7900: Volvo 100% elétrico é limpo e eficiente

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“Andar de ônibus deve ser agradável. Os passageiros devem ter uma experiência positiva e poder fazer uso de seu tempo a bordo de forma construtiva”, diz Dan Frykholm, diretor de design da Volvo Buses, na Suécia. Esse conceito ainda é um sonho distantes para os usuários de transporte público urbano no Brasil.

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Mas a TRANSPORTE MUNDIAL foi a Gotemburgo, na Suécia, para conhecer a Rota 55 com ônibus Volvo 7900 Electric (100% elétrico) e Volvo 7900 Electric Hybrid (híbrido-elétrico), onde a qualidade sonhada pelo brasileiro é realidade. A boa notícia é que a Volvo do Brasil está trabalhando em projeto similar para breve, que será iniciado na cidade de Curitiba (PR).  

A Rota 55 liga duas universidades (Lindholmen e Chalmers) e passa pelo centro da cidade em um percurso de 8,5 km. O projeto de eletromobilidade, lançado há um ano, chamado de ElectriCity, é conduzido pela Volvo e outros parceiros. O ônibus 100% elétrico tem previsão de ser produzido em série e lançado comercialmente em 2017. 

Na rota estão rodando três protótipos do ônibus elétricos e sete híbrido-elétrico (com motores elétrico e a diesel). Após este primeiro ano de experiência, os coordenadores do projeto já fazem a projeção do resultado em termos de custos: de 5% a 10% mais caro após o período de oito anos. 

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Um 7900 Electric custa 65% mais que um convencional, porém essa diferença vai sendo abatida com o baixo custo da eletricidade, vinda de fontes  renováveis, como eólica e hidrelétricas, com custo 80% menor do que o diesel. Executivos da Volvo também lembram que hoje o preço do ônibus elétrico é 65% maior, mas com o tempo a diferença diminuirá e pode até deixar de existir. 

Já os benefícios para a qualidade de vida em uma cidade são gigantescos, e não só em questões ambientais, mas também em conforto para os passageiros, motorista e para todas as pessoas que moram ou trabalham no percurso da rota, devido aos ganhos em redução de poluentes e ruídos. Para se ter uma ideia, de 0 a 30 km/h, a emissão de ruídos é de 8 a 10 decibéis. A partir dos 30 km/h, o ruído predominante é dos atritos da carroceria com o vento e dos pneus com o solo. Porém, nas cidades, poucas vezes o ônibus roda acima de 30 km/h.  

A tecnologia utilizada pela Volvo envolve fornecer toda a infraestrutura para a cidade, com parceiros como Siemens e ABB. Os ônibus utilizam bateria de carregamento rápido, cerca de seis minutos, e suficiente para rodar 20 km. A vida útil das baterais é estimada, numa hipótese pessimista, de seis anos. Cada modelo 7900 Electric utiliza quatro baterias de 360 kg cada. O 7900 Electric Hybrid utiliza uma bateria só, pois ele tem ainda o peso do motor a diesel. Nesse caso, há o gerenciamento automático, por meio de cercas eletrônicas, onde o híbrido-elétrico pode e não pode ligar o motor a diesel. Por exemplo, nos pontos finais e percursos com grande circulação de pedestres, como o centro da cidade, os híbridos funcionam somente com o motor elétrico. 
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O carregamento das baterias é feito em estações nos pontos finais por meio de catenárias pantográficas que se conectam com o ônibus enquanto ocorrem o desembarque e o embarque dos passageiros. Por questão de segurança, a recarga das baterias do ônibus é feita em cada perna da viagem (8,5 km). O sistema de carregamento detecta a chegada do ônibus no ponto final e faz o encaixe da catenária pantográfica. Logo é feita toda a análise do sistema elétrico do ônibus. Se tudo estiver correto, identifica se é um modelo Electric ou Electric Hybrid, então é feito o carregamento das baterias. 

A autonomia de 20 km inclui todos os mímos que o ônibus oferece aos passagerios, como ar-condicionado, Wi-Fi e tomadas para carregamento de smartphones e tablets. Outro fato interessante e que torna as viagens mais rápidas são os semáforos no percurso, que vão abrindo com a proximidade do ônibus, pois ele tem prioridade em relaçãos aos demais veículos. 

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Os pontos finais, por duas razões, são ambientes totalmente fechados. Uma é para o passageiro se acostumar com o silêncio que será sentido durante a viagem, e a outra é por questões climáticas, já que o país passa por longos períodos de intenso inverno. Por serem fechadas as estações, no seu interior podem oferecer diversas conveniências, como café e serviço de postagem, entre outras. Estações fechadas não seriam possíveis com um ônibus a diesel. O elétrico pode entrar, inclusive, em edifícios e até em hospitais sem gerar nenhum incômodo.

CARROCERIA COMPLETA E CONFORTÁVEL
Quando se pensa na qualidade de vida dos passageiros e da viagem, deve-se pensar também na carroceria do ônibus. Para a Rota 55, o ônibus elétrico utiliza uma carroceria de 10,7 m de comprimento com capacidade para 86 passageiros. A carroceria foi pensada para ser um ambiente agradável para os ocupantes, com portas largas de fácil acesso para cadeirantes e carrinhos de bebê.

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O interior é claro e arejado, com combinações de cores harmoniosas e bancos confortáveis, e o estofamento feito de lã pura. “Para criar um sentimento de conforto e espaço no interior, temos um teto em arco de acrílico com iluminação oculta para um ambiente mais agradável”, explica Dan Frykholm. Na parte dianteira, existem vários assentos que podem ser recolhidos e travados nesta posição para o tráfego na hora do rush, quando há necessidade de mais espaço para passageiros em pé.  

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).