caminhões elétricos vendidos no Brasil

Texto baseado no artigo original de [email protected], traduzido, interpretado e adaptado por mim para o interesse do transporte rodoviário brasileiro, portanto, uma nova versão em relação a visão somente sobre a China. 

Mais de 140 fabricantes estão competindo no mercado de caminhões e ônibus com uso de nova energia. Apesar da estagnação geral das vendas, os veículos comerciais de nova energia mantiveram seu ritmo de crescimento. Nos três primeiros trimestres, as vendas de veículos comerciais de energia nova atingiram 123 mil unidades, representando um aumento de 78% em relação ao ano anterior, conforme demonstrado nos estudos da Interact Analysis.

Embora muitos empresas estejam competindo no mercado, o fornecimento de ônibus e caminhões de energia nova é relativamente concentrado, com os 10 maiores OEMs juntos respondendo por 65% do total de vendas de veículos nos três primeiros trimestres do ano. Além disso, no mercado de ônibus de nova energia, os 10 principais OEMs responderam por 81% de todos os registros no mesmo período, mais do que no segmento de caminhões. Do total, 113 forneceram caminhões eletrificados, enquanto 54 OEMs entregaram novos ônibus de energia.

Embora haja uma concentração relativamente alta no mercado, a oferta é muito dinâmica e os 10 principais rankings de mercado mudam significativamente de mês para mês. Isso está ligado à demanda flutuante para diferentes tipos de veículos e destinos de vendas variados.

Conforme mostrado na tabela acima, OEMs como Dongfeng, Geely e SAIC Motor — com um foco acentuado no negócio de veículos leves, assumiram as posições de liderança, graças às fortes vendas de seus novos ônibus e caminhões leves de energia. Em contraste, devido ao lento crescimento no mercado de ônibus de energia nova de médio e grande porte, OEMs como Yutong perderam terreno e Zhongtong e BYD realmente caíram do top 10.

A Geely Commercial Vehicle, também dona da marca Volvo Cars, assumiu a primeira posição por cinco meses consecutivos, tendo se beneficiado de suas fortes vendas de veículos pesados ​​e leves. Os ônibus e caminhões leves representaram 88% das vendas totais da empresa nos primeiros nove meses do ano, com sua linha de veículos Farizon crescendo em popularidade. Além disso, a Geely Commercial Vehicle também ficou em 3º lugar em caminhões pesados, principalmente devido às fortes vendas da CAMG, subsidiária adquirida pela Geely Commercial Vehicle em 2021.

Enquanto isso, no Brasil…

Segundo dados de emplacamentos do Denatran e divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), foram registrados 626 caminhões e ônibus elétricos de janeiro a outubro de 2022. 

Nesses números não entram vendas de modelos até 3.500 kg PBT, como VW e Delivery e furgões, como Citroën E-Jumpy e Fiat e-Scudo. Abaixo desse peso, eles fazem parte da estatística automóveis.  Isso vale também para veículos elétricos de transporte de passageiros. 

Com relação ao uso de gás, foram comercializados 299 caminhões, praticamente, todos Scania e, talvez, já esteja incluso alguns Iveco. 

No mesmo período, foram comercializados 116.347 veículos pesados a diesel (caminhões e ônibus). 

No Brasil não ainda não há estatísticas confiáveis e transparentes sobre vendas de veículos comerciais elétricos. A única que existe é o número de emplacamentos conforme critérios muito amplos e uma apuração mais profunda custa horas de trabalho inviáveis, no momento. 

A Anfavea informa o número total de emplacamentos. A Fenabrave (entidade que representa as redes de concessionárias) divulga os modelos mais vendidos e, a informação que temos são as seguintes: 

JAC IEV350T — o chassi cabine  aparece na categoria de semileves da Fenabrave, porém, é um erro da entidade ao incluir o modelo, pois se trata de uma camionete com PBT de 3.200 kg. Os semileves são caminhões com PBT a partir de 3.501 kg. No entanto, o IEV350T aparece com 35 unidades vendidas no acumulado de 2022. O modelo era importado da China, mas não consta mais no site da JAC Motors Brasil, não está mais à venda. 

JAC IEV1200T — importado da China, ele é o único elétrico entre os caminhões leves no Brasil e já aparece como o quinto mais vendido, sendo os outros nove, com motorização a diesel. No acumulado do ano foram emplacadas 324 unidades. Em comparação com o modelo a diesel mais vendido, o Mercedes-Benz Accelo 1016 teve 2.619 unidades registradas pelo Denatran. O número de vendas do JAC é consideradamente positivo se considerarmos que, mesmo a energia elétrica sendo mais barata, o investimento inicial é alto, somando a compra do caminhão, da estação de abastecimento e a disponibilidade menor devido à autonomia e o tempo parado para recarga. Isso é válido para qualquer caminhão elétrico, não somente para o modelo JAC. 

VW e-Delivery — primeiro caminhão 100% desenvolvido pela engenharia brasileira, em Resende (RJ) e testado por mais de 2 anos pela Ambev em operações reais na distribuição de bebidas na cidade de São Paulo. A Ambev já conta com mais de 100 unidades em uso e mais cerca de 1.500 encomendados à Volkswagen Caminhões e Ônibus, além de unidades já estarem sendo exportadas para operadores da Ambev em outros países da América Latina. A Coca-Cola Femsa Brasil já conta 31 unidades em operação. Neste ano, foram entre 124 unidades no acumulado do ano, mas o modelo sobre críticas pelo preço, que pode chegar a quase três vezes que um JAC IEV1200T. Para justificar o preço maior, a VWCO explica que o PBT do caminhão dela parte de 11.400 kg e com carga útil de 7.020 kg (com três baterias) e 6.450 kg (com seis baterias). A suspensão do e-Delivery é pneumática no eixo traseiro  e parabólica no dianteiro, para garantir maior durabilidade das baterias e, também, sistema de controle térmico. Isso porque as baterias, qualquer uma, são sensíveis a impactos, vibrações e variações de temperaturas. Além disso, a suspensão pneumática aumenta o conforto para os usuários e segurança para a carga. Além da cabine bastante superior, a VW garante 300 kW (408 cv) de potência do motor, torque de 2.150 Nm, banco do motorista com suspensão pneumática, e freios superdimensionados para o PBT do caminhão. 

Falta fabricantes

Como já publicado em outro artigo, mesmo considerando a diferença populacional entre China e Brasil. Portanto, o mercado de veículos comerciais elétricos brasileiros representa 0,38% da China. Já a nossa população é equivalente a 15% da chinesa. 

A quantidade de OEMs de veículos comerciais de carga leves e pesados já passa de 140. No Brasil, fabricante brasileiro, temos apenas a Volkswagen Caminhões. Como importadores, temos BYD, JAC Motors, Citroën e Fiat. Há novos OEMs se preparando para entrar no mercado.  

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).